Não sei como
esse assunto é tratado aí na cidade, mas me surpreendi com a notícia que saiu
publicada no blog Diário do Centro do Mundo (http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-papa-avisa-que-nao-e-marxista-investiga-um-bispo-do-ceara-e-mostra-que-e-mais-pragmatico-que-programatico/).
A matéria não tem como objetivo explorar a questão da cidade, mas põe o assunto
como um exemplo do perfil do Para Francisco. Na verdade a matéria deseja tirar
do colo do papa as acusações feitas por setores conservadores dos EUA em razão
do que disse o papa sobre o capitalismo.
O
PAPA AVISA QUE NÃO É MARXISTA, INVESTIGA UM BISPO DO CEARÁ E MOSTRA QUE É MAIS
PRAGMÁTICO DO PROGRAMÁTICO.
Numa
entrevista ao jornal italiano “La Stampa”, o papa foi questionado acerca das
críticas que recebeu dos ultraconservadores americanos. Eles se sentiram
ultrajados ao ver Francisco criticar o capitalismo em sua última exortação,
Evangelii Gaudium. Um líder do Tea Party afirmou que “Jesus Cristo está
chorando no céu ao ver que cristãos estão adotando uma filosofia socialista que
criou sofrimento e pobreza ao redor do mundo”.
O
jornalista Andrea Tornielli perguntou qual era a sensação de ser chamado de
“marxista”?
“A
ideologia marxista está errada”, disse o papa. “Mas eu conheci muitos marxistas
na minha vida que eram boas pessoas, então não me sinto ofendido”.
“A
parte mais forte da exortação é quando ela se refere a uma economina que
‘mata’”, continua Tornielli.
“Não
há nada na Exortação que não possa ser encontrado na doutrina social da Igreja.
Eu não estava falando de um ponto de vista técnico, o que eu estava fazendo era
pintar um quadro sobre o que está acontecendo. A única citação específica que
usei foi aquela que menciona as teorias que presumem que o crescimento
econômico, encorajado pelo livre mercado, vai inevitavelmente trazer mais
justiça social e inclusão para o mundo. A promessa era de que, quando o copo
ficasse cheio, ele iria transbordar e beneficiar os pobres. Mas o que acontece,
ao invés disso, é que, quando o copo está cheio, ele magicamente se torna maior
e nada chega aos pobres. Esta era a única referência a uma teoria específica.
Eu não estava, repito, falando de um ponto de vista técnico, mas de acordo com
a doutrina social da Igreja. Isso não significa que eu seja um marxista”.
Chamar
Francisco de “marxista” é palhaçada paranóica. Com sua agenda e a pregação
contra a desigualdade social, ele obliterou completamente seu antecessor, Bento
XVI. A opção pelos pobres está declarada desde o início de seu papado. Ele anda
num carro dos anos 80, recusou o Palácio Apostólico e está tentando moralizar o
Banco do Vaticano. Um homem prático.
Num sermão
em novembro, disse o que Jesus faria com um corrupto que rouba dos pobres.
Citando São Lucas: “Seria melhor para ele se colocasse uma pedra ao pescoço e
fosse atirado ao mar’. Em sua administração, já afastou o alemão
Franz-Peter Tebartz-van Elst, apelidado “bispo do luxo”, de Limburgo, depois de
ele gastar 35 milhões de euros na construção de sua casa (a obra incluía uma
banheira de 15 mil euros).
Agora
um bispo brasileiro está sendo acompanhado de perto. Dom Fernando Panico, do
Crato, no Ceará, é acusado de vender casas da diocese num esquema. Responde por
estelionato e formação de quadrilha. Panico esteve com o papa em outubro,
oficialmente para discutir a “reabilitação canônica” do padre Cícero e a
beatificação de Benigna Cardoso da Silva. Fontes no Vaticano afirmam que o papa
estaria analisando o que fazer com Panico.
Francisco
é mais pragmático do que programático.
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