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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Plano Real teria deixado o país de cócoras - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Plano Real é sentido como um alívio para o povo brasileiro que viu nele o fim da inflação galopante. No entanto esta unanimidade tem sido questionada em razão de sua base ideológica, de seus resultados em relação à subordinação do país às sete grandes economias, cujos estados nacionais são os verdadeiros protagonistas histórico e não o mercado como diziam o neoliberais. Trago aqui dois trechos de uma entrevista dada por André Araujo que escreveu o livro A ideologia do Plano Real.

O primeiro trecho é um soco no fígado: “O Plano Real reduziu o PIB de US$ 800 bilhões, em 1994, para US$ 530 bilhões, em 2001. Ao mesmo tempo, a dívida externa triplicou, a interna aumentou dez vezes e o patrimônio público foi quase todo vendido. Poucas vezes a história econômica registrou desastre maior. Ao basear toda a economia no setor externo, o Plano Real alienou a capacidade decisória do Estado Brasileiro e neutralizou sua elite empresarial – hoje sócia menor do capitalismo financeiro do hemisfério norte.”


O segundo trecho desmancha a tese de que os mercados fossem livres do Estados Nacionais. Na verdade o mercado globalizado é conduzido por sete nações. Eis o trecho do André Araújo quando pergunta sobre a supremacia do mercado aos Estado: “O mercado financeiro é hoje adulado e incensado pelos países que optaram pela cartilha neoliberal, mas ele não está acima dos Estados Nacionais do Grupo dos Setes, dos quais os mercados dependem para sua projeção internacional. O mercado só é forte porque, na sua retaguarda, garantindo seus investimentos, está o poder político e militar dos Estados Unidos e da OTAN. A Wall Street jamais desafiou o núcleo central de poder político dos Estados Unidos, a quem sempre obedeceu – o Federal Reserve, o Departamento do Tesouro e o Pentágono. Dizer que a Wall Street é independente, em relação ao Governo dos Estados Unidos, é como certos economistas dizerem que o FMI é uma grande cooperativa onde todos os países são sócios, omitindo que o Tesouro Americano controla totalmente as decisões desse órgão, no qual os interesses americanos têm precedência sobre quaisquer outras considerações. Os mercados são soberanos, portanto, em relação aos países sem liderança política e que se colocaram sob seu poder, mas, não estão acima dos grandes Estados Nacionais, os quais continuam tão fortes como sempre foram.    

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