TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 13 de abril de 2008

Estação do Silêncio



Plataforma escura , silenciosa angústia
Meu coração já se apinhou de gente chegando, e partindo
Já chorou, se descabelou ...
Já dormiu em pé , já sonhou dormindo
"Café com pão
bolacha não
café com pão ... "
- Olha a tapioca , olha a mariola ...
(Tudo tão depressa , tudo já sumindo ... )
-Corre menina, senão você perde o trem !
-Desce menino , o trem não tem paciência com ninguém !
Naquele sacolejar ...
Vi a roça , vi a rosa , puxei prosa
Vi a lua crescer , e a madrugada passar .
Queimei o braço no sol
Queimei o olhar , noutro olhar !
Viagens curtas e amorosas.
Outras desencarrilhadas , nauseantes
E o apito , ainda soa em meu ouvido
Encontros marcados , impacientes
Trem atrasado ,que um dia deixou de chegar
Pessoas também quebram-se nos trilhos da vida
Fragmentam-se,viram pó de estrelas ...
Perdem o trem !
PS. Não sei quem é o autor da foto , mas agradeço-lhe pela inspiração !

2 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Eis a prova que o trem não é apenas estação. É o que nele se manifesta num trajeto entre nós e os outros. O trem não apenas comunica dois espaços geográficos, liga os espaços misteriosos dos ultra-acontecimentos do quais se diz psicologia e alguns chamam espírito.

socorro moreira disse...

José do Vale ,

A gente sente para escrever.Esta é uma forma de viver .
Meu vocábulo é assustado pelas madrugadas ... Saem como brinquedos dos livros de contos de fada , M.Delly ... ou das amarguras e mágoas da alma.
Choro tanto , quando assisto "Melodia Imortal ", e o noturno de Chopin , se emprenha em meus ouvidos ... Toca na alma , lava meus olhos , instala a calma.

Eu preciso te agradecer pela paciência que tens com os meus rabiscos ...
Nunca serei além de mim ... Mas aprendo muito contigo !