TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 14 de março de 2012

O tráfico dos créditos de carbono - José do Vale Pinheiro Feitosa

Vocês devem ter tomado conta desta aberração: uma empresa irlandesa fez um contrato com uma tribo de índios da Amazônia, que possui uma reserva florestal de milhões de hectares quadrados e o usará como crédito de carbono. Qual o negócio? A tribo não pode fazer nada com as terras, a não ser aquilo que a empresa permitir, enquanto a empresa usará esta floresta para vender como crédito de carbono no mercado mundial dentro de espírito do Protocolo de Kyoto.

Segundo a FUNAI o contrato não tem validade jurídica nas leis brasileiras, pois esta intermediação deveria ter a presença da entidade. A interpretação é que a empresa tem noção exata disso e não é com o mercado interno que ela irá negociar. Será uma negociação internacional, podendo levar o Brasil às barras de tribunais localizados em território estrangeiro e deste modo entes privados estrangeiros administrando o território brasileiro numa jogada simpática de proteção ambiental.

Os créditos de carbono, independente dos EUA não terem assinado o protocolo de Kyoto, está bem no espírito mercadista do neo-liberalismo hegemônico. Tudo se torna capital e tudo é negociável. No caso os países e empresas que soltam muito CO2 para a atmosfera, não precisariam nenhuma medida saneadora, pois poderiam comprar créditos de carbono de quem não emite. No caso os índios, como um exemplo bastante cínico.

Como se viu a “inteligência” estratégica que tentou jogar com o espírito animal do capitalista para fazer uma política ambiental que nos levou exatamente para o caminho dos privilégios e da trégua dos capitais em ser obrigado a buscar tecnologias limpas. Agora os poluidores compram dos não poluidores os seus créditos de carbono, continuam ganhando dinheiro com produtos manufaturados e os não poluidores vivendo a miséria e o atraso relativo sobre o avanço das riquezas, da ciência e da tecnologia.


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