Lendariamente, “milagres” são fenômenos que não acontecem todos os dias.
E mais: tal qual um raio, não caem (ou ocorrem) num mesmo local. E exatamente
por isso, por serem raros, esporádicos, estanques e solitários, guardam certa
curiosidade.
A reflexão é para lembrar que o jornal O POVO (deste 19.01.14, página
38) nos informa que quando do (suposto) “milagre da hóstia”, nada menos que 93 (noventa
e três) “encenações” ocorreram no interstício de 02 anos, e todas na “capela-teatro”
do Socorro, em Juazeiro do Norte. Com data e hora previamente marcadas pra
acontecer.
Assim, em vista da “previsibilidade” e da atuação de “multiplicadores”, de
pronto deu-se a adesão de glebas de paupérrimos fanáticos de outros estados do
Nordeste. E o script era sempre o mesmo: o padre esperto, a beata inocente e,
vapt-vupt, fiat-lux: o (suposto) “milagre” se materializava. Sem maiores
delongas. Precisão de um relógio suíço. E assim, face à incessante difusão,
exponencialmente as platéias cresceram, daí terem sido necessárias a repetência
de incríveis 93 (noventa e três) “encenações” do (suposto) “milagre da hóstia”.
Resultado: física e organicamente debilitado, o “instrumento” provocador
do tal (suposto) milagre (Maria de Araújo) entrou em acelerado processo de
“saturação”. E como continuou sendo irresponsavelmente usado sem maiores
cuidados, o “instrumento” (Maria de Araújo) faliu. Porque explorada à exaustão.
De forma desumana e insensível.
Assim, quando tardiamente a Igreja acordou para o tal “fenômeno”, o
(suposto) “milagre” já atingira o objetivo colimado: beneficiar Cícero Romão
Batista. Que só então foi “descredenciado” pela hierarquia da Igreja Católica e
expulso das suas hostes, acusado de “charlatanismo”. O resto da história
todo mundo já sabe: ingressou na política e ficou rico.
Portanto, este é um “adendo” que se faz necessário à nossa postagem
anterior (“Os 100 anos de Maria de Araújo”) vez que objetiva mostrar que,
contrariando a lenda, em um mesmo local (“capela-teatro” do Socorro, em
Juazeiro do Norte), foram 93 (noventa e três) as “encenações” na tentativa de
“viabilizar” o tal (suposto) “milagre da hóstia”. Na realidade, uma fraude
grotesca, engodo sem tamanho, forçação de barra sem precedentes. Tanto que o
Vaticano, por assim considerar, até os dias atuais não o reconheceu (mas o fará
algum dia, por imposições político-mercantis, disso não tenham dúvidas).
Agora, aqui pra nós: “milagres” aos borbotões, produzidos como se fora
em “escala industrial” merecem mesmo alguma credibilidade ??? Onde já se viu algo
tão anômalo, excêntrico e extravagante ???
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