TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O "Parque do Cocó" ( I ) - José Nilton Mariano Saraiva

Poluição desenfreada, formação da camada de ozônio e o conseqüente aumento da elevação da temperatura no planeta Terra são fatores que se interligam umbilicalmente, propiciando, hoje, um debate intenso sobre o “meio ambiente” (ou da necessidade de “preservação do verde”).
Aqui em Fortaleza, por exemplo, cidade que se verticaliza num ritmo impressionante, uma das raras áreas onde ainda se pode respirar ar puro é o Parque do Cocó, abrigo de uma fauna e flora diversificada e pujante (há placas nominando tudo).
Só que, quando ainda não havia essa preocupação toda com o “meio ambiente” (e a conseqüente qualidade do ar que respiramos), o empresário Tasso Jereissati, com foco no lucro por cima de pau e pedra, adquiriu uma extensa área do parque e construiu o seu Shopping Iguatemi (atualmente construindo/agregando mais 194 lojas às mais de 200 já existentes), além de um edifício de 12 andares, onde se enclausura em sua torre de marfim (seu quartel general).
À época, quando questionado sobre a “agressão” praticada ao meio ambiente e, até, sobre a possibilidade de, via judicial, se por o Iguatemi abaixo, Sua Excelência de pronto requisitou e colocou em marcha um verdadeiro exército de “sumidades”, a fim de comparecer às televisões, jornais e rádios da vida, desfraldando a bandeira de que ele, Tasso Jereissati, fora na realidade um benfeitor da cidade, porquanto tornara uma área degradada pelo sal grosso num espaço de convivência e diversão de gregos e troianos. Fotografias em tamanho gigante foram espalhadas pela cidade, mostrando homens trabalhando nas imensas salinas existentes onde se localiza o Iguatemi, enquanto que nas televisões filmes antigos retratavam a mesma coisa, em movimento. E o mote final era sempre o mesmo: graças a Tasso Jereissati, aquela área da cidade fora revitalizada.
No entanto, os que hoje se utilizam das trilhas existentes no Parque do Cocó para suas caminhadas diárias podem observar que, lá no meio da vegetação, em pleno coração da mata, entre o mangue e o gorjear dos pássaros, devidamente anunciadas através de placas apostas à margem, jazem as ruínas (paredes) da antiga “salina Diogo”.
Sim, amigos, por paradoxal que possa parecer, todo o complexo do hoje famoso Parque do Cocó já foi, num tempo não tão distante, “sal grosso puro”. E se atualmente a fauna e a flora fizeram foi diversificar-se, constituindo-se espécie de reserva de ar puro da nossa capital, trata-se de uma vitória da própria natureza.
Trata-se da prova provada de que Tasso Jereissati e seus áulicos mentiam para esconder o crime perpetrado ou desconheciam o poder de revitalização da natureza.
Não será favor nenhum se você optar pela primeira alternativa, sem pestanejar

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