Em 13.08.14, o jovem candidato à Presidência da
República, Eduardo Campos, teve seu sonho interrompido de forma abrupta e
violenta, ao ser vitimado na queda do avião que o transportava para um ato
político, em Santos-SP.
Quatro dias depois (em 17.08.14), foi velado e
enterrado na sua querida Recife. Nesse interregno (14 a 16.08.14), o jornal
Folha de São Paulo houve por bem mandar seu pesquisadores às ruas a fim de auscultar
a população sobre em quem pretendiam votar na eleição que se realizará daqui a
menos de dois meses. Só que com um detalhe: já estampando o nome de Marina
Silva como substituta de Campos, embora nem homologada pelo partido sua candidatura,
ou seja, no auge da comoção fúnebre pela morte do candidato. Tabulados os
dados, o resultado não poderia ser outro: Marina Silva suplanta Aécio Neves (despachando-o
da corrida presidencial ???), e ameaça a então líder, Dilma Rousseff.
Ora, quem acompanha o noticiário político tomou
conhecimento que meses atrás Marina Silva literalmente “detonou” todos os partidos
políticos, por considerá-los um ajuntamento de pessoas com interesses não tão
republicanos, daí sonhar em fundar a sua “Rede Sustentabilidade”, que seria
algo diferente, conforme adiantou. Nunca, jamais parecida com um partido. A
partir da própria denominação: “rede” e não “partido”.
No entanto, por não atender às exigências da
legislação eleitoral, viu sua pretensão obstada e, então, esquecendo tudo o que
dissera e declarara publicamente sobre os “partidos políticos”, Marina Silva escolheu e filiou-se ao minúsculo PV,
concorrendo à Presidência da República, obtendo surpreendentemente quase 20
milhões de votos.
Agora, de olho na possibilidade de “herdar” tão
estupenda votação, o PSB se dispôs a funcionar como “barriga de aluguel” para
Marina Silva, oferecendo-lhe o lugar de “vice” na chapa encabeçada por Eduardo
Campos. E aí, picada pela mosca azul, Marina Silva mostrou que não tem “nada de
diferente” dos políticos tradicionais e se prostituiu de vez (por mera conveniência
pessoal), já que, por paradoxal, individualmente tinha o dobro das intenções de
voto do próprio Eduardo Campos, candidato cabeça-de-chapa.
E, como até hoje, tirante a questão ambiental ninguém
sabe o que pensa Marina Silva a respeito das questões “macros” do país (metas
inflacionárias, economia internacional, política energética, parceiros
preferenciais, pré-sal e por aí vai) o melhor mesmo é não se deixar levar pelo “voto-comoção”
e esperar que Marina Silva, se realmente for a candidata-herdeira, se desnude
nos debates que virão mais à frente. Aí, veremos quem é quem.
Além do que e por enquanto, será interessante
observar se os “falcões” do PSB aceitarão de bom grado que ela se eleja pelo
partido e abandone-o mais à frente para fundar a sua “Rede Sustentabilidade”,
como já o declarou em mais de uma oportunidade. Sem dúvida, uma desmoralização
pública para o PSB, ou o atestado inconteste de “sigla de aluguel”.
No tocante à pesquisa do DataFolha, não há como
não considerá-la “tendenciosa”, face ao inapropriado período em que se
realizou: quando ainda se processavam as buscas pelos restos mortais do
candidato e mesmo durante o seu velório. Claro que isso foi determinante para
se chegar ao resultado hoje divulgado.
Assim, independentemente dos atores políticos envolvidos,
resta-nos esperar pra ver se o “voto-fúnebre” prevalecerá nesse interstício de
dois meses até a eleição. Uma coisa é certa: muita água ainda vai rolar por
baixo dessa ponte.
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