TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 16 de outubro de 2011

do outro lado do jardim

Deve ter morrido aquela rosa lilás
no canteiro perto da garagem.

Nunca mais desci a escada e tratei do seu ferimento.
Tinha ela na orelha esquerda uma mordida
de gafanhoto e outra de borboleta.

As rosas cruelmente são esquecidas
quando os poetas só têm olhos
pras suas botas.

As rosas não entendem que a etérea beleza das suas pétalas
é um insulto à ressaca do solado das botas -

tampas de cerveja
pregadas em chicletes.

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