TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 31 de março de 2012

Adeus genial Millôr!

Inscrições abertas para 14° Mostra SESC Cariri de Culturas




O SESC convida os artistas a inscreverem propostas para participar da 14ª Mostra SESC Cariri de Culturas, que acontecerá de 9 a 14 de novembro de 2012, na região Sul do Estado.

Os interessados devem preencher a ficha on-line, que estará disponível de 2/4 a 31/5 no site http://mostracariri.sesc-ce.com.br.

A Mostra SESC Cariri de Culturas é um evento que objetiva estimular a produção cultural nos diversos seguimentos das artes, promovendo um panorama nacional e internacional da produção artística.
A força da tradição popular em contato com produções artísticas contemporâneas de vários pontos do País, e de fora dele - sempre enriquecedoras e revigorantes –, tomam as ruas, praças, teatros, clubes e galpões dos municípios do Crato, Juazeiro do Norte, Nova Olinda e outras 17 cidades por onde a mostra pede passagem, levando fragmentos da extensa programação.

Serviço:
Inscrições para 14° Mostra SESC Cariri de Culturas
No site: http://mostracariri.sesc-ce.com.br
Data: de 2/4 a 31/5
Informações: 3452.9066

América Latina é fonte de inspiração da esquerda francesa

As próximas eleições presidenciais francesas já tem uma marca de época. Esta marca é o candidato da Jean-Luc Mélenchon da Frente de Esquerda que fez o maior comício destas eleições, na simbólica praça da Bastilha. Mélenchon é fenômeno eleitoral e político: já está em terceiro lugar nas pesquisas e juntou a esquerda tradicional com os ecologistas políticos. O site da carta maior trouxe uma entrevista com e eu destaquei este trecho que repute de grande importância. Vamos ler e reler, refletir e trazer para nossas práticas política.

CM – Seu argumento quer dizer que a esquerda deixou de lado a questão do meio ambiente, dos recursos naturais, que não integrou esse elemento fundamental no seu projeto de sociedade.

J-L Mélenchon – O problema da esquerda foi adotar o princípio segundo o qual os padrões de vida dos ricos eram um bom caminho. Por conseguinte, isso é o que faltava para o todo da sociedade. E é a isso que há de se renunciar. Quanto ao padrão de consumo, a riqueza é sinônimo de irresponsabilidade. Foi um erro da antiga esquerda pensar que não. Tínhamos uma perspectiva acrítica sobre o consumo. Além disso, quando surgia uma perspectiva crítica, esta era tomada como absurda por ser basear em princípios morais. A ecologia política permitiu-nos solucionar muitos problemas teóricos. Por exemplo, toda a ideia progressista repousa sobre a igualdade e sobre a similitude dos seres humanos. mas isso é uma mera ideia. Se alguém olha ao redor, vê que os seres humanos não são em nada iguais. Mas nós fundamos nossa ideia de igualdade sobre uma igualdade natural. A Revolução de 1789 disse: os seres humanos nascem e permanecem livres e iguais em direito. Essa é a razão pela qual na França nasceram todas as matrizes dos pensamentos totalitários e racistas: eles postularam que não era assim, que por natureza havia diferenças, desigualdades, raças. Quem negou a desigualdade natural conduziu todos os regimes igualitários a serem totalitários, porque tiveram de forjar algo contra a natureza. A ecologia política resolve esse obstáculo teórico, encerra a discussão. Por que? Porque diz que só existe um ecossistema compatível com a vida humana. Quer dizer, todos os seres humanos são semelhantes, pelo fato de que, se este ecossistema desaparece, os seres humanos desaparecem ao mesmo tempo.

Somos então iguais frente às obrigações do ecossistema. Isso quer dizer que se temos um só ecossistema que torna a vida possível, há então um interesse humano geral. Esse interesse humano geral é uma realidade. Desta maneira, chegamos a refundar o conjunto dos paradigmas organizadores do pensamento de esquerda, quer dizer, o socialismo, o humanismo, as Luzes, a República e a democracia.

"Homeopaticamente..." - José Nilton Mariano Saraiva

Muito embora na área jurídica sempre nos surpreendamos com o manancial de atalhos, artifícios, gincanas e desvios permitidos (mesmo em decisões “prolatadas”, onde teoricamente não cabem mais recursos, especialmente quando tem gente graúda envolvida), vai ser difícil para o valorizado causídico defensor do “nobre” Senador Demóstenes Torres arranjar uma boa justificativa capaz de livrá-lo de uma penalidade exemplar.
É que dia-a-dia a nossa eficiente Polícia Federal libera – de forma homeopática e devastadora – novas e cabeludas transcrições das conversas telefônicas mantidas entre o marginal Carlinhos Cachoeira e o Senador da República que se distinguiu pela pregação diuturna sobre a ética e moralidade na política e na coisa pública.
Impressionante é constatar que, afora os mimos e presentes recebidos (dinheiro, inclusive), o ilustre representante do estado de Goiás pôs o mandato literalmente a serviço de contraventor, atuando de forma desassombrada a beneficiá-lo em suas transações ilegais, mesmo que para tanto fosse necessário sugerir, influir ou mexer de alguma forma nos textos de leis que tratassem de jogos ilegais (além do que, há até uma humilhante desculpa formal para a demissão de alguns “apadrinhados” do contraventor que atuavam no seu gabinete, com a promessa de que, quando a coisa “esfriasse”, seriam integrados).
No mais, o que vazou é que existem mais de cinqüenta (50) CD’s repletos com tais transcrições, o que, pela amostra homeopática que nos foi disponibilizada, nos remete e indica a existência de coisas muito mais sérias e comprometedoras na atuação do “valente” parlamentar goiano.
E, como na fétida arena política prevalece o “salve-se quem puder”, o “primeiro os meus, depois os teus”, os companheiros de partido (Democratas) já se preparam pra expulsá-lo de suas hostes por... falta de decoro e ética no parlamento.
Agora, já que mortalmente ferido em sua honra e sujeito a prestar contas com a Justiça, bem que o “Doutor” Desmóstenes poderia, num laivo de honestidade e aproveitando-se da “delação premiada”, escancarar as comportas e contar “tim-tim-por-tim-tim” tudo sobre a atuação dos “nobres” colegas de parlamento. Seria capaz disso ???
Conta, Demóstenes, conta !!!

sexta-feira, 30 de março de 2012

AS VELAS LATINAS DAS QUINTAS FEIRAS - José do Vale Pinheiro Feitosa

Mais uma quinta feira. Toda quinta feira quando o corpo se desonera dos compromissos clínicos, no silêncio do pé de serra, ele expõe os fatos que se desenrolam na raiz de uma grande narrativa.

Mas nesta quinta ele perdera sua ilha de atracação. Sua Odisseia certamente no mar cearense, sem as ilhas do Egeu a desenrolar aventuras, na vastidão horizontal sem fim. Mas uma vastidão delimitada verticalmente pelo mar e pelo céu.

E seu destino sem porto, agora sem a ilha flutuante, no entanto, teve uma origem, um estaleiro onde seu barco flutuante fora construído. Mas é difícil precisar o local exato do estaleiro: se no meio da terra, nas Américas, ou nas margens orientais e ocidentais do Mediterrâneo. Com certeza a quilha veio do Oriente bíblico e o convés da Grécia.

Neste ponto gerou-se um paradoxo em sua narrativa desta quinta feira. Qual seja: não tem sentido falar-se numa origem desconsiderando ser esta o ponto inicial de uma ação cuja necessidade é o seu ponto final. E o ponto final de uma ação pode até acontecer por acaso, no entrechoque com penedos, mas isso apenas seria a quebra de um projeto individual a imaginar uma viagem muito mais longa, mas que, entretanto, não subtrai da ação o seu início e o seu fim.

Ação é o que estas quintas feiras revelam. Não uma deriva flutuante apenas ao sabor dos ventos. Acontece que há muito abandonou a vela áurica e seus necessários remos, afinal não viaja sobre uma galera, hoje a sua navegação acontece com velas latinas. As velas latinas viajam em qualquer tipo de vento.

As quintas feiras são exatamente isso: um navegante a traçar o próprio destino. E isso não pouco diante da incomensurável cordilheira a determinar o destino das pessoas. Aquelas que tomam o próprio destino em suas mãos podem ter cicatrizes, mas certamente o campo de ação a narrar quintas feiras.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Até os Macacos fazem Greve - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu pensei numa frase e logo imaginei o quanto é rica a nossa língua. Do que se tratava?

De uma frase que seria algo assim: até os macacos fazem greve, só os “trogloditas” acoitam grevistas. Em outras palavras, usava o primitivo e o irracional como exemplos contraditórios. Mas é mais ou menos assim o que acontece.

Quando lemos ou ouvimos alguém defendendo a ditadura militar de 64 pensamos no direito democrático desta defesa. Mas isso não lhe dar o direito de negar a violência que foi o golpe e menos ainda a perseguição e morte dos opositores ao regime.

Hoje à tarde voltei aos idos dos tempos da ditadura. Fiz parte da concentração que se postou em frene ao Clube Militar em que generais comemoravam o dia do golpe. Participando do protesto ao lado de muita gente daqueles idos e de uma juventude que honra o que são e o que fomos.

Os Generais em ato de franca provocação soltaram notas, negaram a violência praticada nas dependências públicas das instituições militares e ainda divulgaram com alarde que fariam a comemoração. Fomos para lá para apoiar a comissão da verdade, a apuração e exposição de assassinos e torturadores que agiram em nome do Estado brasileiro.

Antes que alguém ponha em dúvida todo esse passado cruel, a Comissão de Direitos Humanos da OEA pediu explicações ao governo brasileiro sobre a apuração da morte do jornalista Vladimir Herzog. E um general reformado, num programa de televisão questionou exatamente este fato.

Opa! O assunto era correlato: eu falava que até os macacos fazem greve. E não é força de expressão é a verdade observada. O pesquisador holandês Frans de Waal observou que macacos do gênero Cebus se recusam a fazer tarefas se percebem que estão sendo alvo de tratamento desigual. Os macacos pregos da nossa Mata Atlântica são exatamente tais sujeitos.

Segundo o pesquisador: se damos a um destes macacos pregos uma recompensa menor do que damos a outro pela mesma tarefa, o animal prejudicado e irrita e deixa de colaborar. O cientista se diz convencido que “esses macacos entendem perfeitamente quando são tratados de maneira injusta e podem rebelar-se contra a desigualdade de uma maneira comparável às greves dos humanos”.

Sabem por quê? Ideologia não enche barriga, mas a violência mata. Os espanhóis deram um pé na bunda eleitoral ao Partido Socialista que ficou na lengalenga liberal. Aí os conservadores acharam que tinham a caneta para enforcar o povo. A greve espanhola parou o país e reuniu mais de 800 mil pessoas nas praças públicas das principais cidades.

Mas os “trogloditas” continuam na viagem para cegar o sol.

Cais


O mar como sempre imenso e inescrutável. Limitando-se por todos os lados com infinitos abismos. Abaixo, os mistérios abissais e inatingíveis da água: fluida como a existência. Ao derredor, com horizontes a se perder de vista: a abóbada celeste em ósculo lambendo os quatro recantos , lubricamente, num cunilingus intocável e sensual. Acima: um céu azul pincelado, aqui e acolá, pelo algodão doce das nuvens; aparentemente ao alcance das mãos, em verdade apenas atingíveis pelas digitais do sonho. Cercado pelo mistério , carregando nas mãos apenas a rosa dos ventos, um veleiro singra as ondas sem destino pré-determinado, sem ter aonde ir e aonde chegar. À mercê dos ventos, cicla, como um pêndulo, entre tempestades e calmarias, ora velas enfunadas, ora mastro recolhido . Sem rumo claro, nenhum vento lhe é perfeitamente favorável ou desfavorável. Na viagem, o barquinho termina por descobrir que singra sem astrolábio e sem sextante . As estrelas no céu , a lua argêntea no firmamento não lhe são pontos de orientação, apenas compõem o cenário : prestam a iluminação necessária para o grande script da viagem que é simplesmente flutuar. Não haverá Monte Ararat à frente, as águas jamais baixarão e a pombinha nunca retornará com o ramo de folhas de oliveira , pela simples razão de que não há continente possível, não há pomba , não há árvore. Existem apenas o mar, o barco, a viagem.

Houve tempos em que o veleiro atingia às vezes uma pequena ilha flutuante e ali encontrava um porto seguro por alguns instantes. Era possível atracar, livrar-se temporariamente dos redemoinhos, das tormentas e gozar um pouco da paz reconfortante do cais. E antes de cair, novamente, nas correntes marinhas avassaladoras , podia pensar um pouco na viagem , agora com o contraponto do silêncio e da inércia. Na ilhazinha , atracado, o barquinho sentia-se com raízes, como uma árvore em solo firme, pronto a dar flores e frutos.

Um dia percebeu, com espanto, que a ilhazinha havia sido erodida e tragada pela inexorabilidade das marés. A paisagem voltara a ser imutável : mar e céu. O veleiro desliza agora à espera do tsunami vindouro ou do beijo fatal da quilha nas penedias. A árvore se transformou , num átimo, num simples aguapé obediente ao fluxos das águas e da preamar. E o barquinho à deriva fundeia-se no único esteio possível : uma âncora sombria, coberta de musgos e de ferrugem chamada Saudade.

J. Flávio Vieira

Guto Bitu – Comicamente seco e poético





Se o cearense tem fama de humorista, Luiz Augusto Bitu não fica de fora dessa afirmação. Uma poesia nas estirpes marginal e bem humorada é uma das características desse poeta. Guto Bitu, esculpi, modela, desenha, pinta e escreve e diz que sua obra é “cercada do comportamento cearense, se divertir é básico pra mim, então isso se reflete no que eu faço. Já o urbanismo está em mim como as seqüelas de uma tuberculose, não posso retirar esse universo depois de ter passado tanto tempo inserido nessa fria realidade”.






Alexandre Lucas - Quem é Guto Bitu?

Guto Bitu - Luiz Augusto Bitu
É um tabuleiro sem peça
É um cheque mate as avessa
Na faculdade mental
É o cão soprando cal
Nas vistas de quem é cego
É o prego que entorta
Quando entra na parede
É um balanço de rede
É um rangido de porta
É uma folha que corta
A água que mata a sede
Luiz Augusto Bitu 10/11/09

Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?

Guto Bitu -Tento sobreviver de arte desde adolescente, mas faço arte e sou artista desde criança. Tive meus primeiros contatos reais com mundo profissional na arte depois da maior idade e após isso foi só encarar a coisa como minha própria vida e não uma mera profissão. Não gosto da palavra trabalho me cheira a algo maquinado, um esforço em vão para pessoas que não o merecem. Arte não é isso.

Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?

Guto Bitu - Minha arte tem como maior influencia eu mesmo, já pensei muito sobre isso, sei que tem muita gente, cada um com a sua informação, para somar na minha arte, mas quem equilibra estas informações sou eu, aí é a diferença do verdadeiro artista (pessoa que leva a arte com profundidade) e aqueles que só copiam o que lhes inspira.

Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:

Guto Bitu - Minha trajetória é algo que ainda começa, apesar de estar inserido no mundo da arte desde criança, mas para mim está apenas se iniciando e como todo início tem pouca coisa pra falar e muito mais a se observar. É por isso que insisto sempre em algo tão rebuscado para me expressar.

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?

Guto Bitu - Tenho medo de falar sobre política, pois não a vivemos na real e sim a politicagem, então nesse assunto estou fora, isso me parece mais com time de futebol. Sou um crítico social e comportamental esses universo só me serve como matéria prima e não como medida.
Não gosto nem de botar arte perto de política que é para não sujar a arte.

Alexandre Lucas - Você é um artista com forte preocupação ambiental?

Guto Bitu - Sempre fui e sempre serei.

Alexandre Lucas - Quais os trabalhos que você já fez neste sentido?

Guto Bitu - Tudo. Sempre tenho como preocupação a natureza que estou inserida.

Alexandre Lucas - Como surgiu a poesia na sua vida?

Guto Bitu - Como um desafio, de repente, embolada, martelando, galopando a beira mar. Via a poesia como iluminação, como dom e eu que era um reles mal aluno, não teria essa iluminação divina. Até o dia que me disseram: duvido que tu faças, fiz e tirei o primeiro e o terceiro lugar com as minhas respectivas primeira e segunda poesias escritas, com esse incentivo nunca mais parei, tenho necessidade de escrever, detesto ler, sei que é meio egoísta, contudo poesia é minha terapia e se tenho público é por que eles tem identificação com minhas inquietações.


Alexandre Lucas - Qual a importância de você ser membro da Academia dos Cordelistas do Crato?

Guto Bitu - A Academia pra mim é algo nostálgico, me faz lembrar mestre Elói, meu primeiro grande incentivador na poesia. Tento permanecer lá, apesar de minha vida irregular e cigana, com a missão, que a maioria lá abraçou: prosseguir com sonho de seu Elói e não deixar a nossa querida literatura de cordel morrer.

Alexandre Lucas - O humor e a urbanidade é uma das características do seu trabalho?

Guto Bitu - Acho que refletimos nossas realidades. Apesar de achar que no trabalho não exista humor, nem quando se é palhaço. Vejo minha obra cercada do comportamento cearense, se divertir é básico pra mim, então isso se reflete no que eu faço. Já o urbanismo está em mim como as seqüelas de uma tuberculose, não posso retirar esse universo depois de ter passado tanto tempo inserido nessa fria realidade.

Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?

Guto Bitu - Essa só vou poder responder se você substituir essa palavra trabalho, creio eu que queira dizer obra e isso só vou poder responder 30 anos depois de morrer.

Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?

Guto Bitu - Nenhum se tudo der certo, sombra e água fresca. Trabalho é pra escravo eu já me alforriei.

A “face oculta” do Demóstenes – José Nilton Mariano Saraiva

O “jeitão” carrancudo e a retórica afiada, versando preferencialmente sobre ética, moral e seriedade na política (qualquer semelhança com o modus operandi do “mito” Rui Barbosa será mera coincidência, ou a lição foi bem assimilada ???), de certa forma moldaram a imagem do “ínclito” (???) senador goiano Demóstenes Torres (Democratas-GO) como um paladino da justiça, defensor dos descamisados e ícone da moralidade (além do que, sua excelência trazia no currículo a condição de ex-promotor de justiça e ex-secretário de segurança do seu Estado natal - Goiás).
Mas, como não existe crime perfeito (lembremo-nos que as falcatruas e desmandos do Rui só vieram a público recentemente), eis que o distinto vacila e a Polícia Federal (ainda lá em 2009) o flagra em mais de trezentos telefonemas (em apenas sete meses) com o criminoso Carlinhos Cachoeira, com o qual mantinha estreita amizade (e o mais incrível nisso tudo é que, a posteriori, ao ser questionado sobre de que tratavam, o “Doutor” Demóstenes, irônico e zombador, limitou-se a “zonar” com a cara de todos nós, ao dizer-se “conselheiro sentimental” do amigo).
No entanto, como não há coisa melhor que um dia atrás do outro (com uma noite no meio), eis que aconteceu o bendito “vazamento” para a imprensa e por extensão ao público (quem o terá feito ???) do teor dos tais telefonemas (autorizados pela Justiça), expondo a “face oculta” do ilustre Senador da República: descobriu-se, por exemplo, que ele tinha recebido de presente um telefone importado exclusivo (Nextel, linha direta, habilitado nos EE.UU.) para “contatos imediatos” com o “chefe”; que fora agraciado pelo próprio, quando do casamento, com um fogão e uma geladeira de luxo, também trazidos dos EE.UU.; que solicitara e conseguira uma “ajudazinha” de módicos R$ 3.000,00 para pagar um táxi-aéreo e principalmente, que cientificava, minuciosamente, ao “bicheiro-contraventor”, do teor de informações privilegiadas sobre ações dos três poderes federais: executivo, legislativo e judiciário.
Mais grave ainda: segundo a insuspeita revista Carta Capital, o senador teria direito a 30% da arrecadação total do esquema de jogos clandestinos comandados por Carlinhos Cachoeira (no estado de Goiás), que, em seis anos, teria movimentado míseros, irrisórios e desprezíveis (???) R$ 170 milhões.
E só assim, depois de pressionado e soterrado por esse verdadeiro terremoto de graves denúncias, oriundas das tais interceptações telefônicas e disponibilizadas ao público, foi que o Procurador Geral da República se viu literalmente “obrigado” a desengavetar o processo (de 2009) e acionar o Supremo Tribunal Federal para as providências cabíveis, enquanto que o Senado Federal deverá submetê-lo ao seu “Conselho de Ética”, objetivando uma possível cassação do mandato (neste momento, até os companheiros de partido, à frente o também mafioso José Agripino Maia, já ensaiam uma debandada geral).
Você, aí do outro lado da telinha, acredita mesmo que resultará alguma coisa, ou prevalecerá o velho e arcaico corporativismo (no Supremo e no Senado) ???
Mas... e a “grana” recebida, será devidamente reembolsada ???
Ou será que somente a desmoralização pública será suficiente pra penalizar essa corja de malfeitores, travestidos de “representantes do povo” ???

Convite Missa


Caros Amigos,

A Missa de Sétimo Dia de D. Ninette acontecerá na próxima Sexta-Feira - Dia 30 - na Igrejinha de N. S. de Fátima , no Pimenta, às 17 H. A Família agradece antecipadamente a presença de todos que puderem comparecer e compartilhar.



Dia - 30 de Março ( Sexta )
Hora - 17 : 00 H
Local - Igreja N. S. de Fátima ( Pimenta )

quarta-feira, 28 de março de 2012

As trombadas da Semana - José do Vale Pinheiro Feitosa

O papa Bento XVI termina sua visita a Cuba reunindo-se com o octogenário Fidel Castro. Para desespero das hienas raivosas que se refestelam por causa do leão americano (as hienas comem os restos da caça leonina) houve o encontro dos velhinhos. Aliás, o Papa não derrubou o regime, até ajudou a paz interna do país e o seu processo de restruturação. Como todo processo, um dia os dogmas serão superados, os modelos modificados e novas formas de ser cubano surgirão. A ideia da geração de Fidel tem algo assemelhado ao espírito de José Marti: Cuba pra os cubanos. Se isso se mantiver no futuro a revolução terá sido vitoriosa. Isso é o mínimo, mas ter sobrevivido como um regime comunista, contra todas as formas distintas e adversárias, isso é um achado digno de atenção.

Vimos a resposta de Medvedev a Mitt Romney que disputa as primárias do partido republicano. Mitt classificou a Rússia como inimigo geopolítico número 1 dos EUA. A resposta de Medvedev teve o efeito de uma trombada sobre o ranço da direita americana (que, aliás, é internacional, até por aqui os argumentos são iguais) fazendo-lhes duas recomendações: "Primeira, quando declarar sua posição, é preciso usar a cabeça, usar a razão, sem prejudicar um candidato a presidente; além disso, olhem o relógio: estamos em 2012, não em meados da década de 1970." Mais ainda: "Com relação aos clichês ideológicos, toda vez que este ou aquele lado usa frases como 'inimigo número 1' isso sempre me alarma, isso cheira a Hollywood e a certas épocas (da Guerra Fria)".

Há muitas coisas erradas na reportagem da Globo sobre os corruptos do hospital da UFRJ. Na base e na conclusão da matéria. Mario Augusto Jakobiskink chamou a atenção para a primeira: um repórter a serviço de agentes privados não pode se passar por um agente público. Isso seria uma ação da polícia federal. Se aceitarmos a afronta legal a prática pode ser exercida por qualquer um e todos veriam os interesses privados conduzindo os interesses públicos. A conclusão básica é que o público é corrupto, que não é preciso mais dinheiro para o SUS e o melhor são planos de saúde. Este povo ainda vive a fantasia de um Brasil para poucos sem pensar na guerra civil de todos os dias.

A história do Senador Demóstenes Torres é bíblica. E quando leio a raiva moralista do velho udenismo sinto uma pena tremenda da fé cristã. O ranço moralista parece ter Cristo em bandeiras de pano bem à mostra enquanto mataram a ideia em seus corações. Cristo acusava duas coisas principais: o poder de Roma na pessoa de César e o poder corrupto do judaísmo nas pessoas dos escribas e fariseus. Por isso quando imaginam Cristo como um símbolo etéreo estes enganadores negam o quanto ele foi a matéria da história de seu tempo e com uma viagem política profundamente enraizada numa espiritualidade cheia das marcas deste tempo.

Não é figura de linguagem. É a agonia de um ser humano diante da humilhação pública e vergonhosa do Procurador Geral da República Roberto Gurgel em relação ao caso Demóstenes Torres. Desde 2009 ele tem a denúncia e não moveu um milímetro do assunto. Depois que o Jornal Nacional “deu-lhe a palavra”, ele saiu com o “rabo entre as pernas” feito um cão enxotado a fazer o que não tinha feito até então. Sinceramente eu gostaria de pertencer a uma espécie de ser vivo mais digna de estar no mundo.

FILME DE FRANCIOLLI LUCIANO SERÁ LANÇADO EM CRATO

terça-feira, 27 de março de 2012

Dia Mundial do Teatro



Nossa singela homenagem aos pioneiros do Teatro no Cariri







Soriano de Albuquerque








Waldemar Garcia
(sentado à esq de perfil)

DIA MUNDIAL DO TEATRO - DIA NACIONAL DO CIRCO

A “amargura” do Chico – José Nilton Mariano Saraiva

Muito já se escreveu e se comentou sobre o falecimento do “gênio” Chico Anísio, o cearense motivo de orgulho pra todos nós, seus conterrâneos; também muito já se falou sobre a sua incrível criatividade e versatilidade, capaz de nos brindar com mais de duzentos tipos, todos absolutamente convincentes e capazes de arrancar riso escancarado do mais sisudo dos mortais. Chico Anísio foi, pois, um iluminado, a quem muito devemos.
Estranhamente, no entanto, ninguém fez qualquer comentário ou se ateve às entrelinhas e detalhes da sua última entrevista para a Rede Globo, quando, já visivelmente debilitado em razão do severo tratamento a que vinha se submetendo, prestou homenagem à atual mulher e teceu comentários sobre temas variados à belíssima repórter Patrícia Poeta, do “cast” global.
Pois bem, lá pras tantas, certamente que já ciente do seu delicado estado de saúde, o “homem” se sobrepôs ao artista, o “ser humano” se impôs ao humorista, o “irreverente” cedeu lugar a um sombrio personagem e, claramente amargurado, aflorou um Chico Anísio a reclamar do desprezo a que havia sido relegado, do sumiço de “espaço” na televisão, da repentina falta de “trabalho” e de como haviam “batido” nele nos últimos tempos.
E, finalizando, para que dúvidas não pairassem e todos tomassem conhecimento, categoricamente afirmou que o responsável pela triste e vexatória situação em que se encontrava estava vivo e, certamente, assistiria àquela entrevista.
Portanto, agora, que a Rede Globo se apressa em “homenageá-lo” reprisando seus melhores momentos (nada mais justo), sobra a indagação: quem, da cúpula global, seria o responsável pela “amargura” do Chico ???

segunda-feira, 26 de março de 2012

A Atração dos Fatos - José do Vale Pinheiro Feitosa

Uma das piadas recorrentes no folclore cearense era aquela do sujeito que tinha um apelido que odiava e se chamado perseguiria o provocador. Aí se contava que numa roda os provocadores falavam partes do apelido separadamente e o indigitado vinha como uma fera desafiando que eles juntassem as partes.

Mas não parece que algumas notícias juntam coisas? Por exemplo: esta vantagem que a gravidade está em relação aos divertimentos radicais. Aquela menina lá num parque de diversões em São Paulo, aquele rapaz nas montanhas do Chile e agora a turista baiana que caiu de um parapente aqui no Rio de Janeiro. Eu até já escrevi para meu irmão que mora em Salvador e veio ao Rio só para fazer o passeio e depois deixar-me morto de inveja e humilhado pela minha covardia de nunca ter assumido o sonho de Ícaro. Paulinho: você hoje é mais baiano do que cearense, tome cuidado com a gravidade, viu meu Rei!

O registro histórico realmente mexe com a atenção humana. Ainda hoje conhecemos pessoas aficionadas pelas primeiras e segundas guerras mundiais. Gostam de descrever as batalhas, os armamentos, as táticas e a grandes estratégias da guerra. Poucos percebemos que esta dedicação caberia perfeitamente nos dias atuais. Basta que prestemos atenção aos fatos.
A famosa bipolarização com os EUA teria terminado pela rendição da União Soviética. Pronto a guerra acabou! Que nada. Quem for acompanhar a história recente da Europa Ocidental e dos EUA verá todos os elementos da propaganda de guerra dos anos 40 do século XX, as estratégias e as táticas. Inclusive o cinismo deslavado.

Percebem-se a guerra travada, as conquistas e as resistências no Oriente Médio em torno das reservas de Petróleo. Ali EUA e Europa Ocidental disputam com a China e a Rússia o território e os povos morrem diariamente em batalhas sangrentas. Obama vai para a Coréia e destrava o cinismo falando em banir as armas atômicas do mundo. Logo o presidente da única nação a usar tal armamento e que não diminuiu uma bomba do seu arsenal ainda da guerra fria?

E Israel? Não tem argumento contra o Irã e sua bomba. O enclave judaico no mundo Árabe tem mais de trezentas ogivas nucleares. Portanto o argumento é o da guerra, não deixar o inimigo se armar e ficar à sua altura naquele mundo que se agudiza ponto a ponto, pois é o centro do petróleo. E o Afeganistão? Todo aquele ódio contra as burcas, os talibãs, sem contar a Al Qaeda, é uma falsidade de cabo a rabo. Ali se encontra o controle das ex-repúblicas soviéticas da Ásia e, claro, o território estratégico do Afeganistão para o escoamento das jazidas a norte do país. Isso sem esquecer o controle do subcontinente indiano, incluindo o Paquistão, Índia e o Irã no Oriente Médio.

Então: se as reservas de Petróleo do Pré-Sal brasileiro são o que dizem? É urgente nos prepararmos para a guerra. A indústria de armamento por aqui renascerá e as forças armadas terão investimentos à altura. O nosso protagonismo internacional ainda é fraco, mas com o argumento do Petróleo, mesmo que queira se esconder não conseguirá. A não ser que se opte por desaparecer e sair por aí virando lata de lixo.

Enfim vivemos atualmente os dois sentidos da palavra gravidade: a agudeza dos fatos e a irresistível atração para os desfechos de guerras.


Obrigado !


Caros Amigos,

Faltam-me palavras para agradecer a profusão de palavras carinhosas ,recebidas recentemente, quando do encantamento da minha insubstituível D. Ninette. Em meio à dor e ao desespero da perda , essa solidariedade cai como um lenitivo para a ferida aberta e sangrante. Como um barco à deriva estou, e o consolo dos amigos é-me como um ar cálido a bafejar-me as velas , impulsionando-me para um longínquo mas possível porto seguro.

Obrigado por tudo !