TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 2 de maio de 2011

“Prova provada” – José Nilton Mariano Saraiva

Com convicção, à época, em mais de uma oportunidade afirmamos aqui (e nunca é demais repetir, insistir e persistir), que a criação da tal Região Metropolitana do Cariri não passava de um teatro mambembe, de uma farsa grotesca, de um engodo sem precedentes, porquanto, lá atrás, já houvera sido decidido que Juazeiro do Norte, ao sul, e Sobral, ao norte, seriam os municípios que recepcionariam os principais investimentos do Governo do Estado do Ceará; às pobres e decadentes cidades adjacentes seriam encaminhadas as sobras, os refugos e as migalhas do que sobrar, porquanto meros satélites a vagar na órbita das duas “metrópoles”.
Pois é, não deu outra, pra decepção daqueles que levaram na ironia. Querem um só exemplo, a “prova provada”, a materialização do afirmado ??? Vamos lá: autocraticamente, vapt-vupt, em tempo recorde, sem maiores explicações, delongas ou justificativas, o poder público estadual escolheu a área, adquiriu o terreno, disponibilizou uma grana respeitável, ergueu, equipou e inaugurou um portentoso Hospital, que “batizou” de Regional do Cariri, em ... Juazeiro do Norte (como também já está ultimando a unidade de Sobral).
Como, no entanto, os serviços das duas unidades acima referenciadas (que estão sendo entregues à população) não atingem os municípios localizados na “região central” do Estado (inviabilizando o atendimento às populações respectivas), esse mesmo Governo deverá construir um novo “Hospital Regional” que contemple os diversos municípios que a compõem (a Região Central e o Inhamuns), dentro de uma tal política de interiorização da saúde. Só que aqui, diferentemente do ocorrido lá, a autocracia será deixada de lado e a escolha será um tanto quanto diferente, porquanto mais honesta e democrática: dentre os 20 municípios que formam aquela região (com uma população estimada em 612 mil pessoas), os quatro mais populosos e importantes economicamente (Quixadá, Quixeramobim, Canindé e Boa Viagem, de acordo com o IBGE) foram antecipadamente escolhidos pra se habilitarem a recepcionar a nova unidade de saúde, cuja definição e escolha da localização definitiva deverá ser feita através de uma eleição com os prefeitos e presidentes das Câmaras Municipais dos 20 municípios, na condição de votantes. Assim mesmo, “sem cantar a pedra antes do tempo”. Democraticamente.
A pergunta que se impõe, então, é: por qual razão, na Região do Cariri, não se adotou o mesmo critério, o mesmo modo operandi, a mesma sistemática, qual seja, uma pré-seleção das suas principais cidades (Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Brejo Santo) com a conseqüente e democrática escolha de uma delas, através de votação dos prefeitos e presidentes das Câmaras Municipais dos mais de 30 municípios que a compõem ???
Elementar, meu caro Watson !!!
Falta-nos (ao Crato, especificamente) o “componente político”, poder de barganha, prestígio, competência, parcerias e, principalmente, um mínimo de relacionamento da autoridade municipal com quem tem a caneta à mão (em termos de Estado e União).
Será tão difícil assim, pra quem tem um mínimo de discernimento, enxergar o “óbvio ululante” ???

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