TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O "seresteiro do Planalto" - José Nilton Mariano Saraiva

Como ninguém é de ferro, em determinadas ocasiões o então Presidente da República Lula da Silva reunia nos fins de semana alguns membros do governo, na Granja do Torto (uma das residências oficiais do Presidente da República), a fim de confraternizar e jogar conversa fora.

Evidentemente, predominava a informalidade (nada de agenda, assuntos sérios, paletó, gravata e por aí vai), até porque o objetivo era esquecer por algumas horas os grandes problemas da nação, a pressão diuturna e... se reoxigenar para a batalha da semana seguinte.

Alguns dos freqüentadores, entretanto, intimamente miravam mais à frente, porquanto já se falava abertamente, àquela altura, sobre a sucessão presidencial, vez que Lula da Silva se achava impossibilitado de concorrer mais uma vez (já houvera sido reeleito). E isso, claro, mexia com o ego e a vaidade de uns, que sonhavam ostentar o “passaporte” homologatório da candidatura sucessória das mãos do todo-poderoso chefe.

Para tentar viabilizar-se como tal (candidato indicado pelo presidente, sim senhor), alguns fugiam do lugar-comum e adotavam a heterodoxia plena, naturalmente partindo do pressuposto de que “não importam os meios empregados, conquanto o objeto de desejo seja alcançado” (nem que tivessem que se expor ao ridículo e à chacota de muitos, no decurso da engenharia política afeta).

Um dos freqüentadores assíduos de tais noitadas, Ciro Gomes (um megalomaníaco que se julgava uma espécie de “messias”) bolou um jeito todo peculiar de se chegar ao chefe ainda mais e agradá-lo mais que todos, na perspectiva de ser o escolhido: assim é que, sabedor da preferência musical do chefe, deu um jeito de colocar no “cardápio-noturno”, da Ganja do Torto, o “momento musical”: e aí, em plena madrugada do cerrado do planalto central, ecoava a sofrível voz do “seresteiro do planalto”, tanto melosa quanto interesseira.

O resto todo mundo já sabe: Lula da Silva não se deixou levar pela “puxação-de-saco”, preferindo privilegiar a competência, daí ter escolhido Dilma Rousseff para concorrer (com sucesso), à sua sucessão.

Cartas postas à mesa, Ciro Gomes, preterido e sentindo-se injustiçado, procurou as televisões para, em horário nobre, afirmar em alto e bom som que entre a candidata de Lula da Silva e a de José Serra (seu arquiinimigo), este seria muito mais preparado, porquanto, como ele, Ciro Gomes, já houvera sido governador, ministro e tal, enquanto Dilma Roussef não tinha nenhum atrativo em seu currículo.

Foi então que, orientada pelo mentor, Lula da Silva, a candidata a presidente ofereceu-lhe uma simples “coordenação de campanha”, no Nordeste. Foi o suficiente e bastante para emudecê-lo de vez. Tanto é que trocou de novo de posição: voltou com malas e bagagens para a candidatura Dilma Rousseff.


A pergunta, então, é: um cara desses, sem qualquer consistência programático-ideológica, é confiável ???  

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