Vamos à metáfora. Temos uma longa jornada. Passaremos no
interior de florestas úmidas, infestadas de insetos, animais peçonhentos,
predadores humanos, matagais intransponíveis (ou quase para possamos
continuar). Em seguida virão desertos sedentos, abrasadores, de cansativo areal
e dunas altas a ultrapassar. Andaremos sobre a neve. Beberemos em grandes lagos.
Sorveremos a lama quase ressequida de poças infectas. Uma longa jornada.
Mas resistiremos. Chegaremos ao destino. Mesmo que seja
apenas para o descanso eterno como gostam aqueles que apaziguam seus corações
temerosos. E chegaremos ao destino porque aprendemos a viver nos vários
ambientes. Teremos conhecimento para formular normas, regras, éticas,
solidariedade entre todos. Assim nós atravessaremos e quem sabe até nos
fixaremos em alguns destes ambientes. Afinal tudo parece uma passagem.
Mas nada é de passagem. Tudo carrega uma sensação de
plenitude que uma vez exposta ao avançar cronológico, se traduz como
eternidade. Mesmo quando distante destes ambientes habitados, nascidos,
gerados, eles, pelas partículas da anti-cronometria, se alojam na memória como
uma loja viva do continuo.
Por isso sempre temos duas mãos a ponderar o conjunto da
jornada. Numa a coerência com a realidade e o outro ser humano e noutra a revisão
do conhecimento porque a realidade se transforma. Portanto, sendo coerência e
revisão ao mesmo tempo, avança sobre a mudança preservando o corpo que se move
nesta jornada. Isso é válido desde a metodologia do conhecimento como passo
inicial até o passo mais geral que é a política.
Não se pode ter a pessoa como exclusivo alvo crítico de
grandes deformações. Isso é perder substância crítica. As grandes questões são
coletivas, são ideias, são comportamentos, preconceitos, manipulações,
artimanhas, enganações e outras tantas de igual sentido. Por mais que admire
alguém num intervalo, se ele se apega a tais práticas merece a reparação
crítica por representar a soberba de querer da jornada apenas a melhor parte.
Igual a Fernando Henrique Cardoso que, Presidente da
República, chamou os pobres aposentados da Previdência Social de vagabundos. E
hoje, numa insanidade argumentativa foi capaz de responder ao seu avantajado
salário de aposentado com a seguinte argumentação:
“Todo mundo reclama de
salário, que é baixo. Acho o meu razoável. Comparado com o que se ganha no
setor privado, aí significa muito, porque a aposentadoria do INSS é muito
baixa. Não é a USP que é alta, o outro que é baixo”.
FHC tem a aposentadoria de R$ 22.151,00.
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