Ontem o Senador Aloísio Ferreira Nunes, candidato a
vice-presidente junto com Aécio Neves foi para a tribuna do Senado reclamar de
mentiras e chantagens na campanha eleitoral. Mesmo que alguém acredite na “sensibilidade”
do senador, sou levado a crer que seu passado não o faça assim tão sensível.
Na verdade Aloísio está fazendo cenas públicas com duas
finalidades. Quer matar dois coelhos de uma cajadada só. À primeira paulada
pretende se antecipar a denúncias graves que a candidata Dilma tem contra as
manobras sujíssimas da candidatura dele e de Aécio Neves. E, malandro velho,
faz a partir de um sinal da própria vitoriosa no pleito em seu discurso
comemorativo.
Dilma convocou a união nacional. Passou uma borracha nos
ferimentos e manobras sujas da campanha. Diante desta disposição não tem porque
ela relembrar as pesquisas eleitorais fraudulentas de dois institutos que foram
utilizadas na campanha do PSDB, não tem que denunciar o papel da mídia que fez
uma frente de destruição dela e do PT, não tem motivos para relembrar o uso
eleitoral dos desvios da Petrobrás, não tem razões para continuar a denúncia
contra a manobra fraudulenta da Veja, os milhões de reais utilizados para
reproduzir capas da revista, o uso, caríssimo, das redes sociais para anunciar
entre o sábado e o domingo a morte por envenenamento, com acusação direta ao
PT, do doleiro delinquente.
Aloísio Ferreira Nunes, senador bem votado por São Paulo,
põe uma sinuca de bico na Presidenta e seu partido. Diz que não quer o diálogo,
denuncia apenas a campanha do PT, esquece as sujeiras da sua e com isso esconde
toda as artimanhas conduzidas em nome do seu partido.
E agora a segunda paulada.
Ao levantar a voz desta maneira ele dá um cavalo de pau nas
palavras do abatido Aécio Neves no dia da eleição quando admitiu a derrota,
dizendo que tinha ligado para Presidenta Dilma para unir o país. Aloísio sabe
que esta união não interessa ao PSDB, ele prefere a tese da divisão e da incompetência
da Presidenta para conduzir os assuntos políticos do país. É isso que temos
pela frente.
Nada de união. Nada de projeto comum. Esta é a ideia do
PSDB.
Por outro lado o PMDB já quer a sua fatia de poder, a
derrota ontem na votação do Decreto Presidencial que criava os Conselhos Populares
foi um soco direto no fígado do setor mais à esquerda do PT. Ali a derrota foi
da mobilização do poder popular o qual se apresentando de modo direto, reduziria
as “tenebrosas transações” dos “representantes do povo.”
A turma da Abril já comemorou a derrota. Espera que de
derrota em derrota não aconteça a Reforma Política e nem a Regulação da Mídia.
Quer dizer, não só a Veja, mas Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo
e jornais televisivos do sistema. Mas na verdade a grande mãe de todas as
derrotas é uma que nem o PT levantou a bola, mas se encontra na ordem do debate
mundial.
Ontem foi a manifestação do Papa Francisco, o artigo do Paul
Krugman dizendo que plutocracia não queria a democracia e temos conhecimento do
impacto do livro de Thomas Piketty que é igual ao elefante incomoda muita gente.
E qual é esta reforma magna?
A Reforma Tributária.
Aquela que derruba a absurda concentração de renda (85 pessoas mais ricas do
mundo detêm toda a riqueza da metade mais pobre da humanidade), pode diminuir
as desigualdades e promover políticas inclusivas que elevam a produção e a
produtividade dos meios de vida de todo mundo. Só o dinheiro que este pessoal
esconde em paraísos fiscais evitaria a morte direta de 29 milhões de pessoas,
que faleceram precocemente em relação aos avanços da atual civilização.
Estamos no centro do velho debate. O lucro como instrumento
de crescimento revela-se com a sua verdadeira face. Ao concentrar poderes em
torno de pessoas, destrói a democracia e é um enorme fator regressivo nos
fundamentos da civilização. Quando uma força produtiva inova em alguma coisa,
imediatamente o lucro parasita este avanço a tal ponto que se esgota antes de
todo potencial de mudança e melhoria de vida.
A reforma tributária, ainda que uma medida gradualista, não
revolucionária, é um passo fundamental para ampliar o potencial das inovações e
mudanças e é um ajuste de qualidade de vida das pessoas. A reforma é simples:
muda a atual estrutura regressiva (taxa o consumo) para uma estrutura
progressiva (taxa os mais ricos e detentores de grandes fortunas).
Estes detentores de grandes fortunas, até o Papa reconhece,
não têm ética, cabeça e inteligência para conduzir o destino da humanidade.
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