O que se apresenta como fatos isolados, na verdade é uma
narrativa histórica muito perigosa.
Por isso fatos como as mortes de manifestantes no Egito, a
forte perseguição dos EUA aos seus cidadãos que denunciam arbitrariedades contra
os povos estrangeiros e o desmonte da vida privada das pessoas. Assim como o
episódio de quatro países ocidentais que não permitiram o pouso do avião do
Presidente da Bolívia. Do mesmo modo a grande tensão da direita italiana e da
Liga Norte contra uma Ministra negra que discute a questão dos migrantes. Assim
como a mais escandalosa notícia de que o Governo Inglês está indo aos bairros de
Londres com carros de som, panfletos e cartazes pondo medo em todos os
migrantes ilegais e prometendo cadeia para todos. A campanha é para que se
apresentem e tratem de ir embora. O governo os ajudará nos papéis necessários
ao seu caminho de volta.
Vans circulam pelos bairros de Londres que possuem maior
número de migrantes transportando outdoors e distribuindo panfletos com a
frase: Está no Reino Unido Ilegalmente? Vá para casa ou enfrente a prisão!
Também deixam um número de SMS para receber conselhos gratuitos de como deixar
o país.
Enfim a narrativa da crise do capitalismo liberal, deixando
as pessoas à própria sorte, ao desespero e à necessidade de salvar a sua pele e
da família no espaço exíguo que lhes restou. A conjuntura não é a mesma mas
possuem os mesmos sinais de intolerância e desarranjo social dos tempos que
antecederam a Segunda Grande Guerra Mundial e quando o Nazi-Fascismo surgiu
como uma opção histórica real. A campanha inglesa acirra o convívio entre os
daqui e os de fora. Expõe ao perigo até mesmo os migrantes legais que vivem no
país, além de ampliar enormemente a intolerância e os conflitos entre grupos,
com a possibilidade de estimular atos de extrema violência.
Estas políticas intolerantes costumam alimentar partidos e
movimentos políticos moldados nesta prática que se tornam grande risco para pluralidade,
a igualdade de direitos e a paz social.
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