TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 12 de setembro de 2015

"RATINGS" INFLADOS E... SUSPEITOS - José Nílton Mariano Saraiva

Sem que haja ainda um necessário de desejado modelo alternativo, que de forma honesta e imparcial privilegie o "contraditório" e faça uso de equações mais adequadas e consistentes (a China começa a esboçar um), o mundo hoje se fia cegamente, para o bem ou para o mal, no que é produzido e incessantemente divulgado pelos norte-americanos, mesmo que às vezes falte a devida comprovação (só para ilustrar, lembremo-nos da presumida  "morte" do saudita Osama Bin Laden, sem que absolutamente ninguém haja v isto o corpo). 

Por isso mesmo, o escarcéu provocado por pusilânimes e desonestos segmentos da mídia econômica brasileira, em razão do tal "rebaixamento" do rating do Brasil por parte da agência de classificação de risco americana Standard & Poor's, é por demais questionável. E por uma razão simplória: comprovadamente, foi uma decisão de cunho "político", porquanto levou em conta o momento difícil que atravessa a economia brasileira (perfeitamente suplantável), mas deixou de considerar, como deveria e honesto seria, as imensas potencialidades que temos a médio e longo prazos, bem como o robusto e confortável "colchão" de 400 bilhões de dólares das nossas reservas, além do "imedível" mar de petróleo que possuímos (um "ativo" acima de qualquer suspeita e que os próprios americanos estão de olho já há bastante tempo).

Há que se considerar, ainda, que não só a Standard & Poor's, mas igualmente as suas congêneres, as também americanas Moody's e Fitch, faz tempo que "pisam na bola" ou "escorregam na maionese", ao produzirem relatórios inconsistentes e mesmo desonestos (como o atual sobre o Brasil), porquanto estruturados num modelo questionado por economistas do mundo todo, mas que têm o poder (dada à inexistência de uma outra versão), de momentaneamente espalhar o "terrorismo" e destruir reputaçoes mundo afora.

Tanto é que, 10 anos atrás, quando as três agências encimadas avaliaram o "rating" ou nota de crédito dos títulos hipotecários norte-americanos como AAA (grau máximo de confiabilidade), investidores de todo o mundo "aceitaram o pepino" como crível e quebraram a cara ao adquirir tais papéis, porquanto baseados em empréstimos garantidos por propriedades sobrevalorizadas.

Naquela oportunidade, como a "avaliação" das tais agências mostrou-se sem a menor consistência, porquanto assentada em "títulos podres"emitidos irresponsavelmente, não demorou mito (2008) para que a tal bolha do mercado imobiliário americano "estourasse", levando o mercado de ca´pitais a uma crise financeira mundial sem precedentes, resultando na quebra do (teoricamente) inabalável e sólido banco de investimentos Lehman Brothers, possuidor de uma robusta e alentada carteira de títulos hipotecários (que viraram pó, de uma hora pra outra).

Assim, face a repercussão  mundial da "quebra generalizada" das bolsas de valores mundo afora e do pandemônio causado internamente, o governo americano literalmente se viu obrigado a injetar na economia astronômicos  850 BILHÕES DE DÓLARES para "amansar o mercado", ao tempo em que oficialmente considerou a agência de classificações de riscos Standard & Poor's como inidônea e responsável pela crise na economia mundial. Processou-a na Justiça americana, assim como impingiu-lhe pesada multa face o ocorrido. De sua parte, o austero diário Wall Street Journal acusou-a de má fé e de má conduta.

Como resultado, a Standard & Poor's virou "RÉ" em um processo movido pelo Departamento de Justiça dos EUA, que acusou-a de ter "mascarado" o grau de risco de investimento nos chamados papéis subprime (vilões da crise financeira desencadeada em 2008). Segundo a acusação, a empresa teria sido desonesta ao, propositadamente,  ter ocultado chances reais de preuízos a quem embarcasse naquela "canoa furada"  (como de fato aconteceu).

Sem saída ou argumentos, a Standard & Poor's houve por bem reconhecer tal acusação (que errou, sim, e grosseiramente), ao firmar um compromisso extrajudicial concordando em pagar ao Tesouro americano uma multa equivalente a quase US$ 1,4 bilhão (R$ 5,4 bilhões na cotação da época). O episódio findou por reacender o debate sobre a credibilidade das agências de classificação de risco e os possíveis conflitos de interesse envolvendo suas atividades (já que contratadas por "agentes do mercado").

No mais, há que se atentar que o governo norte-americano não é o primeiro a processar a Standard & Poor's pelas equivocadas e grosseiras avaliações; também um tribunal lá do outro lado do mundo (na Austrália) condenou a agência ao pagamento de uma indenização milionária por ter confundido e induzido os investidores locais com suas "falsas avaliações". Em Nova York, outro tanto de enganados investidores moveram ação similar.

No momento, como economistas de escol (inclusive lá de fora) já se manifestaram sobre o equívoco grotesco da avaliação da Standard & Poor's sobre a nossa economia, não seria o caso do governo brasileiro partir pra a ofensiva, contestando publicamente o método adotado e mostrando ao mundo as "mancadas-homéricas" por ela patrocinadas, via "ratings" inflados e sob suspeita, que objetivam prioritariamente elevar suas receitas e obter maior participação no mercado ??? 

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