"Só há um Herbie Hancock no mundo. O resto é imitação da coisa real"
Chick Corea - 1979
Uma pequena homenagem a um dos criadores da música eletrônica moderna.
Praticamente, o inventor do Fusion, que é a mistura do Rock com o Jazz!
É até desnecessário frisar a importância de Herbie Hancock no panorama da música moderna ocidental.
Herbie conseguiu alterar a história da música, e influenciar não só a sua geração, como formou escola, e em praticamente todos os países do mundo, músicos de diversas correntes e estilos musicais o têm na conta de Ídolo. Tanto pelas inovações no Jazz/Rock introduzidas já na banda do Miles Davis, que o descobriu, seja nos seus trabalhos solos, em que juntamente com Miles, firmou o gênero Fusion, que serve até hoje de substrato para todas as grandes produções musicais eletroacústicas de vanguarda.
Nesse vídeo de 1975, Herbie Hancock, improvisa em uma de suas mais conhecidas composições, Cameleon, e já demonstra idéias musicais melódicas e acordes de substituição que só viriam a ser absorvidas por outros, décadas depois. Aliás, diga-se de passagem, Herbie foi talvez o primeiro a compor uma música baseado em Harmonia quartal, bastante conhecida, chamada "Mayden Voyage". E seja no piano elétrico, como no acústico, está sempre inovando e seus trabalhos estão anos-luz de distância. Geralmente incompreendido mesmo pela crítica especializada, seus trabalhos só conseguem ser melhor apreciados, às vezes anos depois de ter sido realizados. Seu "swing" e toque balançado se tornaram uma marca registrada.
"Não é que o som do Herbie parece com a música dos anos 70 e final dos 60. O som da década de 70, com a black music, o balanço, o uso de sintetizadores, é que veio com o Herbie Hancock. Depois, o mundo simplesmente o seguiu! "
Dihelson Mendonça
Herbie Hancock
Herbert Jeffrey Hancock nasceu a 12 de abril de 1940 e começou a tocar piano com sete anos; logo se tornou um prodígio, ao solar o primeiro movimento do concerto de piano de Mozart com a Sinfônica de Chicago aos 11 anos. Depois de estudar na Faculdade de Grinnell, Hancock foi convidado por Donald Byrd em 1961 para integrar o seu grupo em New York; logo em seguida a Blue Note lhe ofereceu um contrato para gravar o seu primeiro álbum "Takin Off".
Em maio de 1963, Miles Davis o convidou para participar de seu quinteto e por lá ficou durante cinco anos, tempo esse em que absorveu as influências do mestre, deixando o piano acústico e aderindo ao piano elétrico Rhodes. Ao mesmo tempo, sua carreira solo continuava na Blue Note, criando composições sofisticadas para os álbuns "Maiden Voyage", "Cantaloupe Island", "Goodbye to Childhood" e o primoroso "Speak like Child". Ele também gravou em muitas sessões produzidas por Creed Taylor e elaborou sua primeira trilha sonora para o filme "Blow Up" de Antonioni.
Tendo deixado a banda de Davis em 1968, Hancock gravou o álbum funk, "Fat Albert Rotunda" e em 1969 formou o sexteto Headhanters, grupo de jazz-rock que utilizava desde o sintetizador de Patrick Gleeson até os seus Echoplexed, piano elétrico e clavinet, instrumentos que tornaram as gravações mais espaciais e ritmicamente mais complexas, criando um espaço bem personalizado na vanguarda musical. No grupo, todos os nomes dos músicos foram vertidos do inglês para o africano (Herbie era Mwandishi). Em 1973 Hancock se separou da banda e passou a estudar o budismo, tendo como meta final tornar as platéias mais felizes. Hancock gravou vários álbuns eletrônicos com qualidade superior nos anos setenta, mas se recusou a abandonar o jazz acústico. Depois de uma reunião, os ex-integrantes do Miles Davis Quintet (Hancock, Ron Carter, Tony Williams, Wayne Shorter, com Freddie Hubbard no lugar de Miles) se apresentaram em 1976 no Newport Jazz Festival de New York. No ano seguinte eles excursionaram com o nome de V.S.O.P.
O grupo continuou se apresentando esporadicamente até 1992 e depois da morte de Williams em 1997 não existe mais nenhuma possibilidade de um novo retorno. Hancock continuou seu estilo camaleônico nos anos oitenta: lançou na MTV em 1983 um single "Rockit" (acompanhado por um vídeo notável); lançou em 1986 ao vivo o álbum "Jazz Africa" com o virtuoso músico gambiano Foday Musa Suso; montou diversas trilhas sonoras, entre elas a de "Round Midnight" com a qual ganhou o Oscar; e tocou em festivais e excursões com os irmãos Marsalis, George Benson, Michael Brecker e muitos outros. Depois do álbum tecno-pop de 1988, "Perfect Machine", Hancock deixou a Columbia e assinou um contrato com a Qwest onde fez somente "A Tribute to Miles" em 1992. E finalmente, assinou com a PolyGram em 1994 para gravar jazz pela Verve e álbuns pop pela Mercury. A curiosidade, versatilidade, e capacidade de Hancock continua crescente, sem nenhum sinal de fraqueza, como atesta o Grammy conquistado em 1998.
Discografia:
1962 Takin Off Blue Note
1963 Inventions and Dimensions Blue Note
1963 My Point of View Blue Note
1965 Maiden Voyage Blue Note
1968 Speak Like a Child Blue Note
1969 Fat Albert Rotunda WEA
1970 Mwandishi WEA
1973 Head Hunters Sony
1977 V.S.O.P.: The Quintet Sony
1981 Quartet Columbia
1986 Jazz Africa (live) Columbia
1993 An Evening With Herbie Hancock and Chick Corea Columbia
1995 New Standard Polygram
1998 Gershwin World Columbia
2002 The Herbie Hancock Box Columbia/Legacy
Fontes: Biografia - Clube do Jazz
Capas e fotos: website oficial: www.herbiehancock.com
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5 comentários:
Se pegarmos o albúm "In A Silent Way" do Miles de 1969 e pesquisarmos os outros trabalhos de seus integrantes , teremos as melhores bandas de Fusion que apareceram no planeta.
Chick Corea e seu Return to Forever;
Wayne Shorter e Joe Zawinul no Weather Report;
John McLaughlin e seu The MAHAVISHNU ORCHESTRA;
Tony Williams e Dave Holland,tenho que estudar mais...
Herbie Hancock em 1994 gravou no Free Jazz em São Paulo e saiu pela gravadora Verve, um tributo a outro grande Criador, nosso Tom Jobim. Acompanhou nosso Milton Nascimento várias vezes, geralmente junto com o Wayne Shorter. No seu último registro Milton gravou com Herbie a clássica Cantaloupe Island.
Dihelson, o que indicas de Tony Williams e Dave Holland, algo próprio deles para conhecer?!
Abraços musicais!
Rodolpho Teles.
Olá, meu caro Rodolpho.
Realmente o trabalho "In a silent way" é um marco na história do Jazz, ao lado de outro de proporções gigantescas, que é "KIND OF BLUE" do Miles, e de outro igualmente fantástico, do John Coltrane - "A love Supreme". Creio que vc já deva ter essas preciosidades, esses troféus na sua estante.
Também marcos dessa era de descobertas, de experimentalismo, em que o Jazz se igualou ou até se aprofundou mais que a própria música erudita contemporânea, vc vai descobrir os trabalhos - "ARC" de Chick Corea, com Dave Holland e Jack DeJohnette, "Piano Improvisations Vol 1 e 2", antes de ele construir o famoso grupo "Return to Forever" do qual chegou a participar os brasileiros Airto Moreira e Flora Purin, também são marcantes.
Herbie Hancock diz numa entrevista que quando ele escutou pela primeira vez o álbum "Piano improvisations" do Corea, ele "quase caiu de costas"... rs rs . Mas não podemos esquecer das loucuras e experimentalismos de um dos grandes expoentes do free Jazz, que é CECYL TAYLOR, talvez o homem mais pirado, ou mais visionário do período.
Vendo assim friamente, os trabalhos de Cecyl taylor se parecem um pouco com certas coisas de Pierre Boulez, do serialismo de um Webern ou ainda de Stockhausen.
Não sei se vc tem conhecimento do fato, mas um dos mais recentes trabalhos em que tenho aqui e que inclui o grande baixista Dave Holland, é um DVD com Herbie Hancock ao piano, Jack Dejohnette na bateria, Dave Holland e adivinha quem na guitarra? Pat Methenny!!
Caracas, o som é simplesmente divino. procure esse DVD, porque é um dos melhores e únicos trabalhos já lançados, e em que se tem tanta gente que praticamente representa seu instrumento no mundo da música todos juntos num show.
Herbie também está com um trabalho muito contemporâneo com um quinteto, depois da terrível morte de Michael Brecker, IMHO, o maior saxofonista que já existiu... ele está tocando com muita gente diferente, e cada vez mais profundo, complexo, mas revesando com a simplicidade. Vc deveter visto seu último álbum com cantores chamado "Possibilities". trabalho até polêmico, que até Cristina Aguilera participou, para desagrado de muita gente, eheheh. Mas, música boa não pode ter preconceito. O tranalho de todos no disco, é belo, porque os arranjos dele são fenomenais, inclusive ganhou o GRAMMY por causa desse álbum. Mais um grammy.
Se não me engano, Herbie Hancock, já tem uns 10 grammys e 1 OSCAR pela trilha de "Round Midnight" - Por volta da Meia Noite , filme noir, belíssimo sobre jazz de Bertrand Tavernier, filme esse que aliás, vc não pode deixar de assistir.
Eu coleciono tudo que vejo do herbie. Aqui, na verdade, tenho mais de 500 shows de jazz, Clássicos e MPB, e cerca de 30.000 arquivos de música. Temos muito para conversar...
Um grande abraço,
Dihelson Mendonça
Conheci o som do Pat Methenny por meio do Toninho Horta, ele é declaradamente apaixonado pelo som do Clube da Esquina. Infelismente não conheço esse DVD com Herbie, só conheço o Hurricane de 1984, com Ron no baixo e Billy na batera, genial!
Nossa Dihelson, mais uma vez obrigado! Muitos nomes pra pesquisar agora :D
Recentemente assisti um programa gravado por um amigo apresentado pelo Nelson Ayres,se não engano, onde ele mostra o primeiro festival de Jazz de São Paulo em 1978 e depois em 1980, transmitido pela TV Cultura na ocasião.
Conheci o Grupo Um por esse dvd, sem palavras, demais! Lelo Nazário e turma!
Passa o John McLaughlin, Egberto Gismonti, e mostra o Chick Corea boquiaberto com o som do Hermeto, dado momento estão todos em um verdadeiro transe, Hermeto acopanhado ainda de Stan Getz e Heraldo do Monte, fora os sempre monstros que o acompanham: Itiberê, Pernambuco, Nenê.
Estou entrando no mundo do Free Jazz agora, recentemente conheci um saxofonista chamado Albert Ayler,li que o Coltrane era fã assumido dele, é um música que precisa muita concentração até pra ouvir, imagino o que corre na cabeça de um camarada desse pra compor, fantástico não?! :D
Infelismente 95% de todo o material jazzístico tem de ser importado o que encarece bastante o papel de colecionador. Até os brasileiros como Egberto e o próprio Hermeto tem muito material não lançado na terrinha!
Dihelson mais uma vez, grande prazer!
Abraços musicais!
Rodolpho Teles.
Rodolpho, desde minha adolesc~encia que eu procuro esse vídeo que tem o Hermeto tocando e o Chick Corea boquiaberto, cara, e o Mclaughlin tocou com o hermeto também, e tem uma hora lá, que o Chick Corea está tocando, e o hermeto assume, e o Corea fica com uma espécie de pandeiro, ou tamborim, não sei bem... isso aí tem nesse DVD, "Homi" de Deus ?
Se for, aonde é que eu arrumo?
Porque eu posso ter trocentos DVDs e vídeos aqui, mas não tenho essa preciosidade. E já passou diversas vezes na TV e eu não sabia pra poder gravar.
Um grande abraço,
Dihelson Mendonça
Grande Dihelson, o vídeo do Hermeto são exatamente esses que têm no youtube:
1: http://www.youtube.com/watch?v=99DfCJY71KQ&mode=related&search=
2:
http://www.youtube.com/watch?v=aOqGURQkD9g&mode=related&search=
3:
http://www.youtube.com/watch?v=3HyQ0qrbh-c&mode=related&search=
4:
http://www.youtube.com/watch?v=Pxwm_87EtwY&mode=related&search=
5:
http://www.youtube.com/watch?v=AUMoLea71Rs
Na parte cinco verás que existe um tal de Pedro Mendes, que Dihelson, já assisti vários vídeos que ele é quem posta, com certeza esse cara deve ter acesso aos arquivos da TV Cultura, o que é errado ficar postando coisa pública assim, mas eu e um amigo iremos entrar em contato com ele, e irei perguntar se ele tem os vídeos que o senhor disse.
A TV Cultura passava isso do nada nas mais remotas madrugadas, tem que ser adivinho!
:D
Abraços Mr. Mendonça!
:D
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