“A quem interessar possa. Escutaram? É o som do seu mundo
caindo. É o nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. A noite
será dia que será dia.”
Exército Zapatista –
Subcomandante Marcos
Os Zapatistas, movimento indígena unido, da região de
Chiapas no Sul do México surpreendeu o stablishment daquele país ao realizarem
uma marcha silenciosa que ocupou várias cidades regionais. Foram milhares de
pessoas, a maioria jovem, numa ordem unida surpreendente, a se fazerem
presentes diante da mensagem do misterioso Subcomandante Marcos.
Os Zapatistas formam um movimento popular mexicano de longa
duração e que inclusive participou de lutas sociais agressivas, envolveram-se
em combates armados com forças do exército mexicano. Quando, nos anos 90,
estive na Ciudad de México, em plena Praça do Zócalo estavam acampados membros
dos Zapatistas, numa ousadia de surpreender visitantes desatentos do quadro
político do país.
Enquanto a região norte do México, na linha da fronteira com
os EUA, a sociedade degenerou-se socialmente e politicamente numa avassaladora
transformação decorrente do mercado de consumo e da economia americana, no sul
a luta social é consciente, duradoura e evolutiva. No norte sob a ação predatória
das empresas de galpão maquiladoras de produtos, multinacionais ou americanas
em busca de mão-de-obra semiescrava, o movimento operário foi destruído.
Igualmente com os ricos vizinhos querendo mais da vida do que a vida pode,
cresceram os barões do narcotráfico a suprir de drogas o outro lado fronteira e
a produzir mortes do lado mexicano.
O México acaba de eleger um novo presidente sobre intenso
debate da sociedade. Levantou-se o papel de grandes corporações de mídia,
especialmente da Televisa a corromper as eleições e a decisão soberana dos
eleitores ao desequilibrar a grade de informações e a propaganda sub-reptícia
destruindo a imagem dos adversários do presidente eleito e ao torna-lo um “produto”
eleito pelo imaginário e com técnicas de manipulação da psicologia social.
Então não é de se surpreender com o ressurgimento do Movimento
Zapatista tido como praticamente morto. O tempo e o espaço não existem apenas
como emergência institucional, ambos são as vontades dos eleitos e dos
perseguidos, dos privilegiados e dos discriminados. É na luta real entre eles que
as escolhas e os privilégios desaparecem na história.
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