TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ele estava de férias?


Algumas tragédias não são de responsabilidade humana. Como no caso das tsunamis ou dos terremotos, como o último que ocorreu no Haiti. Outras tem a responsabilidade humana direta: o caso das mortes recentes por causa das chuvas no Estado do Rio de Janeiro ou em São Paulo. A culpa é da nossa sociedade que permite a situação chegar ao ponto em que chegou. Assim também é no caso da miséria. Não dá para culpar um deus ou qualquer divindidade. A responsabilidade é dos homens e mulheres. Situados historicamente, claro. Não é uma questão de "natureza humana" e sim de como as sociedades se organizam. 

Por exemplo, a culpa da escravidão não é dos "homens e mulheres" de uma época. Não apenas isso. É dos senhores de escravos de uma época. 

Mas a própria invenção de que existem deuses ou um deus é responsabilidade humana.  Inventam que existe um deus e depois querem jogar toda a responsabilidade nele? Ou pior, querem atribuir todo o universo, tudo o que existe, a transcendência desse ser superior etc etc e quando vem as tragédias, aí a culpa não é desse ser superior? 

Isso me lembra o teorema de Voltaire, que colocava a questão da seguinte maneira: Se deus é bondoso, onisciente e onipotente, quando acontecem tragédias como explicar a postura dele? 

Se ele é onisciente e sabe tudo o que virá, sabe o antes, o agora e o depois, porque não avisa? Se ele sabe tudo e não avisa, não é bondoso. Mas se ele não sabe tudo, então não é deus... 

Se ele é onipotente, pode tudo e não faz nada, lhe falta bondade do mesmo modo. E um deus que não é bondoso já ficou pra trás, lá no velho testamento... 

Mas e se ele não sabe tudo? Então não pode ser um deus... 
Mas e se ele sabe tudo, pode tudo e não faz nada?
 Deixa criancinhas morrerem de fome, de peste, da guerra ou soterradas? 

O problema não está nele, afinal ele é um produto humano. O problema está na imposição de uma ideia, que se coloca como a salvação para a humanidade. O problema está nos fabricantes de religião, não na crença individual das pessoas. Cada um que acredite no que quiser. O problema está nessa mistificação que por mais que passe o tempo continua a não resolver em nada nossos verdadeiros "problemas". 
Nas tragédias, os fabricantes de religião e os propagandistas dos deuses ou do deus bonzinho  não mostram a cara. Não vão lá explicar o que ocorreu. Alguns vão até lá ajudar. 

Mas não explicam nada. Apenas apostam no esquecimento disso. Ou nos condenam ao "inferno" por essas "blasfêmias".  
    

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