TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Por todos no nascedouro - José do Vale Pinheiro Feitosa


Olhe a palha. O leito. A cocheira geradora de dois mil anos. Tantas estrelas guias. E homens que trouxeram do nascedouro semita da mesopotâmia, pelas águas do Mar Vermelho, ou em camelos pelo braço hoje rasgado pelo canal de Suez a mirra, o incenso e o ouro. A imortalidade, a espiritualidade e a materialidade.   

E tudo repousava sobre a palha do nascedouro. E ali mesmo a imortalidade, a espiritualidade e a materialidade se fundiram na mensagem única: o amor. Tão gasto, repetido como apenas sons, sem que o metabolismo fisiológico, ideológico e político possa transformar em continuidade de cada fragmento da respiração e dos batimentos do coração.

O amor se perde na narrativa cotidiana do viver e se reencontra na revelação de cada ato ou ação. Assim como ele se banaliza no dicionário e suas inúmeras acepções, rubricas, derivações e diacronismos. Mesmo os romanos que fundaram a palavra não conseguiram traduzir o significa do amor como nascido naquela palha de berço.

É que as palavras não são apenas um tijolo estático, elas guardam a dinâmica do desenrolar dos fatos. E Herodes em sua mortalidade frágil e enciumada ao matar crianças, transformou o símbolo da homenagem adivinhadora dos magos numa ação de amor.

A rota da fuga dos pais de Jesus desde Belém, hoje com 30 mil habitantes, e encravada no centro da Cisjordânia, até a cidade do Cairo. Pelos desertos, margeando o Delta do Nilo e chegando ao Cairo. Era o Império Romano, mas lá Herodes não tinha força de mandar cassar o mandato dos fundadores do cristianismo.

O amor é a humanidade transformada numa seiva perfumada. É o estrato de seu modo de ser no mundo. Mesmo se corrompido por alguma regra do tempo, o amor tem a regra universal e imorredoura das pupilas abertas para o aqui e agora e tem na retina a impressão de sua seiva como parte inseparável e necessária do mundo. E a humanidade não se divide em partes individuais, o indivíduo só pode se conceituar como humano.

Mas hoje os evangelistas do amor não mais poderiam mover-se em livre circulação. Um muro cerca a Cisjordânia. A Sagrada Família é barrada todos os dias por altas muradas que as trombetas de Josué são incapazes de por abaixo. Os soldados armados de Israel jogarão bombas de efeito moral e levarão preso ao carpinteiro José por desobediência e ameaça ao Estado de Israel.    

Pela festa do Natal, juntamos nossas recordações e nosso amor ao nosso povo:

José do Vale Pinheiro Feitosa, Tereza Maria Piccinini Feitosa, Raul Piccinini Feitosa, Ruy Piccinini Feitosa, Sofia Guimarães Feitosa, Laura Guimarães Feitosa, Claudia Guimarães e Dyrce Bittencourt Piccinini. 

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