As
recentes manifestações que abalaram a República, sem que tenha sido possível identificar
seus idealizadores (porquanto geradas nas redes sociais) tinham destinatário certo
e endereço conhecido: a classe política, no Legislativo e Executivo, em
Brasília.
Fato é que a grita sobre a corrupção na esfera política ecoou tão
fortemente nas ruas que, ao pressentirem a gravidade da situação, de pronto os
Deputados e Senadores “lembraram” de um sem número de projetos que dormitavam nas
gavetas e escaninhos da vida. E aí, tivemos algo inusitado: “suas excelências”
participando de reuniões plenárias, grupos de trabalho, comissões disso e
daquilo, e isso durante os cinco dias úteis da semana, quando o “normal” para eles
- e só para eles – era comparecer ao expediente somente as terças e quartas-feiras
(viajam na quinta e retornam a Brasília na segunda).
O Executivo, por sua vez, igualmente
acusou o golpe, tanto que a presidenta Dilma Rousseff se valeu da TV para sugerir,
em cadeia nacional, a realização de um plebiscito objetivando uma reforma
política (hoje, baixada a poeira, os congressistas já boicotaram a iniciativa
presidencial).
Estranhamente, entretanto, o outro poder constituído, o "Judiciário", não foi sequer lembrado. E o nosso Judiciário definitivamente não é
flor que se cheire, tantas são as decisões em favor de uma casta de
privilegiados, e em desfavor dos menos favorecidos. Só dois fatos ilustrativos, por falta de
espaço: 1) em Brasília, por falcatruas, num mesmo dia o banqueiro Daniel Dantas
é trancafiado duas vezes por determinação do Juiz Federal Fausto de Sanctis; de pronto (em
ambas), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, atropelando os
ritos processuais, manda soltá-lo (antes, o banqueiro já houvera confidenciado
aos advogados que não se preocupassem com os tribunais superiores, porquanto lá
ele resolvia); 2) em Fortaleza, o ex-presidente do BNB, Byron Queiroz, é
“agraciado” pela Justiça Federal com três condenações (14 anos de prisão, em
todas elas) em razão das portentosas e comprovadas fraudes quando geria o BNB;
apela ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife-PE, onde é absolvido
POR UNANIMIDADE.
Partindo do pressuposto
de que Juízes Federais embasam suas decisões em provas robustas e consistentes,
salta à vista que por trás de tais anomalias se escondem corruptores e
corrompidos por excelência.
Assim, urge
que os holofotes sejam direcionados ao “Judiciário”. Tentemos abrir essa
caixa-preta.
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