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sábado, 12 de julho de 2025

 PRISÃO “PREVENTIVA” PARA O BOLSONARO, JÁ – José Nílton Mariano Saraiva

Só um cego não vê que esse disse-me-disse tratando sobre Bolsonaro não passa de jogo de cena, de enganação pura, de enrolação completa, de ganhar tempo para preparar sua fuga do país, antes que seja posta em julgamento sua possível condenação por parte da Procuradoria Geral da República.

Essa conversa mole de Trump tecendo loas a Bolsonaro, de ficar garantindo ser ele uma pessoa honesta, trabalhadora e que luta pelo seu povo, e que ele, Trump, pode até intervir num país soberano e democrático como o Brasil (pagaríamos pra ver) só nos mostra uma coisa: que os mafiosos se entendem, que bandidos da mesma linhagem são solidários em momentos de aperreio, que um tem que ajudar o outro quando encrencados.

E como os dois são comprovadamente antidemocráticos, como os dois mentem aos borbotões, como os dois foram os cabeças e incentivadores de golpes contra as próprias instituições e, consequentemente contra o povo, não se pode postergar a condenação do Bolsonaro, ou ficar nessa de divulgar que seu julgamento está sendo ultimado, que a tendência é pela condenação e tal (é dar muita bandeira, no dizer popular).

Deixar que os filhos (mentirosos, ou da mesma estirpe do pai), fiquem deitando falação sobre a possibilidade de Trump acabar com a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros caso o Supremo Tribunal Federal desista do processo e proceda uma anistia ampla, geral e irrestrita aos participantes do golpe de 08.01 é, no mínimo, uma tremenda babaquice, a fim de descaracterizar o perigo iminente (ou terrorismo puro).

A essa hora (alguém duvida ???), Bolsonaro já deve ter obtido do Trump a garantia oficiosa de que a Embaixada americana do Brasil estará à sua disposição, a qualquer hora do dia ou da noite, para uma possível estadia por lá, por tempo indeterminado, ou até conseguirem embarcá-lo às escondidas, na calada da noite.

Como o próprio Bolsonaro já disse viver imaginando que a Polícia Federal o visitará numa manhã qualquer a fim de leva-lo à cadeia, por qual razão não atende-lo agora, prendendo-o preventivamente, enquanto a sentença definitiva não sai ???

Portanto, tornozeleira eletrônica nele, complementada por detenção “provisória-preventiva” em regime fechado e monitoramento de todos os seus movimentos, é o que se impõe (nada de colher de chá).

Não nos esqueçamos da máxima proferida por aquele velho filósofo, anos atrás, mas que continua tão válida nos dias atuais:  

“AOS INIMIGOS NÃO SE MANDAM FLORES, MAS, BANANAS... DE DINAMITE, PREFERENCIALMENTE DETONADAS Á DISTÂNCIA”.  

sexta-feira, 11 de julho de 2025

 BRASIL – A  BOLA DA VEZ   ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Não se constitui nenhum segredo que os Estados Unidos da América já há um certo tempo passam por sérias dificuldades no tocante a fontes energéticas, principalmente em razão da utilização desmedida do petróleo lá extraído.

 

Mas que, mesmo e apesar de, ao longo do tempo, enfrentar um corrosivo, desgastante e avassalador processo de decadência econômico-produtiva, se nos apresenta (ainda) como a maior potência do mundo em termos técnico-científico-bélico, embora a China, Rússia e Japão já “funguem” em seu cangote de forma ostensiva e ameaçadora, de um certo tempo até aqui.

 

Mas, como a “fonte” que sustenta esse suposto poderio americano - suas reservas petrolíferas - rapidamente se exaurem em função da “farra” e mau uso (seu consumo interno sempre se manteve nas alturas), sem que se lhes apresentem condições de diminuí-lo ou haja qualquer outra fonte alternativa no médio prazo, há, sim, a possibilidade iminente de um “stop” da atividade produtiva do próprio país, dentro de certa brevidade.

 

Portanto, pra que se mantenha a máquina em funcionamento, há uma imperiosa necessidade e um premente desafio de buscar, encontrar, extrair e até “ROUBAR” petróleo, onde houver petróleo abundante e em excesso (leia-se Oriente Médio, preferencialmente, dentre outros), senão o país mais poderoso do mundo inexoravelmente irá à lona, restará nocauteado.

 

Para consecução de tal mister, uma das mais eficientes armas utilizadas até aqui tem sido a distorção de informações (tal qual a utilizada pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial), propagadas por uma mídia corrupta, amestrada e dócil, que tem papel preponderante na fixação do uso de certos métodos heterodoxos de “convencimento”, objetivando sejam atropelados ou aniquilados aqueles que se lhes postarem à frente, ou, até, os que ousem contestá-los ou confrontá-los (desde quando, por exemplo, os americanos respeitam fóruns coletivos internacionais tipo a OTAN, ONU, G-8, G-20, BRICS e tal, quando resolvem que têm de intervir mundo afora ???).

 

Assim, nada mais conveniente e apropriado (pra eles, americanos) que, hipocritamente, se autoproclamarem e tentarem difundir e manter o galardão de “XERIFES” do mundo, defensores da raça humana e dos bons costumes, protetores dos desvalidos, última reserva moral do planeta, solução para todos os males dos terráqueos e por aí vai, mesmo que a sua belicista prática diária se contraponha à teoria.

 

Necessário, para tanto, a provocação e manutenção infindável de um “conflitozinho” básico com um país periférico qualquer, mesmo que a milhares e milhares de quilômetros (contanto que abarrotado de petróleo) a fim de que, quando a coisa apertar e se tornar necessário, possam descredenciá-lo, jogá-lo às feras, pô-lo contra o resto do mundo, invadi-lo e, assim, tomar de conta das suas portentosas reservas minerais.

 

Afinal, quem não lembra do ocorrido no longínquo Iraque, anos atrás, quando os "gringos", sob o fajuto e inconsistente argumento da existência de letais armas químicas com potencial de destruir a própria humanidade, acionaram sua mortífera e poderosa força bélica com o objetivo único e exclusivo de apoderar-se do petróleo iraquiano, como realmente aconteceu (desde o começo desconfiava-se, e posteriormente se comprovou tratar-se de uma deslavada mentira o argumento das armas químicas).

 

Para tanto, na oportunidade, e sem nenhum escrúpulo, anunciaram e difundiram além mares a intenção de caçar, julgar e assassinar em tempo recorde o ditador-presidente Saddam Hussein. O que foi feito de pronto e sem maiores tergiversações (na forca e com transmissão ao vivo e a cores para todo o planeta). Uma descarada “interferência indevida” em assuntos internos de uma nação independente ???

 

Fato é que, como à época não houve maiores protestos ou reações, hoje os “xerifes” do mundo já tomaram de conta também das infindáveis jazidas petrolíferas do vizinho Irã, mesmo que para tanto tivessem que provocar mais uma carnificina num país distante; para tanto, e provocativamente, nada como assassinar covardemente (via mísseis) uma das figuras mais queridas dos iranianos, o general Qasem Soleimani, segundo nome na hierarquia daquele país, sob o argumento de que ele estaria a se preparar para assassinar americanos por todo o mundo (embora nenhuma evidência haja, sobre).

 

Fato é que, agora, que está comandado por um desqualificado e perigoso belicista de primeira hora, além de um potencial sonegador de impostos (Trump), a bola da vez é o nosso Brasil, porquanto, além de já ser um país que produz o próprio petróleo, oriundo do pre-sal, uma nova descoberta de jazidas petrolíferas superlativas (no litoral do Amapá), atrai a atenção de todo o mundo.

 

O inusitado, aqui, é que tão abjeta figura (Trump) conta com o apoio aberto, covarde e injustificável de um tosco e desequilibrado ex-presidente da república brasileiro (aquele que bate continência para a bandeira americana) que, já condenado pela Justiça brasileira por tentativa de golpe de estado, agora clama pela intervenção americana num país livre e soberano, sob o pífio argumento de irregularidades na eleição da qual saiu derrotado (na realidade, objetiva fugir da prisão iminente, sem se preocupar com o destino do país). Como tá demorando essa prisão...

 

De outra parte, nascido em berço de ouro e com o nome tomado emprestado de um personagem da Disney (Pato Donald), Donald Tramp sempre foi uma figura arrogante, prepotente e explosiva, e fez a própria fortuna atuando no suspeito ramo imobiliário americano. Foi um exímio sonegador de impostos durante anos e anos, mas sempre deu um jeito de fugir das raias da justiça.

 

Mais recentemente, ao também perder a eleição presidencial, instigou e sugeriu que seu rebanho atentasse contra o Estado Democrático de Direito e depredasse as instalações do Congresso Americano. O que foi feito, para espanto do mundo todo (e ele, que ficou de flozô, assistindo tudo de camarote, nenhuma punição sofreu).

 

Só que, ao “tomar corda” e pegar carona na barca furada de uma figura mafiosa e desprezível, que hoje o mundo todo reconhece como um golpista desqualificado (Bolsonaro) Tramp esquece que o Brasil não tem qualquer similitude com o Iraque e o Iran, e que um atentado ou tentativa de invasão contra um governo democraticamente eleito repercutirá profunda e negativamente para seu próprio país.

 

Alfim, uma simplória pergunta: se são tão valentes e protetores da humanidade, por qual razão não se metem com a China e a Rússia, que se acham assentadas e também “lambuzadas” num mar de petróleo ??? Será que o arsenais nucleares chinês e russo os assusta tanto ???

 

Ou temem um outro 11 de setembro ???

 

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Post Scriptum: 

 

Não esqueçamos que foi Bolsonaro, em 2019, que assinou o  acordo que ainda hoje permite o uso comercial da Base de Alcântara (MA) pelos Estados Unidos, durante sua visita a Washington (aliás, não há um prazo final para a retirada de lá  dos “yanques” e nenhum brasileiro pode acessá-la);

Foi também no governo Bolsonaro que se deu a abertura do setor de petróleo e gás, com a realização de leilões e a intenção de privatizar a estatal Pre-Sal Petróleo. No entanto, logo que assumiu, em 02.01.23, o Presidente Lula da Silva determinou a revogação do andamento das privatizações de oito estatais, incluindo também a própria Petrobras.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

 CIRO GOMES, BEIJARÁ A MÃO DO BOLSONARO ??? - José Nílton Mariano Saraiva

Na perspectiva de se confirmarem as notícias veiculadas pela mídia política cearense, nos dando conta que no seio de agremiações partidárias tupiniquins às mais distintas, existiria realmente um projeto de lançar a candidatura do senhor Ciro Gomes à governança do Estado do Ceará, na eleição de 2026 (embora este tenha afirmado de público, em mais de uma oportunidade, que não mais concorreria a qualquer cargo público, em razão da rotunda reprovação do seu nome junto aos eleitores), é plausível imaginarmos que o majoritário PL (Partido Liberal) deverá comandar essa verdadeira “torre de babel”, que começa a ser erigida por essas bandas.

E como no PL a figura mais proeminente em termos de país é o Jair Bolsonaro (Valdemar Costa Neto é apenas e tão somente um presidente babaquara, simbólico), não há como negar, então, que deverá passar pelo seu crivo (do Bozo) a aprovação homologatória para que a candidatura Ciro Gomes se viabilize.

Em se concretizando tal desiderato, aí Ciro Gomes terá não só que, protocolarmente, “beijar” a mão do novo chefe, assim como deverá convida-lo para – juntos -   nos palanques da vida e, ao vivo e a cores, em nossas casas, via TV, à busca dos votos dos “desavisados” (os integrantes da “gadolândia” cearense, sozinhos, não serão suficientes para tal mister).

Fato é que será realmente uma cena histórica e inusitada (a conferir) a aparição dos dois (Ciro Gomes e Bolsonaro), sorridentes, lado a lado, desdizendo toda a adjetivação pornográfica que usaram, reciprocamente, um contra o outro (ladrão, corrupto e por aí vai), em embates recentes.

No mais, ao presidente de fato e por lei do PL, o ex presidiário Valdemar Costa Neto, restará assistir, de camarote, o histrionismo em seu mais puro esplendor.

Quem imaginaria.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

 “MOVIDOS PELO ÓDIO E IRRACIONALIDADE” – José Nílton Mariano Saraiva

 

Depois de ter afirmado e reafirmado, de forma incisiva e  peremptória, que não mais se candidataria a nenhum cargo eletivo, em termos de Brasil, tendo em vista a acachapante, vexaminosa e humilhante votação obtida na última eleição da qual participou (para Presidente da República, em 2022, quando obteve raquíticos ou pouco mais de 3.0% dos votos, ficando atrás até da estreante Simone Tebet), eis que o falastrão-demagogo, Ciro Gomes, já admite concorrer ao Governo do Estado, no próximo ano, através de uma inédita e heterogenia parceria política que começa a se formar aqui no Ceará (na verdade, trata-se de uma miscelânea de partidos de espectros políticos tão díspares quanto inimagináveis).

 

Movidos pelo ódio visceral ao presidente Lula da Silva, o objetivo precípuo e fundamental de tão destoantes figuras, evidentemente a serem comandadas por Ciro Gomes na condição de candidato principal, é derrotar, a nível estadual seu ex amigo Camilo Santana, e a nível Federal, o atual Presidente da República.

 

Para tanto, pouco importa que um dos principais entusiastas e avalizadores da sua campanha seja o bolsonarista mor do PL no Ceará, o ultra conservador, vazio e reacionário Deputado Federal, André Fernandes, até outro dia seu maior desafeto político.

 

Tanto isso é verdadeiro que, deixando de lado qualquer escrúpulo, na chegada Ciro Gomes tratou logo de agradar à principal estrela do PL, Jair Bolsonaro, ao tomar a iniciativa de lançar e prometer apoio “full time” (em tempo integral) para o Senado Federal, o desconhecido pastor evangélico Alcides Fernandes da Silva, coincidentemente pai do André Fernandes (não esquecer que o irmão Cid Gomes está em final de mandato no Senado e com direito assegurado de tentar a reeleição: ou seja, poderemos ter o inédito confronto Cid Gomes X Ciro Gomes, através do candidato do PL indicado por este último).

 

Em termos práticos (ou trocando em miúdos), a concretização de tal cenário implicitamente significará que Ciro Gomes – quem diria – movido pelo ódio e irracionalidade, aliou-se definitivamente a Jair Messias Bolsonaro, visando derrotar Lula da Silva na corrida à Presidência da República.

terça-feira, 1 de julho de 2025

É isso mesmo: é “nós contra eles”

Edward Magro)

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 Atualizado em 1 de julho de 2025 às 12:28

Nas últimas legislaturas, a escolha do presidente da Câmara, no Brasil, não tem sido exatamente um exercício democrático. Tem sido, antes de tudo, um rodízio no comando de um negócio sujo — muito sujo — e altamente lucrativo.

Sai Arthur Lira, entra Hugo Motta. Antes deles, Eduardo Cunha. A linha de sucessão é nítida: um gângster forma o outro e passa-lhe o bastão da rapinagem. Motta foi criado em cativeiro por Cunha. Foi adestrado, moldado, lapidado para manter a engrenagem da impunidade funcionando com precisão. E funcionando muito bem, sobretudo para quem jamais pagou impostos. Nem pretende.

A sucessão gangsteriana garante a eles a sobrevida pelo exercício contínuo da impunidade. Hoje, mesmo sem cargo, Eduardo Cunha, operador do golpe de 2016, desfila livremente pelos corredores do Congresso como uma celebridade da delinquência institucional: a prova viva de que, no Brasil, para defender os endinheirados, o crime compensa.

Já foi condenado, cassado, denunciado. Mas lá está, lépido, oferecendo conselhos a quem quiser aprender como delinquir com elegância, e sair ileso. É um farol. Uma luz negra que guia os caminhos do centrão e do bolsonarismo. Pelo que consta, Lira, mesmo atolado em denúncias, continua sendo o crupiê da jogatina parlamentar.

Desde o golpe que alçou Michel Temer à presidência, o Congresso deixou de ser uma arena política para se tornar filial do sistema financeiro. A pauta é ditada por banqueiros, fundos de investimento, rentistas e, agora também, pelos donos das casas de apostas.

O voto virou ativo. O deputado, passivo. Não é metáfora: o capital financeiro investe em campanhas e, como não há almoço grátis, exige retorno. Lucro, aliás, é o que move cada vírgula aprovada sob a maravilha arquitetônica de Niemeyer.

Não por acaso, quando se discutiu a taxação dos BBB — Bancos, Bilionários e Bets — o Congresso respondeu com um “não” silenciosamente retumbante. Um “não” obediente, prestativo, quase submisso. Um “não” calado, sem explicações. Apenas “não”. E o eleitor que aguente.

Afinal, o Brasil tem um dos povos mais tributados e uma das elites mais isentas do planeta. E isso, curiosamente, não constrange nossos rentistas; mesmo num mundo em que há bilionários clamando por tributação de suas próprias fortunas.

Para garantir o resultado da votação, realizada nas altas horas da noite, enquanto o trabalhador dormia para enfrentar o dia seguinte, os jornalões e as emissoras de TV fizeram o que sempre fazem: durante uma semana inteira, manchetes e colunistas bradaram contra a “insegurança jurídica” de tributar os ricos.

A tal “punição ao mérito” foi elevada à condição de tragédia nacional. Nas redes, a milícia digital de perfis falsos contratados despejou memes ridículos sobre o “perigo comunista” de cobrar imposto de quem lucra bilhões sem dar nada em troca.

Tudo parecia alinhado para mais uma encenação do velho teatro neoliberal. Mas, desta vez, algo saiu do script. O governo — Lula, Haddad e companhia — rompeu o silêncio e foi à luta. Explicou, confrontou, desmascarou. E o caldo entornou. A opinião pública, geralmente tratada como distraída, percebeu o truque. E foi o bastante para disparar o alarme entre os donos do poder.

A reação veio pelas mãos sedosamente hidratadas de João Doria. O lobista do atraso convocou uma reunião de emergência com “empresários” — leia-se, financistas de punho rendado, especialistas em viver do suor e do sangue dos outros — para exibir apoio a Hugo Motta e animar os deputados a seguirem firmes em sua disposição de usar o Legislativo para institucionalizar, com toda a liturgia legal, o assalto ao orçamento público.

Era preciso garantir que o plano de continuidade não escorregasse na lama da opinião popular. Acalmar o mercado. Manter o Congresso na coleira. E deixar claro, para o cidadão comum, quem é que manda ali dentro.

Para mim, esse convescote apressado é, ao que tudo indica, um sinal de fraqueza. Eles sentiram o golpe. Estão frágeis. Tenho para mim que, pela primeira vez em muito tempo, o capital hesita. Pela primeira vez, os ventríloquos do poder temem que o público resolva ouvir sua própria voz.

Ontem, a mídia deu palco para Hugo Motta anunciar um rompimento com Haddad, acusando o governo de estimular o discurso do “nós contra eles”. Pois que seja! É isso mesmo. De um lado, o povo que paga impostos e mal usufrui dos serviços públicos; de outro, uma elite rapinante que se apropria da parte mais robusta do orçamento nacional.

Que bom que o governo foi direto ao ponto. Que ótimo que Motta acusou o golpe — e partiu para a chantagem aberta.

É agora. Hora de irmos às ruas. De lembrar que, desde 1889, quando a República foi proclamada para livrar a elite agrária dos impostos imperiais, os ricos deste país vivem sob um regime de exceção fiscal. O tempo passou. A lógica ficou. Até hoje, o Brasil segue sendo um dos raros lugares onde um bilionário paga, proporcionalmente, menos imposto que o camelô da esquina.

Essa escolha não é apenas econômica. É moral. Ou seguimos aceitando que o país seja governado por prepostos do capital, ou retomamos as rédeas da democracia. Hugo Motta não é novidade. É apenas o novo gerente da velha rapinagem. Mas eles não são eternos.

Eles têm o dinheiro. Nós somos o número. Se ousarmos, podemos derrotá-los. 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

 

CRÔNICA DE UMA COVARDIA ANUNCIADA (Edward Magro)

Vi apenas um pedaço da oitiva do miliciano genocida. E bastou. Não por distração, tampouco por falta de interesse, mas por respeito aos meus "instintos mais primitivos". Há cenas que, assistidas por tempo demais, comprometem não só o fígado cívico, mas também a flora intestinal da dignidade.

 

Sofro, e não escondo, de uma dupla fragilidade pessoal que muito me limita como espectador do grotesco. A primeira, fisiológica: meu estômago não tolera vermes, sobretudo os rastejantes — essa subcategoria biológica que transita entre a baixeza e o cinismo com espantosa desenvoltura, como é o caso do meliante em "cuestão".

 

A segunda, moral: nutro amplo, geral e irrestrito desprezo por cagões. E não me refiro aqui à frágil condição humana diante do medo legítimo, mas à covardia como método — esse hábito vil de esconder-se atrás de bravatas e fanfarronices, de posar de herói no meio da brodagem enquanto, na vida real, se é apenas um frouxo.

 

Do pouco que assisti, bastou-me a cena do bravo valentão da 5ª série — outrora herói de cercadinhos patrióticos — agora entupido de calmantes, suando mais do que estagiário em entrevista de emprego. Senti pena, sim, mas não dele. Pena de um Brasil que, depois de tudo, ainda oferece crédito moral a um peidorrento dessa magnitude. Um país que tolera esse tipo de bravateiro de fralda emocional precisa urgentemente de um Bolsa-Sanidade.

 

A performance foi exemplar. No pior sentido possível, é claro. O valentão, aquele que prometia resistir à bala e desobedecer a qualquer ordem do STF, portou-se como todo fascista: covarde, mentiroso e, acima de tudo, cagão. Muito cagão. Não há aqui insulto gratuito, mas diagnóstico político. A coragem dos fascistas é sempre performática; a verdade, um risco a ser evitado; a retórica, uma cortina de fumaça produzida, em geral, pelos mesmos gases que propulsionam suas convicções intestinais.

 

E, ainda que breve tenha sido meu tempo diante da tela, vi o suficiente. Suficiente para constatar que o golpista, especialista em montar sua própria forca, lançou-se ao precipício com a corda cuidadosamente enrolada no pescoço. Sua capacidade de autoincriminação foi exuberante, para dizer o mínimo. A mesma toada foi seguida pelos outros três milicos militares e pelo milico civil, todos tão peidorrentos quanto. Cada um deles teve, como exige o devido processo legal, a chance de se defender. Poderiam, com alguma inteligência, um pouco de pudor e respeito à inteligência alheia (e à do juiz), gabaritar o tal standard probatório que os advogados tanto gostam de invocar. Preferiram mentir. Escolheram continuar arrastando uma mentira viscosa e venusiviana, cheia de fantasias exo-esotéricas, coisa de alucino-siderado. A recompensa por tanto empenho virá na forma de uma condenação robusta. E merecida. Pelo grotesco espetáculo que protagonizaram, não há como escaparem das penas máximas.

 

Do ponto de vista estético, foi um dia horroroso para a humanidade. Um desfile de olhos vermelhamente cocainados, orelhas baixas, olhares bovinos, bocas pergoteadas, vozes fracas e trêmulas por excesso de calmantes — típico de quem sempre esbravejou nos bastidores, mas, diante do juiz, se borra como colegial flagrado colando na prova. Curiosamente, porém, para a democracia, foi um dia glorioso. Não pelas respostas — que não foram dadas —, mas porque o próprio teatro-zumbi, por mais grotesco, escancarou a verdade como só o ridículo é capaz de fazer.

 

Há quem diga que o riso é uma forma de resistência. Neste caso, o riso veio acompanhado do asco. Rimos porque não queremos vomitar. Mas não há como não rir, com ironia e desprezo, de quem passou a vida vociferando força e honra para, no momento crucial, se mostrar um rato tremelicante à beira do ralo, em suma, um! peidorrento cagão.

 

O Brasil, nosso querido país de memória curta e estômago de avestruz, talvez se esqueça logo do que viu. Mas seria interessante registrar, em letras miúdas — ainda que aqui, nesse desprezível Facebook — que, naquele dia, cinco peidorrentos sentaram-se diante da nação e confirmaram, com a própria boca, aquilo que os intestinos do poder já sabiam: não há coragem possível em quem vive da mentira. E não há redenção para quem faz da covardia seu suporte existencial.

 

Sim, foi um dia de glória. E o fedor que ficou no ar é apenas o perfume tardio da justiça que se anuncia."

quarta-feira, 11 de junho de 2025

 O ”GATINHO" E SUA “GATOLANDIA DESVAIRADA” – José Nílton Mariano Saraiva


“Nem eu esperava que ia me eleger presidente, tendo em vista quem eu era”. A frase, proferida ontem pela mediocridade de nome Jair Messias Bolsonaro, quando frente a frente com o sério, austero e preparadíssimo Ministro Alexandre de Moraes é, pura e tão somente, o autorreconhecimento do seu despreparo, da sua insignificância, da sua mediocridade, da sua falta de caráter (tanto que jogou a culpa de todo o ocorrido para colegas de farda e tachou de “malucos” todos os que, atendendo ordens dos militares, participaram do quebra-quebra de Brasília no 08 de janeiro). Mas, todos sabemos que não foi bem assim.

Para quem, meses atrás, do alto de um palanque armado em plena Avenida Paulista, gritou a plenos pulmões, sob o aplauso da gatolândia desvairada, que o Ministro não passava de uma “canalha” e que, a partir daquele instante não mais obedeceria ao STF, deve ter sido deprimente vê-lo literalmente “miar” ante o mesmo ministro, (com transmissão ao vivo para todo o Brasil) já que nervoso, trêmulo e balbuciante; assim, por mais de uma oportunidade pediu desculpas pelos excessos cometidos no passado, porque... “era o meu jeito” (não, por favor, nada de compara-lo ao grande Frank Sinatra).

Fato é que, nunca antes na história desse país, assistimos a uma desmoralização pública tão acachapante, tão vergonhosa e tão merecida, renovando nossas esperanças de que a sua condenação está próxima (possivelmente lá pra meados de setembro).

E aí, festa para advogados famosos, que já lambem os beiços e preparam o bote, porquanto sabedores da fortuna (R$ 18 milhões) que o próprio conseguiu, via PIX, dos idiotas componentes da gatolândia desvairada; , irão alegar que, pela idade e devido a problemas de saúde (forjados), o vagabundo deve simplesmente usar tornozeleira e ir para casa desfrutar dos milhões doados por imbecis da sua laia (tai o Collor de Mello, condenado, mas cumprindo pena numa cobertura de tão somente 600 metros, na praia mais famosa de Maceió; a essa altura, a tornozeleira já deve ter sido removida e, assim, na calada da noite, o distinto deve frequentar alguns points privativos de gente cheia da grana).

Portanto, que os integrantes do Supremo Tribunal Federal não caiam nessa, porquanto os crimes cometidos por essa figura horrenda e horrorosa não merecem compaixão; então, deverá ser Papuda ou Bangu o destino futuro desse babaca imprestável, sob pena de uma frustração amazônica tomar de conta de todo o país.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

 O “PASSARINHO” VOOU E ALEXANDRE DE MORAES DANÇOU

Certamente que, por não lembrar do velho adágio popular segundo o qual “aos inimigos não se mandam flores, mas, sim, bananas... de dinamite”, (preferencialmente detonadas à distância) é que o diligente ministro Alexandre de Moraes dançou feio e solenemente, e por duas vezes consecutivas, num prazo razoavelmente curto.

Num primeiro momento, quando houve por bem devolver à recorrente provocadora do próprio Supremo Tribunal Federal, Deputada Federal, Carla Zambelli, o seu passaporte, que havia sido apreendido em meio às investigações sobre a invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça-CNJ – processo no qual foi condenada no Supremo Tribunal Federal; pressupunha, então, o Ministro, que ela não oferecia risco para a instrução do processo penal". Ledo engano, como se constata agora.

Nos dias recentes, depois que a citada Deputada foi condenada a 10 anos de prisão em razão da sua participação ativa e de arma em punho às vésperas do 08 de janeiro, era perfeitamente previsível que ela não aceitaria passivamente tal decisão e, de alguma forma, tomaria alguma atitude extrema, daí a necessidade de se tomar alguma medida preventiva urgente e drástica, como, por exemplo, a retenção imediata (de novo) do seu passaporte.

Como isso incompreensivelmente não foi feito, só depois de longos 20 dias de condenada o “passarinho voou” pra longe (Itália), e agora, de lá, voltou provocativamente a gorjear, garantindo em suas redes sociais que não mais retornará ao Brasil, devido a uma suposta ditadura do Judiciário (não esqueçamos que, antes, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos, ao pressentir que também seria enjaulado).

Já por aqui, nesses dias, teremos o depoimento dos “cabeças” do 08 de janeiro e, como as provas são claras, contundentes e cristalinas, a tendência é que sejam condenados, à frente o chefe da gangue golpista, Jair Bolsonaro.

Eis que, um dos generais do exército, amigo do próprio, conhecedor dos meandros e labirintos de Brasília, já teria lhe confidenciado que ele deverá mesmo ser condenado, daí não ser nenhuma surpresa que também ele se mande, clandestinamente, já que lá atrás afirmou com todas as letras que não nasceu pra ser preso.

De uma coisa tenhamos certeza: se alfim de tudo isso Bolsonaro também fugir (a senha já foi dada) e não for pra cadeia, o Supremo Tribunal Federal restará lamentavelmente desmoralizado e o país definitivamente à deriva.

Uma pergunta final: Por que será que os arrogantes bolsonaristas são tão frouxos e fujões, incluindo o próprio ???

 

Post Scriptum:

Circula um vídeo, na Internet, onde a ex deputada Joice Hasselmann, de São Paulo, ex bolsonarista doente, narra de viva voz que, meses atrás, num contato pessoal com a Carla Zambelli, ao ser por ela provocada, teria lhe narrado uma conversa no gabinete presidencial, quando o então presidente lhe inquiriu se era mesmo verdade que ela (Zambelli) era uma prostituta de luxo, na Espanha. Como gosta de prostituta esse Bolsonaro, não ???

segunda-feira, 5 de maio de 2025

 TEMOS PAPA, VIVA O PAPA ! (Dr. Demóstenes Ribeiro) 

          Aos prantos, ela se jogou aos pés de Frei Abelardo e implorou para que a criança ficasse. Era mais um menino consagrado a São Francisco, vestindo marrom desde o nascimento e que a mãe não tinha como criar. Percebendo a minha comoção, o superior aceitou, mas que eu me responsabilizasse. 

          Ele aparentava sete anos e se chamava Raimundim. Logo, os moleques o apelidaram Perna-Santa - apesar do defeito, corria, driblava e chutava de maneira surpreendente. Quem sabe, dali não brotaria um novo Chagas, aquele que começou no Salesiano, brilhou noTreze, voou para Roma e envelheceu nos braços de uma condessa italiana. 

          Mas, se ia bem no futebol, na alfabetização era um desastre. Sempre o pior aluno, jamais aprendeu a ler e a escrever, independente de esforço e de diversas tentativas pedagógicas. Com o tempo, me convenci de que seria impossível alfabetizá-lo e ordená-lo frade. 

          Além disso, como se agravou o defeito da perna e surgiu um problema na coluna, o sonho do futebol foi embora. No entanto, sempre de batina marrom, ele adorava limpar o altar e os santos, tocar a chamada da missa, responder ladainhas, sacudir o turíbulo e estar à frente nas procissões. Tornou-se um agregado da igreja e virou o Irmão Raimundim. 

           E a sua memória prodigiosa invejava a todos, pois sabia de cor os evangelhos e nenhuma liturgia da igreja lhe falhava. Na Semana Santa, apoderava-se da matraca na procissão do Senhor Morto e ficava a noite inteira ajoelhado na Sexta Feira da Paixão.  Ninguém da Ordem Franciscana conseguia acompanhá-lo. E assim, continuou até quando Frei Abelardo faleceu e eu fui promovido a pároco. 

           Curvado sobre a bengala, barba e cabelos grisalhos, ele envelheceu precocemente, tão longe aquele menino que eu um dia vislumbrara um craque. Ao saber que Bento XVI renunciou, Raimundim recolheu-se em orações, aumentou as penitências, mortificava-se com o cilício, não comia nem dormia, cada vez mais introspectivo e solitário. 

            Certo dia, o Bispo convocou o clero para orientações no período da vacância papal. Era um final de tarde, quando voltei e percebi algo estranho. Um povaréu imenso ia da estação ferroviária até à igreja dos Franciscanos. Mil fogos espocando, banda de pífanos, bacamarteiros e maneiro-pau... O badalar dos sinos, um mar de braços erguidos num ondular de chapéus e gritos ritmados de “temos Papa, viva o Papa, temos Papa...” 

             A muito custo, atravessei beatas ajoelhadas e penitentes em flagelação. Cheguei à sacada da igreja e constatei perplexo: era ele mesmo, agora sem marrom, mas de batina, estola e solidéu brancos. O crucifixo pendia do pescoço e Raimundim abençoava a multidão que ecoava “temos Papa, viva o Papa, temos Papa...” 

             Retomei o fôlego, olhei no azul dos seus olhos e fulminei colérico: o que é isso Raimundim, pode me explicar que loucura é essa?  Sereno, ele fitou-me com extrema gravidade e falou para que só eu escutasse: Oxente, Frei Serafim, e eu ia deixar os romeiros sem Papa? 

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OBS: Dr. Demóstenes Ribeiro é médico-cardiologista, natural de Missão Velha-CE, residente e estabelecido em Fortaleza-CE.


segunda-feira, 21 de abril de 2025

O "CONCLAVE" - José Nílton Mariano Saraiva

Com a morte dolorosa e sofrida do Papa Chico, dentro de semanas se realizará o encontro dos cardeais de todo o mundo, objetivando a escolha do seu sucessor. Tal reunião é conhecida por CONCLAVE.

Coincidentemente, dias atrás foi exibido nas telonas dos cinemas o filme com o mesmo nome – CONCLAVE - onde nos é apresentado de forma detalhada e realista o jogo sujo pelo poder, a corrupção desenfreada, a traição e as intrigas entre os cardeais, à busca de serem urgidos. Haja rasteiras e jogo sujo nas suntuosas dependências do Vaticano.

A coisa chega a um ponto tal, que depois de diversas votações que não alcançam nunca o foro necessário, a briga se intensifica de uma maneira intensa, fazendo com que um desconhecido cardeal, oriundo do México, mas atuante no distante e conflagrado Afeganistão, finde levando o cetro. E reinará sine die.

Sem dúvida, tal modus operandi ocorrerá daqui a alguns dias.

Assim, toda vez que da cafona chaminé do Vaticano não emergir a fumaça branca (sinalizadora do “temos Papa”), e em seu lugar pintar no pedaço uma fumaça negra, a certeza é que o “pau tá comendo de esmola, lá dentro” (o jogo tá violento e do pescoço pra baixo é tudo canela).

A dúvida, é: será que, tal qual no filme, algum desconhecido cardeal (um africano, por exemplo), se beneficiará do vale-tudo entre os arrogantes e favoritos europeus (tendo em vista que na eleição passada um argentino nunca dantes mencionado findou passando todo mundo pra trás, se registrando na história como o Papa Chico) ???   

 


domingo, 13 de abril de 2025

ESTADÃO DIZ QUE ANISTIA SÓ INTERESSA A BOLSONARO E ATRAPALHA O BRASIL
O jornal conservador considera que as forças políticas deveriam se preocupar com a crise global e deixar a Justiça cuidar do ex-presidente. “O Brasil tem mais o que fazer”
por Iram Alfaia
Publicado 12/04/2025 13:08 | Editado 12/04/2025 13:33
“Está na hora de deixar a Justiça cuidar de Bolsonaro e seguir adiante. O Brasil tem mais o que fazer”, diz o editorial do Estadão deste sábado (12). O jornal conservador considera que as forças políticas deveriam se preocupar com a crise global, e não com “anistia” do ex-presidente.
O Estadão considera que Bolsonaro, que está internado num hospital do Rio Grande do Norte, já demonstrou que sua preocupação não são os golpistas do 8 de janeiro, mas sua própria absolvição.
“Bolsonaro chegou a minimizar a importância de uma eventual revisão da dosimetria pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que só lhe interessa a ‘anistia ampla, geral e irrestrita’ – obviamente uma piada de mau gosto”, diz a publicação.
Para o Estadão, o tema da “anistia não deveria nem sequer ser discutido por pessoas serias frente não só às turbulências globais do momento, mas aos problemas brasileiros incontornáveis que afetam de fato a população”.
De acordo com o jornal, “enquanto o mundo derrete em meio à confusão escabrosa criada por Trump, aliás ídolo de Bolsonaro, o ex-presidente mobiliza forças políticas para encontrar meios de driblar a lei e a Constituição e libertar da cadeia os que conspiraram para destruir a democracia depois das eleições de 2022, sob sua liderança e inspiração”.
O jornal também critica a reunião, fora da agenda, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o ex-presidente. “Embora esteja resistindo, o presidente da Câmara iniciou conversas com membros do governo e do STF, pregando uma solução negociada entre os poderes para reduzir a pena dos condenados”.
Confira o editorial na íntegra do jornal O Estado de São Paulo (vulgo ESTADÃO):

BOLSONARO ATRAPALHA O BRASIL
As forças políticas deveriam se preocupar com a crise global, e não com “anistia” de Bolsonaro. Está na hora de deixar a Justiça cuidar do ex-presidente. O Brasil tem mais o que fazer.
Jair Bolsonaro – aquele que é, segundo seus bajuladores, o “grande líder da direita no Brasil”, timoneiro do PL, o maior partido da Câmara – não tem nada a dizer sobre a profunda crise mundial deflagrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Nada. Seu único assunto é o tal de “anistia” para os golpistas do 8 de Janeiro – e, por extensão, para si mesmo. Enquanto o mundo derrete em meio à confusão escabrosa confusão criada por Trump, aliás ídolo de Bolsonaro, o ex-presidente mobiliza forças políticas para encontrar meios de driblar a lei e a Constituição e livrar da cadeia os que conspiraram para destruir a democracia depois das eleições de 2022, sob sua liderança e inspiração.
Admita-se que talvez seja melhor mesmo que Bolsonaro não dê palpite sobre o que está acontecendo, em primeiro lugar porque ele não saberia o que dizer nem o que propor quando o assunto é relações internacionais. Recorde-se que, na sua passagem vergonhosa como chefe de Estado em encontros no exterior, ele só conseguiu falar com os garçons. Mas o ex-presidente poderia, neste momento de graves incertezas, ao menos mostrar algum interesse pelo destino do país que ele diz estar “acima de tudo”. No entanto, como sabemos todos os que acompanhamos sua trajetória política desde os tempos em que era sindicalista militar, o Brasil nunca foi sua prioridade.
Mas o Brasil deveria ser prioridade de todos os demais. O tema da “anistia” não deveria nem sequer ser discutido por gente seria frente não só às turbulências globais do momento, mas a problemas brasileiros incontornáveis que afligem de fato a população – como a inflação, a violência, a saúde pública, os desafios educacionais, os caminhos para garantir o desenvolvimento em bases sustentáveis ou os efeitos das mudanças climáticas sobre a vida nas florestas e nas cidades.

Infelizmente, num Congresso que se mobiliza de verdade quase sempre apenas para assegurar verbas e cargos, Bolsonaro está em seu meio. Parece intuir que a liderança que exerce sobre sua numerosa base popular basta para submeter os políticos pusilânimes a seus caprichos pessoais, e é por isso que o ex-presidente dobrou a aposta, lançando repto às instituições, reafirmando-se como candidato à Presidência – apesar de sua inelegibilidade – e convocando os potenciais herdeiros políticos para se tornarem cúmplices de seus ataques à democracia.
Bolsonaro está a todo vapor: além de mobilizar parlamentares da oposição e fazer atos públicos e declarações quase diárias sobre o tema, reuniu-se fora da agenda oficial com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pressioná-lo a colocar em votação a tal “anistia”. Embora esteja resistindo, o presidente da Câmara iniciou conversas com membros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF), pregando uma solução negociada entre os Poderes para reduzir a pena dos condenados pelo 8 de Janeiro com o objetivo de “pacificar” o País. Como demonstra não se preocupar de fato com a massa de vândalos do 8 de Janeiro e sim com a própria absolvição, Bolsonaro chegou a minimizar a importância de uma eventual revisão da dosimetria pelo STF. Disse que só lhe interessa a “anistia ampla, geral e irrestrita” – obviamente uma piada de mau gosto.
Já que a maioria dos brasileiros é contra a anistia, segundo pesquisas recentes, as patranhas do ex-presidente seriam apenas irrelevantes caso se resumissem a ele e ao clã Bolsonaro. Mas é perturbador observar que algumas das principais autoridades do Brasil estão realmente se dedicando ao tema. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por exemplo, encontrou tempo em sua decerto atarefada rotina para ligar pessoalmente a todos os deputados do seu partido com o objetivo de convencê-los a comunicar o requerimento de urgência para o projeto de anistia, como se isso fosse de fato relevante para os paulistas.
Não é. Se Bolsonaro for condenado e preso, e se os golpistas forem todos punidos, rigorosamente nada vai mudar no País. No entanto, se as forças políticas do Brasil não se mobilizarem rapidamente para enfrentar o novo e turbulento mundo que acaba de surgir, aí, sim, os brasileiros sofrerão todos. Está na hora de deixar a Justiça cuidar de Bolsonaro e seguir adiante. O Brasil tem mais o que fazer.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

 

O “BANANINHA” CONSPIRADOR – José Nílton Mariano Saraiva

Arrogante e pavio curto desde sempre, o então Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, que o conhecia na intimidade e sabia das suas “qualidades” (éticas e morais), o premiou com a alcunha de “bananinha” (insignificante, pequeno, sem importância).

Na realidade, frouxo e covarde, como o próprio pai, seu exemplo maior, o é, Eduardo “Bananinha” Bolsonaro pelo menos honrou tal conceito ao, agora, se mandar (fugir) do Brasil, às pressas, ao imaginar que seria enjaulado (preso) por determinação do Ministro Alexandre de Moraes, do STF.

É que, tal qual o pai, que havia em ato público chamado o ministro e “canalha” e também dito que, na condição de Presidente da República, a partir daquele instante não mais obedeceria a qualquer determinação do STF, para, depois, suplicar clemência e perdão ante a perspectiva de ser preso (o que acontecerá muito em breve) o indigitado “bananinha”, que lá atrás chegara a afirmar que bastaria um cabo e um soldado para fechar o STF e que o ministro não passava de um “ditador”, hoje assumiu a condição de perigoso conspirador e, traindo seus eleitores, foi morar na terra que o clã Bolsonaro tanto admira.

Fato é que, aqui e alhures, devido à morosidade que envolve o processo, já começa a ser questionada esta leniência do ministro Alexandre de Moraes para com os Bolsonaro (pai e filho), com a população desconfiada se medidas efetivas vão ser tomadas.

Porque, se não forem, se houver um mínimo recuo do STF em relação a essa questão tão emblemática (tentativa de golpe de Estado), este (STF) restará desmoralizado ad aeternum, até porque a impunidade não pode se estender para sempre.

Alguma dúvida sobre ???

quarta-feira, 26 de março de 2025

 NÃO É PELO BATOM NA ESTÁTUA, DÉBORA!


Nem pela cagada de Dona Fátima de Tubarão no banheiro do Supremo. Tampouco pelo esfaqueamento absurdo da tela de Di Cavalcante ou pela quebra do relógio histórico do século XVII, presente da corte francesa para Don João VI. Não é o quebra-quebra real e a violência da horda que invadiu os prédios em 8 de janeiro de 2023, na praça dos Três Poderes, que estão sendo julgados.

O quebra-quebra material foi a demonstração de força e desejo dos que participaram do ato. Isso seria um prejuízo monetário (que eles devem pagar e não ficar na nossa conta).
Mas o que está em julgamento é o crime imaterial da quebra da democracia para a implantação de uma ditadura. Esse é o verdadeiro crime em julgamento.

O crime material apenas anunciou o desejo de romper com a democracia. E este é o pior crime que alguém pode cometer por suas implicações na vida cotidiana dos cidadãos de um país que entra em uma ditadura.

A suspensão da democracia – os mais velhos lembram – permite que muitos crimes possam ser cometidos na vigência de uma ditadura. Os discordantes são colocados fora lei, presos e muitos executados sem julgamento. Já vivemos isso, O filme “Ainda estou aqui” pode mostrar aos mais novos o que foi aqueles tempos de trevas.

Imaginemos aquela mesma horda que invadiu a representação material da democracia no 8 de janeiro, vencedores. O que não seriam capazes de fazer com os discordantes? Não teríamos o julgamento que eles estão tendo com direito de defesa. Mas não querem a condenação e alguns se defendem dizendo que fizeram uma pixação com um simples batom para uma pena excessiva. E já encontram defensores na própria esquerda e nos julgadores, o que é pior.

Não custa lembrar que palavras são símbolos. “Perdeu, mané” escrito por Débora, reproduzindo uma frase do Ministro Barroso, significava a virada de jogo esperada e que ele seria destituído, quando não entregue a horda para um “justiçamento” típico de multidões enraivecidas. O ódio provocou aquele movimento que veio do acampamento nos quartéis sem ser detido.

Dona Fátima, na sua simplicidade escatológica gritava que o movimento de 8 de janeiro cagava e andava para a justiça nesse país. O que seria de nós se a consequência do cocô de Dona Fátima tivesse gerado um GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e Lula tivesse entregado o governo aos militares ansiosos pelo poder e muito deles organizadores da marcha? Lula seria dependurado num poste junto a Alkmim e Xandão para enterrar a democracia no terror da ditadura.

O assassino de Di Cavalcante e o quebrador de relógio mostraram que a arte não serve pra nada como pregam as ditaduras que todas as vezes no poder começam queimando livros. Machadadas quebraram e destruíram documentos expostos significando que a história é completamente desnecessária nas ditaduras. Foi mostrado ali o que seria de nossa sociedade se eles tivessem vencido. Tudo não seria o que é agora, nem essas míseras linhas seriam escritas.

Entenderam a gravidade dos crimes que Débora, Fátima e seus companheiros cometeram? Não era uma pixação ou uma cagada de protesto. A sociedade estaria na merda por muito tempo e as ideias pixadas e condenadas. Os piores crimes teriam sido cometidos. É essa consequência dos seus atos que eles devem entender.

Portanto, O CRIME FOI GRAVE. SEM ANISTIA.

Texto do Edmar Oliveira

sábado, 22 de março de 2025

 BOLSONARO PRECISA APRENDER PORTUGUES – Ruy Castro


Ele e os seus serão julgados conforme a lei, o que a ditadura que admiram não permitia aos adversários

Bolsonaro precisa aprender português. Quer ser absolvido de crimes que diz não ter cometido. Como ser absolvido de algo de que não se é culpado?

Outro dia subiu a um palanque para pedir anistia para os inocentes que tocaram o terror em Brasília no 8/1 na tentativa de induzir o Exército a dar um golpe. Mas é possível anistiar inocentes?

E ele não admite que se condene a 17 anos uma doce velhinha de Bíblia na mão, saída de seu burgo na roça, apenas porque ela se deixou iludir pelas mentiras que ele próprio disseminou. Como ela poderia saber que estaria em tão más companhias quando lhe ofereceram um passeio a Brasília com tudo pago e uma aprazível temporada num camping diante de um quartel?

O general Braga Netto também deveria ver sua prisão preventiva como uma saison de merecidas férias. Afinal, não está numa cela gradeada e úmida, entre bandidos carentes e mal-intencionados. Está muito bem instalado num quarto com armário, frigobar, TV, ar-condicionado e banheiro exclusivo, no quartel da 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, em Deodoro, Zona Oeste do Rio, a 50 quilômetros de seu antigo apartamento em Copacabana.

Muito melhor do que as celas do tempo de seu chefe nos anos 1970, o general Sylvio Frota, em que os presos políticos, em vez daqueles confortos, só dispunham de pau de arara, máquina de choques, cadeira do dragão, estupros e eventual "suicídio".

Bolsonaro e seus seguidores estão convencidos de que vivemos numa ditadura comandada por Alexandre de Moraes. É refrescante saber que ele e os seus se converteram à democracia, depois de tantos anos louvando a ditadura, cujo defeito foi não ter matado tanta gente como eles gostariam.

E, convictos da parcialidade da Justiça contra eles, deveriam ficar aliviados por saber que serão julgados conforme a lei, em tribunais reconhecidos, com ampla possibilidade de defesa, mil recursos e transmissão pela TV e pela internet. Os réus da ditadura não tinham essa colher de chá.

Isso quando sobreviviam para chegar a réus.