“Quando um empresário se candidata, se elege
e assume um cargo público ele vive um dilema, mas um dilema a priori resolvido:
entre o interesse público e o seu ele fica com o seu.”
Wilson Fadul - Prefeito de Campo Grande, Deputado Federal,
Ministro da Saúde, Editor, Presidente de Banco.
Todos sonhamos e desejamos a retomada da vocação da cidade
de Crato para que a região do Cariri tenha melhores chances de desenvolvimento.
Sem o Crato ou com a Política da cidade funcionando de modo subalterno e
confuso, a região ficará empacada numa eterna perda de autonomia, apenas
absorvendo as sobras das políticas ditadas pelo Governo Estadual e suas
alianças regionais.
A rigor ninguém tem a fórmula para a retomada desta vocação,
mas algumas tradições históricas, educacionais e culturais dão algumas pistas
como bem explicitou Dr. José Flávio Pinheiro Vieira em postagem recente. E não
se tem uma pista completa por que antes é preciso ouvir a sociedade, fazê-la se
manifestar sobre o tema, incluindo desde as associações de bairros, passando
por organizações da sociedade civil, do comércio e indústria, a URCA e
setorialmente todas as instâncias municipais: câmara de vereadores e conselhos
municipais e os funcionários dos diversos setores da administração municipal.
É preciso ter este objetivo de construir coletivamente a
vocação da cidade para que as políticas públicas se orientem por ela. E este
coletivamente só pode existir no povo do Crato, ele não vem de fora, é a partir
do seu conceito próprio que a cidade pode apresentar a sua contribuição para a
região e reivindicar políticas estaduais e federais para dar curso às políticas
locais.
Por isso mesmo, alguns parâmetros políticos precisam ser
evitados a todo custo para que a cidade retome seu destino e exerça o papel de
liderança que lhe cabe. Quais são estes parâmetros de natureza conjuntural e
estrutural:
a a) Do
ponto de vista conjuntural: o Crato não pode ficar nestas eleições a reboque dos
desejos políticos do Governador do Estado. Não pode por dois motivos muito
simples: o Governador tem mais dois anos de mandato e trabalha nesta altura apenas
para a sua própria sobrevivência política o que não trás vantagem alguma para o
Crato além do atual Governo estadual ser fruto de uma aliança entre forças
politicas da região metropolitana de Fortaleza e da região norte para as quais
os interesses do Cariri são secundários.
b) Ainda
na lógica conjuntural: seria um erro histórico o Crato eleger um prefeito por
força de um ou dois políticos regionais, cujos interesses se resumem ao próprio
domínio político. Sejam estes políticos senadores ou deputados da região não é
pelo desejo deles que a cidade conquistará autonomia, pois o desejo deles quase
que se insere apenas no espectro do poder pessoal.
c c) Do
ponto de vista estrutural: o Crato precisa superar a velha política local,
feita por conchavos entre famílias, que se prendem a um saudosismo eterno e uma
inveja doentia do sucesso de outras cidades. Esta estrutura precisa ser
superada até para que os filhos e netos destas famílias possam ter progresso e
amplie a capacidade de liderança para o bem comum.
O modo de superação da cidade, como dissemos, é pela
construção coletiva de um plano de identidade local, com a inserção de novos
atores sociais e econômicos que não tiveram, não têm e nunca terão vez uma vez
não se supere aquelas conjunturas e estrutura citadas. Para isso é preciso um
núcleo político popular e democrático que promova a inserção destas novas
forças. E isso não se mostra impossível no quadro econômico, social e político
do país, quando se vive um momento especial de crescimento econômico com
distribuição de renda e um novo paradigma do Estado de Direito Democrático.
O núcleo popular e democrático não tem donos, mas tem um
norte que são as políticas nacionais de desenvolvimento com inserção social. O
núcleo é dinâmico, inclusivo e distributivo, convocando todos os bairros para a
construção coletiva. O núcleo popular e democrático terá algumas questões que
estão na raiz daquilo que o Dr. José Flávio apontou: o meio ambiente, a educação
pública, a saúde pública, a cultura popular e universal, saneamento básico e
proteção social.
Por último o núcleo político e popular precisa ser estendido
rapidamente, convocado e aberto para a construção. Seria um erro se fazer
política apenas repetindo as fórmulas clássicas de programas de rádio, panfletos
e palanques. É preciso multiplicar rapidamente estes núcleos nos bairros e
partir para o entusiasmo popular não como objeto de promessas eleitoreiras, mas
como a construção do possível e do necessário. Desenvolver o espírito crítico
na população para denunciar todas as manobras que quebram o espírito
democrático das eleições como cabos eleitorais assalariados, compra de votos e
outras coisas que a legislação eleitoral veta.
Em palavras finais: o núcleo popular e democrático é popular
e democrático e vai abandonar todas as velhas formas de fazer política com as
quais a cidade se acostumou e se acomodou. É preciso ir para a rua como diz a
canção: “é preciso ir aonde o povo está, se foi assim, assim será.”
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