CNBB e o Pe Cícero

PADRE CÍCERO (15/4/2008)CNBB veta mudanças na beatificação

Pedido deliberado pelos padres brasileiros, em fevereiro, é recusado pela CNBB, além de outros pontos polêmicosOs padres brasileiros, no 12º Encontro Nacional de Presbíteros, em fevereiro deste ano, documentaram uma série de solicitações, algumas ainda consideradas polêmicas pela Igreja Católica, a serem enviadas ao Vaticano. Pediram, por exemplo, a revisão de processos de beatificação e canonização de padres e bispos brasileiros, como padre Cícero Romão Batista, dom Luciano Mendes e padre Ibiapina. O pedido, entretanto, foi barrado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) antes mesmo de chegar às mãos do Papa.

“A solicitação foi feita porque são religiosos que, dentro de suas histórias, são referências aos padres do País”, explica o assessor de comunicação da CNBB em Fortaleza, padre Gilson Soares, que participou do encontro, em São Paulo. O pedido feito pelos cerca de 450 padres, explica ele, era para que o Vaticano realizasse uma consulta mais ampla sobre casos de beatificação e canonização de padres e bispos brasileiros e, portanto, cearenses.

Representação

Na avaliação do padre Gilson Soares, a solicitação tem peso porque reflete o desejo de 450 padres que, na oportunidade, representavam outros 18.600 padres de todo o Brasil.

O caso do padre Cícero, conforme explica, é diferente, pois necessitaria que a cúpula da Igreja Católica realizasse a reabilitação do religioso caririense, retirando os obstáculos existentes nos nove livros sobre sua história de vida, que estão em análise em Roma.

“A intenção é que o Vaticano faça uma consulta mais qualificada com relação à reabilitação e santificação do padre Cícero”, explica padre Gilson, acrescentando que, no momento, é necessário esperar a posição do Vaticano sobre o assunto.

Censura

O pedido dos padres, em relação a uma consulta mais ampla sobre casos de beatificação e canonização dos padres e bispos brasileiros, além de outras solicitações polêmicas, como a revisão do modelo do celibato, foi censurado pela CNBB, na 46ª Assembléia-Geral dos Bispos, encerrada na última sexta-feira, dia 11.

No texto barrado pela Conferência que seria enviado à Roma, os presbíteros brasileiros pediam a revisão do processo de nomeação de bispos e a beatificação e canonização de padres e bispos brasileiros “que seriam de grande estímulo para a vida e o ministério presbiteral”. Entre os candidatos, padre Cícero Romão Batista, dom Hélder Câmara, dom Luciano Mendes de Almeida e padre João Bosco Penido Burnier.

Além da revisão de processos de beatificação e canonização de padres e bispos brasileiros, a presidência da CNBB censurou, com o aval de 39 membros do Conselho Permanente da entidade, outros pontos do texto aprovado em fevereiro pela Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP). Um dos mais polêmicos sugeria propor ao Vaticano “possibilitar outras formas de ministério ordenado que não seja apenas a do presbítero celibatário”. Isso significa, na prática, a ordenação de homens casados e a readmissão de padres que deixaram suas funções para se casar.

A CNBB vetou também outras sugestões, como um pedido de orientações mais seguras sobre a revisão do processo de nomeação de bispos e a pastoral de casais de segunda união. “O segundo casamento é um problema sério em nossas paróquias, porque o casal participa na pastoral, no grupo, no dízimo, assiste à celebração, mas não pode comungar. Por isso pedimos a Igreja que refletisse sobre essa questão”.

Já em relação à nomeação dos bispos, a intenção dos padres, conforme Gilson Soares, era que, no momento da escolha dos bispos, a Igreja levasse em consideração sua ação missionária. “Para que venha um bispo missionário, um bispo pastor, um bispo representante de Jesus Cristo”.

Diário do Nordeste 21/04/08

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