Neste domingo 24 de julho de 2011, lia na página da UOL na Internet que restaurante Fome Zero, em Maceió, nas vésperas de ser inaugurado ainda não tem paredes. Este o gancho principal da notícia, a ausência de paredes no restaurante para ser inaugurado no programa do Governo. O restaurante, orçado inicialmente em R$ 1,3 milhão, deveria fornecer mil refeições diárias a R$ 2 cada uma e ser instalado no bairro Benedito Bentes, na periferia da capital alagoana, diz a matéria.
E eu, nessa mania que a gente tem de querer deixar seguir o pensamento, animal desengonçado que fica pisando os cascos à procura das estradas, lembrei a história de um médico humanitário, Dr. Albert Schweitzer, quando chegava ao Gabão, país miserável da África.
Impressionado com o quadro reinante naquele lugar, quis, a todo custo, servir os doentes que encontrara, porém meios não possuía. Cuidou, então, de improvisar consultório num antigo galinheiro das imediações e providenciou o trabalho de atendimento aos pacientes, ainda que vivesse obstáculos sérios de clima hostil e limitações de higiene. O próprio idioma lhe era desconhecido. Sem os instrumentos, remédios, macas, tratava de mais de 40 enfermos diários, enquanto desenvolveu linguagem em que pudesse transmitir o Evangelho, pois também era um missionário religioso.
Nesses mundos burgueses de agora, no entanto, paraísos cheios de falsas riquezas, é quase comum encontrar construções monumentais de obras faraônicas para instalar órgãos públicos, criação de empreiteiros e políticos, depois largadas ao relento, a exigirem verbas de manutenção escassa.
Houvesse justos e melhores critérios na edificação dos bens coletivos, e os dinheiros dos impostos e das taxas mereceriam zelo da parte de quem os administra. Milhões, bilhões, restam enterrados nessas ruínas douradas e mal dimensionadas. O cidadão, em consequência, padece vítima dos descasos administrativos de toda ordem que se repetem como rotina.
Em resumo, só resta imaginar a longa jornada que espera mentalidades que respeitem à consciência, que, decerto, virá pela frente na história das necessidades humanas.
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