Este texto é um
desdobramento daquele outro sobre a natureza imoral, predatória, corrupta e anti-humana
do capitalismo.
O título já identifica
um valor essencial da história do que é o humano e por isso é preciso circunscrevê-lo
numa dinâmica de amor e paz como valor moral; de solidariedade e distribuição
igual do que é necessário para viver e para se obter a felicidade; que a todos
sejam aplicados os mesmos direitos segundo sua natureza, potências e
fragilidades e que tenha o humano como valor universal e não como valor privado
promotor de ordenamentos, competições e hierarquizações de um ser humano sobre
o outro.
Desde as ideias
primitivas do cristianismo até as concretudes do pensamento a partir do
renascimento que a ideia do socialismo permeia como a formulação para um novo modo
de organizar a sociedade humana. Com as revoluções populares após a revolução
francesa, tipo a de 1848 em Paris que é objeto do musical – recomendável - chamado
os Miseráveis, que os povos tentam buscar uma base filosófica e científica para
o estabelecimento da sociedade socialista.
Um personagem central
nesta base teórico-prática para a conquista do socialismo foi Karl Marx. Não
porque ele formulasse uma espécie de decálogo do que seria uma sociedade
socialista hipotética, ele foi muito além da utopia de outros pensadores de sua
época. Marx analisou o sistema em curso, caracterizado por uma dinâmica de
competição e hierarquização, por empobrecimento dos povos através da subtração
dos valores de seu trabalho, dos seus bens próprios e naturais, pela
manipulação do desenvolvimento técnico-científico numa pauta contínua de monopolização
e controle com a finalidade de explorar seu uso em benefício próprio.
A Revolução Russa de
1917, a grande Marcha Chinesa durante e após a Segunda Grande Guerra, além da
luta geopolítica entre o Comunismo e o Capitalismo sustentaram mesmo que
marginalmente uma larga formulação alternativa aos países em todo o mundo. Em
primeiro lugar fez surgir os modelos sociais democratas com direitos sociais e
humanos além da dinâmica capitalista embora dependentes dela.
Em segundo lugar gerou
uma série de lutas libertárias de ex-colônias na África e na Ásia, encerrando
um período hegemônico e cruel dos estados nacionais e das economia europeias. O
mesmo aconteceu em toda a América Latina com o exemplo central vindo de Cuba,
mas também tendo enorme importância com lideranças originárias de vários países
como na Argentina, no Peru e, principalmente no Brasil, como Miguel Arraes em
Pernambuco e Leonel Brizola que chegou a ser um dos líderes revolucionários
mais promissores da América Latina inclusive por momentos com maior destaque do
que Guevara.
Nos anos noventa a
aparente vitória americana na guerra fria incluindo aí o furor privatista,
anti-estatizante e as ideais neoliberais sufocaram as grandes questões da humanidade
em busca do seu bem estar e da igualdade entre todos. A maciça propaganda vinda
pelos mecanismo dominados, incluindo o Vaticano de João Paulo II gerando uma
literatura vitoriosa do capitalismo e tornando as ideias socialistas em mero
arcabouço do Estado Soviético e seus erros históricos.
Não é que se criou,
pelo menos nas mentes brasileiras, uma nova ideia de sistemas políticos
socialistas. Apenas a propaganda anti-comunista originária dos países
capitalistas centrais acentuou o que já formulavam há muito, tornando-se
hegemônica e a partir daí parecia que a história imoral, predatória, corrupta e
anti-humana do capitalismo havia desaparecido. Passou tudo a ser a única
possibilidade de existir. Não havia mais espaço para pensar, raciocinar e lutar
por algo diferente.
Mas nem a história para
e nem as necessidades humanas desaparecem. Menos ainda num sistema que se caracteriza
por vantagens originárias dos muitos ricos que transferem suas heranças para os
rebentos, que criam sistema de merecimento discriminatórios na base e que
extraem continuamente riquezas de quem a produz sem lhes dar retorno.
É o sistema que nestes
estágio chegou ao topo do seu formato competitivo, individualista, consumista, excludente,
concentrador e monopolista. E chegou por uma questão central em filosofia: a
transformação icônica do que era a base para medir o valor do trabalho e da
mercadoria. A era do capitalismo financeiro, com seus fetiches e dinâmica de
jogo como num cassino de ganha ganha e perde perde.
Quem quiser continuar
comigo voltarei depois sobre o destino do Brasil. Será submeter-se à
necessidade da ordem capitalista e se tornar uma potência regional com as
mesmas característica monopolista e predatória?
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