A prontidão com que a Diocese do Crato divulgou a conclusão
do inquérito policial contra o Bispo Dom Panico demonstra a necessidade do bom
trato público com figuras igualmente públicas. E entre as figuras públicas
algumas precisam de efetivo cuidado ao se tratar de eventuais evidências de desacertos
com os valores públicos por parte destas.
Políticos, governantes, representantes dos três poderes,
religiosos e personagens icônicos do movimento social e cultural. Vejam que não
inclui aí os grandes capitalistas, donos de mídia, entre outros, pois estes têm
o poder econômico e não representam o sentimento geral da sociedade como esses
que citei. Mas mesmo assim esses se inserem como dignos de respeito.
Quando um personagem da lista citada é atacado em sua
reputação pública é a própria sociedade que é atingida em seus valores e em seu
apanhado da realidade e da verdade que em parte estes valores públicos lhes agregam.
Por isso o debate público em torno deles precisa ser muito bem fundamentado.
A forma com que a grande mídia, as redes sociais e os blogs
tratam personagens dos movimentos sociais, culturais, os políticos e
governantes pode ser descuidada, pessoal e com uma linguagem agressiva e
adjetivada. E normalmente vem acompanhada de uma alguma disputa ideológica e de
formação política ou por interesse contrariado.
De certo modo o inquérito conclui que não houve crime de estelionato
por parte dos membros da diocese contra os inquilinos pois estes não tomaram
prejuízo. Isso não quer dizer que os inquilinos não tenham sofrido qualquer
constrangimento de outra ordem que não de natureza econômica (pelo menos nos termos
do inquérito). E também não quer dizer que os inquilinos não tivessem razão ao
fazer a denúncia policial pois esse é o modo correto de agir. Mas a nota da
diocese é real ao se queixar que foi no estelionato que a mídia tratou o caso.
Esse episódio é importante para que entendamos como são
tratadas figuras como os condenados da ação penal 470 por parte de setores da
mídia e da sociedade fazendo uso político. A respeito do assunto, mesmo não
sabendo nada sobre o que se trata, agora é notícia regional um suposto “mensalinho”
na Câmara de Vereadores do Crato e que poderia ser uma luz política em
benefício do ex-prefeito do Crato.
Antes que se contrariem com o exemplo do “mensalinho” esclareço
que vale para todo assunto dessa natureza o mesmo cuidado que se deve quando do
episódio que atingiu o valor público do bispo diocesano, ao se considerar os
termos da nota. Assim como vale para certas postagens que falam de pastores de
igrejas protestantes. Por exemplo, quem não sabe que parte dos ataques do
Sistema Globo contra o Bispo Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus
não tinha o dom da disputa comercial na rede de televisão?
Mas prestem atenção que não se trata de nenhum acobertamento
de danos públicos ou de tornar alguém acima de qualquer suspeita. Apenas se
trata de criar um código de valor público para se tratar de questões de
suspeição ou de efetiva condenação por decorrência de dano ao bem público ou a
integridade individual ou privada.
E faço um adendo. A crítica ao comportamento geral de uma
instituição pública como os políticos, os governantes, os representantes do
povo ou o Poder Judiciário é necessária e fundamental pois aí estamos falando
de sua função histórica para a sociedade. E especialmente para as sociedades
que se baseiam em Constituições que dão os parâmetros de seus valores
essenciais.
No caso da Constituição Brasileira ela institui um Estado
Democrático de Direito e tem entre seus princípios fundamentais “a dignidade da
pessoa humana”.
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