TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

INDIFERENÇAS DIÁRIAS








Quando voltares dessa ida,
trazei os rastros que abandonaste no caminho,
as saudades tricotadas num beijo de chegada.

Se vais para bem longe,
encurtai os segundos de minha espera,
solta o elástico esticado da distância.

Mulher há um vazio de odores,
teus perfumes que levaste com a brisa oeste,
trazei com as luzes da alvorada.

A distância que gera tempo,
não deixai que leve uma gestação humana,
apenas que brote no lapso de uma flor.

O amor não é medida de intervalos,
é chama queimando esquecimentos,
um salto por sobre o horizonte do olhar.

O amor é feito de você,
cada partícula um Aleph de teu ser,
o calor agita micelas,
realizado de todas promessas.

Quando fostes com teu olhar de volta,
aquietei-me na estação de embarque,
pois no vácuo os pulmões não respiram.

A mancha de vinho da mesa tinta,
pinta, apaga os tecidos da madeira,
transforma variedade em corpo unicolor.

No copo minha impressões digitais,
revelam o culpado das aberturas espaciais,
o temporizador das indiferenças diárias.

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