Artista que despontou nos Salões de Outubro na década de oitenta no Crato,
Edelson Diniz tem propriedade no que faz
e fala. Criativamente inquieto, tem um trabalho que nos remete a cultura e a
religiosidade popular. Para o artista, no Cariri existe uma produção de
qualidade, mas alerta que o campo das
artes visuais precisa de incentivos para qualificar e difundir o que se faz por aqui.
Alexandre Lucas - Quem é Edelson Diniz?
Edelson Diniz - Pra ser sincero, acho estranho dizer quem eu
sou, sou estado de espírito, ás vezes artista, ás vezes bandido...
Alexandre Lucas – Como ocorreram seus primeiros contatos com a
arte?
Edelson Diniz - Foi com um irmão meu, ele desenhava quando eu era
criança, só que nunca se dedicou, seguiu outro rumo. Dai me senti a vontade pra
me apropriar do talento dele e aliar ao que eu ainda hoje tento fazer.
Alexandre Lucas – Quais as suas influências artísticas?
Edelson Diniz - Eu diria que tudo pode me influenciar, não
existe um cardápio de influências no meu processo de criação e construção.
Notoriamente pode se perceber certa apropriação de traços, cores e formas do
nosso folclore e da religiosidade popular, acho que é o mais evidente na
maioria dos meus trabalhos.
Alexandre Lucas - Fale da sua trajetória:
Edelson Diniz – Despontei nos Salões de Outubro em Crato, nos anos 80,
participei ativamente dos Movimentos OCA – Officinas de Cultura e Artes, Movimento
Xá de Flor. Depois fui funcionário da Secretaria de Cultura de Juazeiro por
quase 15 anos, foi de lá onde surgiu muita influência, uma vez que eu
desenvolvia um trabalho com os grupos folclóricos. Hoje, produzo e tento
sobreviver na medida das possibilidades do meu trabalho.
Alexandre Lucas - Como você caracteriza o seu trabalho?
Edelson Diniz - Múltiplo
Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?
Edelson Diniz - Não vejo relação prática entre política e
cultura, a cultura oficial inviabiliza muitas vezes a produção e criação
artística, vejo um certo excesso de teoria.
Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho?
Edelson Diniz - Não sei se contribuo socialmente com meu
trabalho, minha única meta, é encher os olhos de quem aprecia o que faço e
mostro. Pode ser que influencie de alguma forma em alguém, mas não existe uma
preocupação de focar uma contribuição.
Alexandre Lucas – Como você ver a produção das artes visuais na
Região Metropolitana do Cariri?
Edelson Diniz - A qualidade é boa, temos grandes artistas, a
produção poderia ser melhor, se houvesse mais incentivos, uma política pública
prática, que sugerisse infraestrutura para qualificar e difundir o que se faz
por aqui.
Alexandre Lucas – O Salão de Outubro fez história na região do
Cariri. Fale sobre o significado desse movimento para as artes no Cariri.
Edelson Diniz - Significou muito na época em que acontecia, o
formato era abrangente, o acesso era fácil, e a receptividade era a melhor,
diria que é o alicerce de todos os movimentos que hoje existem aqui no Crato
hoje em dia. Quem está à frente desses novos movimentos, passaram pelo Salão de
Outubro.
Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?
Edelson Diniz - Pretendo fazer uma sugestão de um projeto para iluminar e ornamentar a cidade
do Crato no próximo final de ano, sugiro que sejam criados critérios para
avaliação de projetos, tipo ver o lado técnico, pesquisa de arte etc, . Fica
sugestão.
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