AS CIDADES VIVIDAS - FARIAS BRITO
O
viajante foi tomado por outros ares à entrada da cidade, qual a Paulo um rasgo
nos céus o derrubou do cavalo, revelando-lhe a “nova mensagem”. Aquele que
chega nas primeiras residências tem a visão nas nuvens: “o que teus olhos vêm é
apenas o invólucro da realidade.”
Eis
que naquela cidade a morte disfarçou-se num bloco de carnaval. Que ao povo se
traduziu como se fora uma fantasia completa em que todos os dançarinos
pertenciam ao culto das armas e do ódio. Na fúria malsã, o assassino tentou
retirar a orelha da vítima e neste baixo instinto, foi barrado por uma faca de
cortar sabão.
Como
os donos das fábricas de gatilhos, miras e projéteis, tanto desejam, a cena não
terminou na pura morte da arma de fogo, houve mais um corpo caído por arma
branca. Nenhuma nova ordem se impõe que não seja, nas épocas comerciais, pela
negociação, até da vida.
Tudo
que o viajante encontra em Farias Brito é diferente das pequenas cidades
sertanejas. Em verdade, apenas os viandantes de pouca atenção conseguem
entender a mesma semelhança entre diferenças tão marcantes nas localidades dos
sertões nordestinos.
Algumas
seivas correm nesta cidade, entre elas o rio Cariús em banho de fertilidade.
Eis que a fertilidade é o centro do universo afetivo de toda a vida e se expressa
quando, cheio de orgulho e disposição, diz: uma fartura maior do que ela mesma
substantiva.
A
cidade carrega, em seu topônimo, a memória do pensador Farias Brito, cearense,
nascido em São Benedito e que se assemelhou às atuais forças dos pêndulos das
ideias, entre avançar e retroceder. Era o pensador reacionário, arraigado aos
preceitos religiosos e combatendo a evolução da filosofia crítica.
Três
nomes encantam o viajante. Um deles soterrado na história da cidade, cuja
beleza toma os sons de guizos, quem sabe de um sonho ritmado: qui-xa-rá. E a
seguir o berço da toponímia dos povos fundadores da história humana na região:
Cariutaba.
Entre
eles, um se eleva sobre todo o panorama dos homens norteando os lugares para
neles se reencontrarem. Canta, encanta-se e exalta-se a Serra do Quicuncá. O
viajante cheio de amor sai pelas vias além, ritmando sua alma peregrina:
qui-xa-rá, xa-rá, qui-qui. Qui-cun-cá.
Entre
tudo, cá para nós, que saudade do Quixará.
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