TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 20 de abril de 2011

“Fetiche” – José Nilton Mariano Saraiva

Grosso modo e sem maiores delongas, sob a ótica da Ciência Econômica “fetichismo” seria o artifício de se “dourar a pílula”, valorizando um determinado produto ou mercadoria (aplicando-lhe um caprichado “banho de loja”), agregando-lhe, consequentemente, um valor simbólico ou irreal, calcado na mais pura fantasia, e estimulando, assim, pessoas dos mais diferentes extratos sociais (mesmo aqueles que não têm onde cair morto) a o adquirirem avidamente (pra consumo ou pra presentear alguém), em conformidade com a bem elaborada ditadura do marketing.
O exemplo acabado e perfeito de tal definição se nos apresenta exatamente nesta época de Semana Santa, quando as grandes redes de supermercado literalmente bombardeam os consumidores, via telinha, apresentando-lhes desde o “suculento” processo de produção até a exibição de gôndolas apinhadas de “ovos-de-pascoa” dos mais diferentes e variados matizes, privilegiando: embalagens chamativas e atraentes, tamanhos variados, ovos com com recheio ou não (normalmente um vagabundo “sonho de valsa” de R$ 0,50), e por aí vai. E haja exploração em cima do pobre e indefeso coitado.
E, no entanto, se nos déssemos ao trabalho de friamente analisar a relação “custo-benefício” embutida em transações da espécie, constataríamos a mais absoluta e pura “enrolação”, a desonestidade em essência, bastando para tanto nos darmos conta que uma simplória barra de chocolate, também embalada com esmêro, com o mesmo peso do tal “ôvo-de-pascoa” e de valor nutrivo semelhante, poderá custar a metade do dito-cujo.
Isto posto, não há como deixar de reconhecer que sábio foi o Marx, que lá atrás já profetizara, definitivo: “...o fetiche relaciona-se à fantasia (simbolismo) que paira sobre o objeto, projetando nele uma relação social definida, estabelecida entre os homens”.
E aí, vai um ôvo-de-pascoa, no capricho (de 100 gramas e custando os olhos da cara) ??? Com ou sem recheio especial ??? Quer embalado pra presente ou vai deglutí-lo aqui mesmo ???

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