TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mera "similaridade" ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Usando de certa “sutileza” (na verdade, de araque), já que intimamente tenta mesmo é nos fazer de idiotas, e aparentemente sem querer, mas, implicitamente, muito querendo (“...não quero dizer que estes personagens infelizes estão sendo castigados”), numa postura vil e flagrantemente desrespeitosa, o Bispo Auxiliar de Aracaju, Dom Henrique Soares da Costa usou a mídia pra tentar (de forma enviesada) “evangelizar” os incautos de plantão, ao estapafurdiamente misturar assuntos tão díspares (tal qual alhos e bugalhos), ao insinuar de forma maliciosa que a grave moléstia (câncer de próstata) que acometeu o ditador venezuelano Hugo Chávez, bem como a derrota nas urnas sofrida pelo primeiro ministro espanhol Luis Zapatero teriam sido motivadas (é vero, senhores, acreditem !!!) porque “...estes personagens demonstraram desprezo por Deus, embriagados de si próprios e se julgaram acima do próprio Deus, como senhores do bem e do mal” (nessa toada, os ateus, descrentes e agnósticos da vida, à frente FHC e sua soberba, que se cuidem, pois pra eles estariam reservados os “quintos dos infernos” e mais alguma sobra).
Agora, aqui pra nós (e pelas barbas do profeta), o que mesmo a (in)religiosidade (ou a presumível ausência da manifestação de crença de alguém num ser supremo) tem a ver com o padecer terreno ou o contrair algum tipo de moléstia grave, à qual todos os falíveis e frágeis seres humanos estão sujeitos ??? Ou será que o simples manifestar de uma crença qualquer (ou o reconhecimento público e às vezes hipócrita e conveniente da existência de um ser superior) configuraria um espécie de bilhete premiado, “passaporte-divino” pra imunidade físico-orgânica, a doença do ser humano ???
Se bem que o tal religioso, ao reconhecer a heresia cometida, ainda tentou tirar o braço da seringa, corrigir as asneiras que professara antes, desdizer o que dissera ou reparar o estrago provocado, ao vociferar que “...não quero dizer que estes personagens infelizes estão sendo castigados. Não! Longe de mim pensar isto, pois gente muito boa, grandes amigos de Cristo também sofrem, perdem eleições e adoecem gravemente”.
Afinal, em sendo assim, como justificar a circulante e lamentável notícia (terá mesmo fundamento ???) de que determinado religioso de uma cidade do interior do Ceará estaria travando uma batalha ferrenha contra a morte, porquanto sofrendo da mesma gravíssima doença que acomete o presidente venezuelano Hugo Chávez ??? Será que é porque ele também se julga “...acima do próprio Deus, como senhor do bem e do mal”, como lá atrás sugerido pelo Bispo Auxiliar de Aracaju ??? Ou será que, aqui, o pau que bate em Chico não é o mesmo que bate em Francisco ???
De nossa parte – e já tornamos isso público sem qualquer constrangimento – pela mesma traumática experiência passamos (e sujeito estamos a uma possível recidiva e outras tantas), e nem por isso mudamos de conceito ou arredamos um milímetro do nosso entendimento (baseado na leitura e pesquisa sobre) de que o “RELIGIOSO” Cícero Romão Batista foi em verdade um grandessíssimo charlatão, e que, ao ingressar na política (por força da sua expulsão da Igreja Católica, em razão da farsa conhecida como o “milagre da hóstia”), aproveitou pra repentinamente tornar-se um dos homens mais ricos da paupérrima e sofrida Região Nordeste do Brasil, sem que até hoje alguém saiba apontar a origem (ou a generosa fonte) dos recursos que lhe permitiram amealhar um patrimônio tão expressivo (e o fato de entendermos assim e de expressarmos publicamente, não configura nenhuma falta de respeito para com os milhares de adeptos do próprio, como tampouco objetiva sensibilizar alguém a empunhar tal bandeira, até porque não temos vocação para a catequese).
Sim, porque objetivamente falando, não existe nenhuma evidência palpável sobre os supostos milagres atribuídos a Cícero Romão Batista (o principal, o tal “milagre da hóstia”, a própria Igreja Católica se encarregou de “detonar”, ao rotulá-lo de embuste), enquanto que relatos em que permeiam a subjetividade e, portanto, sem qualquer consistência ou prova factual, são narrados por seus simpatizantes como prova de “milagres” definitivos, tais quais: a vitória de um filho no vestibular (mesmo que o coitado tenha “se matado” de estudar durante toda uma vida), seria um “milagre”; ou o fato do marido-alcoólatra repentinamente abandonar a “marvada” (conforme depoimento recente de uma devota) seria uma graça ciceriana; ou a cura de uma doença qualquer, apesar do uso de toda uma parafernália científica e do consumo de uma montanha de remédios, se configuraria uma outra proeza de Cícero Romão Batista. Caberia, então, o questionamento: seria a fé (ou o exacerbado fanatismo daí derivante) “irmã-siamesa” da subjetividade ??? Quem se habilita a tratar sobre ???
Uma outra indagação, aparentemente franciscana, mas séria ao extremo e para a qual os adeptos de Cícero Romão Batista viram a face ou fogem como o capeta da cruz (já que de resposta um tanto quanto difícil de ser arquitetada), seria: existiria alguma diferença, mesmo que tênue, entre o “modus operandi” usado lá atrás pelo “POLÍTICO” Cícero Romão Batista e os métodos hoje utilizados pelos Renans, Temmes, Lupis, Sarneys, e Malufs da vida ??? Ou seria mera “similaridade” ??? Afinal (e é necessariamente relevante que se questione), como alguém, oriundo de uma família paupérrima (assim como alguns dos políticos atuais) conseguiu da noite pro dia, “vapt-vupt”, tornar-se um homem “podre de rico”, sabendo-se que a renda auferida por ele, numa atividade não lá muito rentável, o sacerdócio (mesmo que durante anos) jamais guardou compatibilidade com o extraordinário e descomunal patrimônio obtido ??? Seria este o verdadeiro milagre patrocinado por Cícero Romão Batista ???
Além do quê (e tocar em tão “delicado” tema parece ser um “pecado mortal”, passível de punição exemplar pra quem ousar), depõe contra Cícero Romão Batista o fatídico destino da pobre Maria de Araújo, a sua “ajudante-de-ordem” na “encenação” do tal milagre da hóstia, já que ninguém consegue determinar com um mínimo de precisão o motivo da sua “causa mortis”, assim como é difícil se saber a razão ou o “porque” dos paninhos contendo o seu sangue terem sido reduzidos a cinzas, e posteriormente jogadas ao vento.
À famigerada, surreal e esfarrapada desculpa de que tal patrimônio teria sido resultante de “doações voluntárias” (por que não usar a figura do dinheiro não contabilizado, do caixa 2, das sobras de campanha e por aí vai) nos remeteria de pronto a uma figura “expert” no assunto, um tal Delúbio Soares. E aí, teríamos de volta (e com força) a indagação de sempre: seria mera “similaridade” do modus operandi entre os dois personagens ???

2 comentários:

Unknown disse...

Desculpe-me, mas chamar o Hugo Chávez de ditador? Ele foi reeleito num processo livre, e não se pode confundir o combate que ele faz ao "livre comércio" com um combate às liberdades.

jose nilton mariano saraiva disse...

Darlan,
Concordamos em genero, número e grau com você.
Mas... sabe aquela velha máxima de que "o uso continuado do cachimbo deixa a boca torta" ???
Pois é...