Eu nem devia estar aqui novamente com vocês. Pelo menos por hoje. Já havia postado um texto. Mas eis que tomei conhecimento da carta de uma colega médica desancando a Presidenta Dilma por seu pronunciamento indicando que chamaria médicos estrangeiros para trabalharem no SUS em regiões em que os médicos brasileiros não quisessem trabalhar.
Per si isso é um problema inerente ao modelo híbrido da saúde brasileira: público universal misto com privado restritivo (planos de saúde). Os médicos vivem num sistema de remuneração privado e público e o privado remunera mais que o público. Portanto ele é determinante para a distribuição de médicos: concentrados nos estados mais ricos e nas cidades grandes e médias. Incluindo, é claro, o fenômeno da alocação de tecnologia segundo o maior peso onde se somam recursos públicos e privados.
Mas a questão mesma da doutora é seu componente ideológico e pouco científico para quem deveria raciocinar. Como sabemos o médico é o profissional da interpretação das histórias pessoais, claro que utilizando uma gama imensa de tecnologias para comprovar suas hipóteses.
Foi aí que ela veio com aquela baboseira de ser contra a Presidenta Dilma querer chamar-se Presidenta e não Presidente. Este besteirol é tamanho que recebi e-mail de "sábios da empulhação" mostrando por "a" mais "b" que o termo não existia e nem poderia existir.
Mas eu tenho aqui um dicionário eletrônico do Houaiss que registra o vocábulo Presidenta: mulher que se elege para a presidência de um país. Etimologia: feminino de presidente. Agora aquele besteirol todo era uma arenga imbecil de cunho machista que a doutora médica cirurgiã nunca ouviu falar e ainda repete de modo inferior até que as falas de um papagaio.
Aliás esta semana li um artigo primoroso do Dráuzio Varela desancando a cura gay um projeto de lei, de autoria de um deputado do PSDB e encampado pelo Feliciano. Ele começou o artigo dizendo mais ou menos o que reproduzo de memória.
Deus teria dado limites à inteligência da humanidade para que ela não descobrisse os segredos da criação. E aí o doutor Dráuzio se queixa: mas errou ao não dar limites à burrice.
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