Saiba
quem são os vilões
De primeira.
O outro.
Aquele que, aparentemente, lhe
expulsaria da posição em que se encontra, criaria barreiras ao seu caminhar,
prometeria um futuro diferente do desejado, que irritaria com o som alto, o
gosto estético, o ideário alternante, a fé desviante e assim por diante.
Sobretudo aqueles que, na falta de
explicação melhor, estariam na raiz da sentença prometida pelo sistema
econômico de que ficará mais rico e mais moralista.
E isso não se cumprirá para a quase totalidade das
pessoas. Este mal-estar generalizado de que não se chegará ao pódio do sucesso
e da posição de "primus inter pares" como semideuses de um Olimpo do
lixão.
Os liberais são os que mais vilões
temem. A santificação da individualidade foi aprisionada ao pódio do lixão de
modo que nunca se tem um valor moral sem que a medalha de ouro lhe seja dada.
Aos perdedores, as favas.
Não existe razão no jogo em que o
objetivo é um obstáculo. Um paredão intransponível o qual ninguém escalará e
nem derrubará. Apenas os que já estão do outro lado na ocupação prévia do
pódio.
Como apenas se olha para o Olimpo do
lixão, é na cata dos despejos que toda a história se dará. E cada mão que,
junto à garrafa pet vazia, tentar chegar, será o vilão.
O menor. O mendigo, aos que vão a pé
para aqueles que se movem em rodas. Os que dependem dos perdedores dependentes.
Os filhos. O outro no casal. O vizinho aparentemente mais bem-sucedidos. Os que
parecem ter mais sucesso.
E claro os torcedores e partidários
adversários.
Os vilões brotam diariamente como
vocábulos da sentença do sucesso impossível. Seriam necessárias outras
sentenças que não geram vilões.
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