TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Por que mudou ??? Mudou por que ??? – José Nilton Mariano Saraiva

“Há tempos o Crato batalha para que o aterro sanitário consorciado da Região Metropolitana do Cariri fique em nosso município, o que traria inúmeros benefícios”.
Este, um dos trechos da matéria divulgada meses atrás num dos blogs da Região do Cariri, tratando de “aterros sanitários” (com o aval positivo do prefeito do Crato), conforme depreende-se da leitura abaixo; num segundo momento, o vice-prefeito do Crato andou pelo sul-sudeste do país, conferindo in loco os “benefícios” que adviriam da implantação de tal instrumento na cidade (também objeto de reportagem do blog, inclusive com fotos).
Hoje, estranhamente, e desdizendo o que dissera antes, a grita é generalizada, todo mundo diz ser do contra, armou-se um verdadeiro circo pra tratar do tema e os cratenses se perguntam atônitos: por que mudou ??? mudou por que ???
No mais, permitimo-nos, ao final, relacionar os “benefícios” (???) que o Crato receberá se aceitar receber tal “presente” (os grifos são por nossa conta).

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(Transcrição – ipsis litteris - de trechos da matéria do blog):

“NE - Os aterros sanitários consorciados são a última palavra em tecnologia de reciclagem de lixo, pois evitam poluir o meio-ambiente. O lixo é colocado em locais onde atravessa inúmeras camadas de diferentes materiais, até ser completamente transformado em substâncias inertes e não nocivas às populações. HÁ TEMPOS O CRATO BATALHA PARA QUE O ATERRO SANITÁRIO CONSORCIADO DO DA REGIÃO METROPOLITANA DO CARIRI FIQUE EM NOSSO MUNICÍPIO, O QUE TRARIA INÚMEROS BENEFICIOS. O investimento é da ordem de 12 milhões de reais, e tem como parceiros o Banco Mundial e o Governo do Estado do Ceará”.
“O presidente do aterro consorciado, Samuel Araripe, prefeito do Crato, afirma que já houve avanços representativos em relação ao aterro consorciado. A parte de legislação do consórcio já está pronta, diretoria constituída, e a parte de legislação já passou pelo Poder Legislativo. O prefeito destacou a dificuldade de escolha do terreno, por conta da legislação, que impede que o aterro seja construído a menos de 20 quilômetros do aeroporto. "Isso dificulta a construção do aterro em Juazeiro e parte do Crato", explica”.
”Segundo o prefeito, a maioria das pessoas ainda tem uma idéia equivocada em relação ao aterro. Ele destaca ASPECTOS POSITIVOS COMO A ECONOMIA DE TRANSPORTE PARA A CIDADE QUE SEDIAR O PROJETO, AUMENTO NA ARRECADAÇÃO DO ICMS ECOLÓGICO E PERSPECTIVA DE CONSTRUÇÃO DE UMA USINA DE GERAÇÃO DE ENERGIA, O QUE JÁ SE TORNA FACILITADO”.
Samuel Araripe define como um grande negócio para um Município sediar: "Espero de fato que saia do discurso para a prática, porque o consórcio foi constituído há dois anos", ressalta. Segundo Samuel Araripe, a filosofia de implantação do aterro é perfeita, mas é importante definir a responsabilidade direta de cada integrante. Há três propostas de gerenciamento: na primeira, os próprios Municípios gerenciam; na segunda, a atribuição fica para o Estado; na terceira, entra o setor privado. "Em última instância, como consorciado, afirmo que O CONSÓRCIO DEVE SER ADMINISTRADO PELOS MUNICÍPIOS”, defende êle.

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Aqui, ALGUMAS VERDADES SOBRE OS ATERROS SANITÁRIOS

01) Há necessidade de um grande investimento para sua implantação e manutenção; 02) A fermentação e digestão da matéria orgânica pelos micro-organismos anaeróbios geram gases altamente nocivos à atmosfera, além do chorume, líquido poluente e mal cheiroso. 03) O material plástico, contido no lixo do aterro, que não é biodegradável, permanece incólume, criando bolsões de gases e condições de deslizamento das camadas componentes do aterro; 04) Inutilização de grandes áreas em locais valorizados próximos às cidades que nunca mais poderão ser utilizados, senão para cobertura verde; 05) Necessidade de investimento em equipamentos pesados como tratores, caminhões e retro escavadeiras para operar o aterro; 06) Elevado custo operacional para cumprir as condições operacionais mínimas obrigatórias; 07) Tempo de uso limitado, obrigando a busca permanente de outras áreas para novos aterros; 08) Poluição da atmosfera pela exalação de odores fétidos num raio de vários quilômetros; 09) Riscos permanentes de poluição dos mananciais subterrâneos; 10) Necessidade de permanente incineração dos gases emanados pelos drenos constituídos principalmente pelo gás metano, vinte e uma vezes mais poluente que o gás carbônico.
Outrossim, há que se atentar que a impermeabilização permanente de um aterro sanitário é uma tarefa de engenharia impossível porque, até a presente data, nenhuma tecnologia criou uma superfície capaz de conter a infiltração de forma permanente. A argila forma uma superfície filtrante, deixa passar água e quem nos garante que o lençol de material, através da ação química ou bioquímica provocada pelo contato com o chorume, escorra ? Um determinado material poderá conter a infiltração da água por algum tempo, porém, mais cedo ou mais tarde esta camada de proteção irá ceder, permitindo a passagem da água que irá transportar os metais pesados contidos no lixo do aterro para os lençóis freáticos. Regiões pobres e carentes em recursos hídricos não podem e não devem correr o risco de contaminar, de forma irreversível, os seus já escassos recursos. Assim, os aterros sanitários são soluções paliativas. Visam apenas camuflar o grande problema do lixo, empurrando-o para as gerações futuras, que terão de enfrentar verdadeiras bombas de retardo, detonáveis a qualquer momento.

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