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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Marcha Silenciosa da Indignação - José do Vale Pinheiro Feitosa


A quem interessar possa. Escutaram? É o som do seu mundo caindo. É o nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. A noite será dia que será dia.”
Exército Zapatista – Subcomandante Marcos

Os Zapatistas, movimento indígena unido, da região de Chiapas no Sul do México surpreendeu o stablishment daquele país ao realizarem uma marcha silenciosa que ocupou várias cidades regionais. Foram milhares de pessoas, a maioria jovem, numa ordem unida surpreendente, a se fazerem presentes diante da mensagem do misterioso Subcomandante Marcos.

Os Zapatistas formam um movimento popular mexicano de longa duração e que inclusive participou de lutas sociais agressivas, envolveram-se em combates armados com forças do exército mexicano. Quando, nos anos 90, estive na Ciudad de México, em plena Praça do Zócalo estavam acampados membros dos Zapatistas, numa ousadia de surpreender visitantes desatentos do quadro político do país.
Enquanto a região norte do México, na linha da fronteira com os EUA, a sociedade degenerou-se socialmente e politicamente numa avassaladora transformação decorrente do mercado de consumo e da economia americana, no sul a luta social é consciente, duradoura e evolutiva. No norte sob a ação predatória das empresas de galpão maquiladoras de produtos, multinacionais ou americanas em busca de mão-de-obra semiescrava, o movimento operário foi destruído. Igualmente com os ricos vizinhos querendo mais da vida do que a vida pode, cresceram os barões do narcotráfico a suprir de drogas o outro lado fronteira e a produzir mortes do lado mexicano.

O México acaba de eleger um novo presidente sobre intenso debate da sociedade. Levantou-se o papel de grandes corporações de mídia, especialmente da Televisa a corromper as eleições e a decisão soberana dos eleitores ao desequilibrar a grade de informações e a propaganda sub-reptícia destruindo a imagem dos adversários do presidente eleito e ao torna-lo um “produto” eleito pelo imaginário e com técnicas de manipulação da psicologia social.

Então não é de se surpreender com o ressurgimento do Movimento Zapatista tido como praticamente morto. O tempo e o espaço não existem apenas como emergência institucional, ambos são as vontades dos eleitos e dos perseguidos, dos privilegiados e dos discriminados. É na luta real entre eles que as escolhas e os privilégios desaparecem na história.        

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