TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A BRIGA É MAIOR QUE A DERROTA DE AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem o Senador Aloísio Ferreira Nunes, candidato a vice-presidente junto com Aécio Neves foi para a tribuna do Senado reclamar de mentiras e chantagens na campanha eleitoral. Mesmo que alguém acredite na “sensibilidade” do senador, sou levado a crer que seu passado não o faça assim tão sensível.

Na verdade Aloísio está fazendo cenas públicas com duas finalidades. Quer matar dois coelhos de uma cajadada só. À primeira paulada pretende se antecipar a denúncias graves que a candidata Dilma tem contra as manobras sujíssimas da candidatura dele e de Aécio Neves. E, malandro velho, faz a partir de um sinal da própria vitoriosa no pleito em seu discurso comemorativo.

Dilma convocou a união nacional. Passou uma borracha nos ferimentos e manobras sujas da campanha. Diante desta disposição não tem porque ela relembrar as pesquisas eleitorais fraudulentas de dois institutos que foram utilizadas na campanha do PSDB, não tem que denunciar o papel da mídia que fez uma frente de destruição dela e do PT, não tem motivos para relembrar o uso eleitoral dos desvios da Petrobrás, não tem razões para continuar a denúncia contra a manobra fraudulenta da Veja, os milhões de reais utilizados para reproduzir capas da revista, o uso, caríssimo, das redes sociais para anunciar entre o sábado e o domingo a morte por envenenamento, com acusação direta ao PT, do doleiro delinquente.

Aloísio Ferreira Nunes, senador bem votado por São Paulo, põe uma sinuca de bico na Presidenta e seu partido. Diz que não quer o diálogo, denuncia apenas a campanha do PT, esquece as sujeiras da sua e com isso esconde toda as artimanhas conduzidas em nome do seu partido.

E agora a segunda paulada.

Ao levantar a voz desta maneira ele dá um cavalo de pau nas palavras do abatido Aécio Neves no dia da eleição quando admitiu a derrota, dizendo que tinha ligado para Presidenta Dilma para unir o país. Aloísio sabe que esta união não interessa ao PSDB, ele prefere a tese da divisão e da incompetência da Presidenta para conduzir os assuntos políticos do país. É isso que temos pela frente.

Nada de união. Nada de projeto comum. Esta é a ideia do PSDB.

Por outro lado o PMDB já quer a sua fatia de poder, a derrota ontem na votação do Decreto Presidencial que criava os Conselhos Populares foi um soco direto no fígado do setor mais à esquerda do PT. Ali a derrota foi da mobilização do poder popular o qual se apresentando de modo direto, reduziria as “tenebrosas transações” dos “representantes do povo.”   

A turma da Abril já comemorou a derrota. Espera que de derrota em derrota não aconteça a Reforma Política e nem a Regulação da Mídia. Quer dizer, não só a Veja, mas Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo e jornais televisivos do sistema. Mas na verdade a grande mãe de todas as derrotas é uma que nem o PT levantou a bola, mas se encontra na ordem do debate mundial.

Ontem foi a manifestação do Papa Francisco, o artigo do Paul Krugman dizendo que plutocracia não queria a democracia e temos conhecimento do impacto do livro de Thomas Piketty que é igual ao elefante incomoda muita gente.

E qual é esta reforma magna?

A Reforma Tributária. Aquela que derruba a absurda concentração de renda (85 pessoas mais ricas do mundo detêm toda a riqueza da metade mais pobre da humanidade), pode diminuir as desigualdades e promover políticas inclusivas que elevam a produção e a produtividade dos meios de vida de todo mundo. Só o dinheiro que este pessoal esconde em paraísos fiscais evitaria a morte direta de 29 milhões de pessoas, que faleceram precocemente em relação aos avanços da atual civilização.

Estamos no centro do velho debate. O lucro como instrumento de crescimento revela-se com a sua verdadeira face. Ao concentrar poderes em torno de pessoas, destrói a democracia e é um enorme fator regressivo nos fundamentos da civilização. Quando uma força produtiva inova em alguma coisa, imediatamente o lucro parasita este avanço a tal ponto que se esgota antes de todo potencial de mudança e melhoria de vida.

A reforma tributária, ainda que uma medida gradualista, não revolucionária, é um passo fundamental para ampliar o potencial das inovações e mudanças e é um ajuste de qualidade de vida das pessoas. A reforma é simples: muda a atual estrutura regressiva (taxa o consumo) para uma estrutura progressiva (taxa os mais ricos e detentores de grandes fortunas).


Estes detentores de grandes fortunas, até o Papa reconhece, não têm ética, cabeça e inteligência para conduzir o destino da humanidade.  

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