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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Novo centro da cidade de Crato

Na página 207 do livro “Efemérides do Cariri”, do Dr. Irineu Pinheiro, consta, entre outros, o seguinte registro histórico:

“1917, 14 de Dezembro – Inauguração, no Crato, da Avenida Siqueira Campos, assim chamada em homenagem ao coronel Manuel Siqueira Campos, por ter este iniciado o calçamento das ruas da cidade, à suas expensas. Era prefeito municipal o coronel Teodorico Teles de Quental.”.

Das décadas de 1930 a 1960, dado as iniciativas de algumas administrações municipais, somadas aos arrojos urbanísticos de Júlio Saraiva Leão, João Ranulfo Pequeno e Mestre Dozinho, entre outros, os destaques arquitetônicos da cidade de Crato foram: suas calçadas e ruas (famosas por serem largas), as concepções aconchegantes de suas praças e o princípio modernista aplicado nos seus monumentos e prédios.
Com a funcionalidade harmônica dessa estrutura, nosso município passou a ser objeto da admiração não só da população local e circunvizinha, mas, inclusive, de outras de várias partes do Brasil.

Passados os anos, em face do crescimento demográfico, do aumento da frota de automóveis, do vandalismo, da demolição e da desfiguração indiscriminada concentrada no conjunto dessa obra, e, por fim, do descaso de algumas administrações estaduais e municipais em relação às ações desse todo, o centro do Crato, Município Modelo, deixou de ser alvo da consagração popular.

2011...

Eis, porém, que nesse ano surgiu uma importante novidade para a população cratense. Vide, abaixo, os anúncos contidos nas placas dos governos Estadual e Municipal:

Governo do Estado: “Requalificação das Praças Centrais do Crato por meio de recursos obtidos através do Governo do Estado/Secretaria das Cidades junto ao BIRD”. Construtora: Borges Carneiro LTDA.

Prefeitura Municipal do Crato: “Requalificação das Praças Centrais do Crato por meio de recursos obtidos através do Governo do Estado/Secretaria das Cidades e Prefeitura Municipal do Crato junto ao BIRD”. Construtora: Borges Carneiro LTDA.

Este projeto, que devolveu o belo-estético da nossa cidade, é de autoria do Dr. Alexandre Landim. Além das praças Juarez Távora e Siqueira Campos (obras concluídas) e Sé e Alexandre Arraes (próxima etapa), desde já ele melhorou radicalmente o centro das cidades, em especial as ruas Dr. João Pessoa e Dr. Miguel Limaverde.

Especificando-o:

Nas praças - Juarez Távora e Siqueira Campos (ambas concluídas), foram reprojetados os acessos, os jardins, os bancos, a iluminação e os pontos para as colocações de estátuas, relógios e esculturas. Novas ideias implementadas: estrutura de lazer com jogos de mesa, cabines telefônicas, lixeiras de reciclamentos, rampas de acessibilidade e, com a eliminação de algumas ruas, os aumentos das áreas dessas praças. Destaques especiais: na Siqueira Campos – Criação de um belíssimo espaço destinado ao uso das manifestações públicas. Na Juarez Távora – O resgate do Obelisco em todo o seu esplendor, inclusive com iluminação direcionada, ação essa que voltou a dignificar o registro histórico do Centenário da Cidade, como também reavivou a autoestima e o orgulho de todos os cratenses.

Nas pistas das ruas – Novo saneamento e a regularização das ligações da água junto aos pontos comerciais. Novas ideias: assentamento do piso de bloquete de cimento, do tipo intertrava, assim como as redefinições do fluxo e do estacionamento de automóveis nessas artérias. A beleza adquirida passou a ser mais ampla, harmônica e funcional.

Nas calçadas – Valorizando o homem em relação à máquina, esses passeios, que já eram afamados por serem largos, foram aumentados nas suas dimensões, inclusive com trilhas específicas para uso dos deficientes visuais. O resgate romântico da urbanização se deu por conta do reassentamento do piso tradicional de mosaico de furinhos que, ao longo das ruas, foi intercalado por bancos e jardins vindo a proporcionar, além do encantamento, o descanso e o deleite para os transeuntes.

Ou seja, além da iluminação especial que está sendo implantada, tanto nas praças como nos monumentos e ruas, tudo que foi feito assemelha-se, com funcionalidade para as nossas características e necessidades, à tendência e ao padrão urbanístico prático existente em importantes cidades da Europa, Estados Unidos e do Sul do Brasil.

Não poderíamos deixar de aproveitar esta oportunidade para chamarmos as atenções das autoridades municipais, dos lojistas e de toda a população cratense para que, doravante, repensem suas responsabilidades e seus hábitos de educação em relação a tudo que está sendo implantado nesses espaços públicos da nossa cidade.

Por exemplo:

Da administração municipal - Exigimos, além da eficácia nas aplicações da segurança, da limpeza e da manutenção, a proibição da fixação abusiva, em todo o ambiente, dos pontos de vendas ambulantes.
Torna-se imperativo também coibir os avanços, sobre as calçadas, dos mostruários das lojas. Através do Zona Azul, eliminar o intolerante mando territorial dos “Flanelinhas”. E, por fim, manter o combate rigoroso da poluição áudio/visual causada pelos altíssimos decibéis dos carros de sons e pela inadequação dos cartazes, faixas e pichações fixadas e desenhadas ao longo desses logradouros.

Dos lojistas/CDL: Dado a nova glamorização estrutural das praças, ruas e calçadas, que repesem e modifiquem os leiautes externos de seus estabelecimentos relativos às vitrines e placas de anúncios. Em muitos casos, além da discrepância e incompatibilidade com o meio moderno implantado, essas referências de anúncios estão agindo como elementos de antipropaganda de seus negócios.

Da população: que assuma nova postura de civilidade para que o vandalismo e a falta de educação doméstica (jogar lixo no chão é a pior delas), entre tantas outras que danificam e denigrem a nossa cidade, passem a ser coisas do passado.

Reforma estrutural no centro de qualquer cidade do mundo gera polêmica por parte dos habitantes do lugar. Isso é bom e faz parte do processo. Resta agora a todos nós exigirmos dos governos Federal, Estadual e Municipal a conclusão da reconstrução do Canal do Rio Grangeiro. Neste caso está em jogo não só a beleza urbana da nossa cidade, mas, sobretudo, a segurança da população e de todas as demais estruturas de comércio e administração existentes à margem desse importante curso fluvial.


Roberto Jamacaru de Aquino

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