Plantonista de final de semana de um desses Tribunais da vida, a
juíza de primeira instância da
3ª Vara da Família de Fortaleza, Maria Marleide Maciel Queiroz nunca imaginou
que ficaria conhecida não só no Brasil, mas internacionalmente (e de forma
negativa) ao, em atendimento à solicitação do Governador do Estado do Ceará,
Cid Gomes, proibir a circulação em todo o país da revista semanal ISTOÉ (contendo
reportagem-denúncia sobre seu envolvimento no caso Petrobrás); e, ainda por
cima, ao aceder ao pedido do Governador para
que enquadrasse a questão como “segredo de justiça” e, portanto, circunscrita a
uns poucos.
De pronto tal ato foi repudiado por gregos e troianos. A
Associação Nacional dos Jornais entendeu que a medida foi uma censura prévia e
classificou a decisão da juíza de lamentável; a Associação Nacional de Editores
de Revistas tachou-a como um “flagrante desrespeito à Constituição no tocante à
liberdade de expressão e pensamento”; alfim, acionado pela revista, o Ministro
Luiz Roberto Barroso, do STF, derrubou a liminar concedida pela juíza, por
considerar importante e fundamental a liberdade de imprensa para a construção
da democracia. Portanto, a emenda saiu pior que o soneto (um autêntico gol
contra), já que atraiu os holofotes sobre a face autoritária de Sua Excelência
e se tornou verdadeira coqueluche na Internet (redes sociais).
A propósito, com relação à tentativa frustrada do Governador do
Ceará de “ocultar” seu gesto autoritário (com a anuência da magistrada em
questão) através do tal “segredo de justiça”, convém lembrar que ano passado o
jornalista Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band, ao ser processado pelo Governador do Ceará,
também sob “segredo de justiça”, abriu mão de tal receituário jurídico ao “botar
a boca no mundo” em seu programa radiofônico: “Ser processado por alguma
crítica ou opinião é do jogo. Mas o sigilo, eu não concordo e por isso resolvi
contar sobre o processo no ar. Somos duas figuras públicas. Por que pedir o
sigilo? É medo de que se revele alguma coisa errada? Com isso não concordo e
não vou guardar sigilo”, afirmou.
É que, na ocasião da contratação do show de
Ivete Sangalo, pago com recursos públicos, Boechat afirmara que “quem fazia
canalhice era canalha”. E que Cid Gomes contratar um show com dinheiro público,
em um reduto eleitoral seu e de seu irmão (Ciro Gomes), era canalhice.
Portanto, o governador seria “um canalha”. E um “canalha-reincidente”, lembrou,
já que antes houvera torrado o dinheiro público para levar a esposa e a sogra
em uma viagem pela Europa, com dinheiro do contribuinte.
Para reflexão, fica a pertinente indagação de
Boechat: “Somos duas figuras públicas. Por que pedir o sigilo? É medo de que se
revele alguma coisa errada? Com isso não concordo e não vou guardar sigilo”,
Com a palavra, Sua Excelência o Governador do
Estado do Ceará, Doutor Cid Ferreira Gomes.
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