Ao dá posse, hoje, aos membros da “Comissão da Verdade” (que irá apurar as violações aos direitos humanos cometidas entre 1964 e 1988, quando da vigência da ditadura militar), a presidenta Dilma Rousseff surpreendeu, ao mostrar uma faceta não muito comum numa “gerente-durona”: a sua “porção-estadista” (e em diversas ocasiões).
Primeiramente, ao reunir e se fazer acompanhar, na chegada e durante toda a solenidade, pelos ex-Presidentes da República que a antecederam (Lula da Silva, Fernando Henrique, Collor de Mello e José Sarney), independentemente das divergentes conotações político-ideológicas de alguns (em relação à sua posição).
Passo seguinte, humildemente nos cientificau, en passant, de como cada uma daquelas autoridades (e inclusive Tancredo Neves e Itamar Franco, já falecidos) haviam contribuído para a realização daquele momento histórico.
Mais a frente, mostrou não guardar nenhum rancor por conta das atrocidades sofridas quando presa e torturada durante aquele período, ao declarar "... ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu. Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la (a verdade) em sua plenitude, sem ocultamento”.
Em mais uma intervenção, pontuou de forma incisiva sobre a importância de se conhecer a própria história, de se ter a coragem de verbalizá-la e de registrá-la sem medo, ao declarar: “É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e mulheres livres que não têm medo de escrevê-la".
E, finalmente, coroando com competência sua participação na solenidade, foi ovacionada de pé no momento em que, lágrimas a escorrer na face e com a voz embargada pela emoção, (certamente que recordando as agruras enfrentadas no passado), concluiu: "O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e sempre a cada dia".
Pois é, pra decepção de muitos, até nisso o Brasil inova: temos um “poste” que... chora, um “poste” que... se sensibiliza, um “poste” que... é capaz de emocionar e transmitir emoção os que se encontram à sua volta.
Aleluia, aleluia !!!
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