Sete de Outubro de 2012 e os eleitores Crato vão às urnas
para eleger seu prefeito e os vereadores. O próximo prefeito e o novo plenário
de sua câmara municipal. A afirmativa não é banal, embora muita gente viciada
imagine sempre a sucessão como a manutenção de sempre. Para esta gente a
política é só trocar os nomes da nata social e tudo está resolvido.
Não está. Todo mundo resmunga na baixa renda, na falta de
saneamento, no transporte coletivo precário e caro, nas escolas que não educam,
a saúde descuidada, os programas sociais para arrebanhar votos, na falta de
trabalho, na esqualidez do crack e tantas outras mais que a manutenção e os
mesmos apenas mudam de gabinete.
E podem considerar: depois de 1988, com a estabilização da
moeda, com FHC, Lula e Dilma, o Brasil é outro e os prefeitos estão no centro daquele
resmungo do outro parágrafo. Não adiante este cacoete de jogar o
descompromisso, a inércia e o “arranjo entre nós” para cima, pois é aqui neste
chão do Crato que as coisas brotam e degeneram.
Não vamos fazer tábula rasa da realidade. Todos temos
conhecimentos. Quem tem consciência das coisas e se resume a desconfiar que
estão a lhes fazer “lavagem cerebral” com ideias que já morreram na queda do Muro de Berlim, têm muralhas maiores a
tirar-lhes a visão. Ou algo banal:
querem manter a coisas como elas são.
Mas ora: eleições é o debate de ideias. Mas não só o debate.
É o apanhado da vontade popular para poder representá-la na burocracia pública
e nas políticas necessárias. Quando falei de Miguel Arraes para Pernambuco
tinha em mente duas coisas: primeiro que ele não era Pernambucano e era da
nossa região e segundo, ele pegou no pulso da história de Pernambuco e a repôs
no cenário nacional como nenhum político Pernambucano no século XX o fez.
Querer trazer a velha discussão do Golpe de 64 para um suposto “comunismo” do líder
é revelar o quanto a eleição do Crato precisa efetivamente de uma sucessão.
Quando apontei a importância do Crato para a região não fui
tomado de um bairrismo caduco. Juazeiro demograficamente e economicamente é
mais importante que o Crato. Barbalha tem um passado relevante. A questão foi
outra, mas é possível que alguém não tenha entendido todo o termo: o Crato tem
que voltar a ser dinâmico e sair da inércia como fator estratégico para o
desenvolvimento da região.
Quem pensa nas próximas eleições de outubro deveria varar
noites de discussões, levantar consensos todos os dias, sair para a rua e
ouvir. Ouvir mais do que falar. Mas ouvir e refletir coletivamente para juntar
forças que superem este enorme marasmo. Chega dos conchavos de família, daqueles
acordos infames com um prá cá e outro prá lá. Chega de apenas implantar
sacanagem, cuidar da vida alheia e latir feito uma matilha apenas para
espantar.
É hora de ser o galo da alvorada e acordar quem precisa
acordar. É hora de chamar bem alto as pessoas de bem para o encontro das
dezoito horas. É hora de encontro. Chega destas raivas que se assemelham a
hidrofobia quando o nosso problema é sede de unidade.
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