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segunda-feira, 13 de outubro de 2008



13/10/2008















Controvérsia sobre Pio 12 se intensifica

Santidade para o papa do Holocausto?






Santidade para o papa do Holocausto?O papa Bento 16 alimentou na quinta-feira passada as especulações sobre a possível beatificação do papa Pio 12, criticado com freqüência por não ter feito o suficiente para combater o Holocausto. O Vaticano tem trabalhado duro para melhorar a imagem popular de Pio.Normalmente, o processo de beatificação é um negócio a portas fechadas, que acontece dentro do Vaticano, bem longe do olhar do público. Mas não dessa vez. Há meses a Igreja Católica está enviando sinais de que beatificação do papa Pio 12, que comandou a Igreja Católica durante a 2ª Guerra Mundial, pode ser iminente. Alguns historiadores e líderes judeus, entretanto, protestaram contra a atitude, argumentando que Pio 12 fez menos do que deveria para salvar os judeus do Holocausto.O papa Bento 16 lançou na terça-feira uma saraivada de argumentos em defesa de Pio 12. Falando durante uma missa na Basílica de São Pedro em comemoração ao 50º aniversário da morte de Pio, Bento disse que o pontífice, que se tornou papa em 1939 logo antes do irromper da guerra, "trabalhou em silêncio e em segredo" durante o conflito "para evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus."Bento lembrou ao público que a ministro israelense de relações exteriores Golda Meir homenageou Pio quando ele morreu em 9 de outubro de 1958. Bento 16 também enfatizou uma mensagem de Natal de Pio para o rádio em dezembro de 1942, na qual ele falou sobre as "centenas de milhares de pessoas que, sem terem cometido nenhum erro, apenas por razões de nacionalidade ou raízes étnicas, foram destinadas à morte ou à lenta deterioração."O processo de beatificação, a etapa formal final antes de declarar a santidade, "pode acontecer com alegria", disse Bento 16 na quinta-feira.Entretanto, nem todo mundo é tão otimista quanto à perspectiva de santificação de Pio 12. O rabino chefe da cidade de Haifa (em Israel), She'ar Yashuv Cohen, que na segunda-feira se tornou o primeiro judeu a falar diante do concílio de bispos do Vaticano, disse que muitos judeus estavam descontentes em relação a Pio."Sentimos que o finado papa deveria ter se posicionado mais fortemente do que fez", disse numa entrevista coletiva antes de falar ao concílio. "Ele pode ter ajudado muitas vítimas e refugiados em segredo, mas a questão é: ele poderia ter erguido sua voz? E isso teria ajudado ou não? Nós, como vítimas, sentimos que (a resposta é) sim."Outros não foram tão diplomáticos. Num livro de 1999 chamado "Hitler's Pope" ["O Papa de Hitler"], o escritor britânico John Cornwell documentou o papel de Pio antes de se tornar papa, na negociação do "Reichskonkordat", tratado assinado entre a Alemanha Nazista e a Igreja Católica em 1933. Muitos historiadores argumentaram que esse acordo fornecia ao regime nazista um grau substancial de legitimidade internacional.Mas a afirmação de Cornwell de que o papa Pio 12 falhou em tomar uma ação séria para salvar os judeus tem sido confrontada e o próprio autor se retratou de algumas de suas alegações mais controversas em relação à suposta aquiescência de Pio.Mesmo assim, muitos judeus ainda são críticos em relação ao papel que Pio desempenhou. Sua foto no museu do Holocausto Yad Vashem inclui uma descrição bastante dura."Mesmo quando notícias do assassinato de judeus chegaram ao Vaticano, o papa não protestou nem verbalmente nem escrevendo", diz a legenda."Em dezembro de 1942, ele se absteve de assinar a declaração aliada condenando o extermínio de judeus. Quando os judeus foram deportados de Roma para Auschwitz, o papa não interveio."A veracidade da legenda da foto foi questionada pelo Vaticano e o museu disse que estaria aberto a realizar uma nova pesquisa sobre o assunto. Os defensores de Pio argumentam que o papa da época da guerra trabalhou duro nos bastidores para proteger os judeus dos campos de concentração nazistas.O jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, publicou na terça-feira um artigo de página inteira elogiando os esforços de Pio durante a 2ª Guerra Mundial. O jornal também incluía um texto escrito pelo secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone. "Se ele tivesse feito uma intervenção pública, teria colocado em perigo a vida de milhares de judeus, que, sob suas ordens, foram escondidos em 155 conventos e monastérios apenas em Roma", escreveu Bertone.O padre jesuíta Peter Gumpel, que, como investigador-chefe do Vaticano, passou anos pesquisando sobre o papa para avaliar sua candidatura à santidade, deu sua bênção para a beatificação. Em entrevista ao jornal Süddeutsche Zeitung na terça-feira, Gumpel disse que leu tudo o que conseguiu encontrar, e teve acesso a arquivos do Vaticano que ainda não foram colocados à disposição do público."Se eu tivesse encontrado algo incriminador nos arquivos, eu nunca teria assinado", disse Gumpel ao Süddeutsche. "Afinal, eu tenho muita responsabilidade como o juiz de investigação."O caminho para a beatificação do papa Pio 12, que começou em 1967, nem sempre foi direto e sofreu repetidos atrasos. Com o processo de beatificação aparentemente em marcha, alguns argumentam que este é o momento para a Igreja Católica abrir seus arquivos para que os historiadores independentes possam olhá-los."Eu gostaria que eles gastassem uma grande porcentagem de seu tempo e esforços para abrir os arquivos, e menos tempo selecionando o que apresentam", disse Abraham Foxman da Liga Anti-Difamação (ADL) recentemente ao jornal National Catholic Reporter. Foxman e a ADL se opõem consistentemente à beatificação de Pio. "Eles estão protestando demais. Estamos dispostos a suspender o nosso julgamento e o Vaticano deveria suspender o seu (próprio) até que os acadêmicos pudessem examinar abertamente o material e ver o que existe lá."


Tradução: Eloise De Vylder
Visite o site do Der Spiegel

3 comentários:

Armando Rafael disse...

Para conhecer O OUTRO LADO, os leitores podem acessar o site abaixo, feito pelos universitários de Brasília:
www.lepanto.com.br/NotPioXII.html

Enquanto isso, leiam, abaixo, editorial do "Jornal do Brasil"- de 30 de abril de 2000 - diário simpático à causa judaica.

Pio XII e os Fatos

Homem discreto e silencioso, notoriamente avesso a fotógrafos por exemplo, Pio XII certamente não contava estar debaixo dos holofotes mais de 50 anos depois de sua morte. Não há de surpreendê-lo, porém, lá de onde esteja, o fato de que, mais do que sob os holofotes, está sob o fogo cruzado de denúncias, pois ao cristão - desde o primeiro deles - nunca são estranhas as injustiças do mundo.

Comecemos por situar esse papa no século que ora vai definhando para que as coisas tenham uma ordem desejável. Pio XII foi papa no momento histórico mais difícil do século XX. Seu pontificado, longo de 19 anos (1939-1958), inclui todo o cruel período da Segunda Guerra. Ao ser eleito sucessor de Pedro, o cardeal' Eugênio Pacelli, diplomata experiente, sabia das terríveis dificuldades que teria pela frente - e dispôs-se a enfrentá-las.

Enfrentou-as dentro de seu estilo mais marcante, a discrição e o silêncio já citados. Não há mais sábio modo de agir quando se está no meio da tormenta: silêncio não significa omissão. Os homens, entretanto, sobretudo quando lhes convém, às vezes confundem silêncio com omissão. E acusam. Mas, de que acusam Pio XII? Mais do que de omisso, ele vem sendo acusado de conivente com o nazismo e com sua face mais hedionda, a perseguição racial, de que foram vítimas maiores os judeus. Livro recente (1999) do escritor inglês John Cornwell o chama mesmo, a começar pelo título, de O Papa de Hitler. Desde que foi publicado, as acusações parecem uma orquestração.

É curioso como as acusações nunca foram feitas quando as tropas de Hitler rondavam cada quintal da Europa - e, a partir de 1943, era especialmente pela Itália que elas andavam com mais desembaraço. As acusações surgiram muito depois. Começaram em 1963, cinco anos depois da morte de Pio XII e dezoito depois do fim da guerra, quando foi editada a peça do alemão Rolf Hochhuth, O Vigário. Mas ficção é ficção, cada um escreve o que quer. Ainda quando se pretenda ter base histórica, a história entra apenas como pano de fundo. O autor move os cordéis de acordo com suas tendências, carrega nas tintas segundo sua visão pessoal. De qualquer maneira, a peça de Hochhuth, lançada com sensacionalismo, encenada e editada de imediato em vários países, dado o apelo do assunto, dorme hoje em prateleiras empoeiradas talvez por falta de valor dramatúrgico ou literário.

O livro de Cornwell, anunciado como uma pesquisa séria, fez ressurgir a campanha. A realidade, porém, não parece confirmar-lhe a seriedade e muito menos o amor à verdade do autor. O Osservatore Romano, por exemplo, de 13 de outubro do ano passado, afirma que é "absolutamente falsa” a afirmação do escritor de que "foi o primeiro e único pesquisador a ter acesso ao Arquivo do Vaticano", na parte que trata das relações exteriores - sempre livremente aberta a inúmeros historiadores e pesquisadores de todo tipo. Consultou ele só os documentos referentes à Baviera de 1918 a 1921 (de 1914 a 1920 o futuro Pio XII foi núncio na Baviera) e os referentes à Áustria de 1913 a 1915. Ambas as séries documentais já foram consultadas vezes e vezes. Os arquivos a partir de 1922 ainda não foram abertos. Portanto, Cornwell faltou com a verdade, pois não foi "primeiro e único" em nada. Manuseou o que muitos outros manusearam.

Registre-se que a série de documentos do tempo da guerra é de conhecimento público, pois, para deixar tudo às claras, Paulo VI (papa entre 1963-78) determinou que a Editora Vaticana lançasse os Atos e Documentos da Santa Sé Relativos à Segunda Guerra Mundial (12 volumes), antecipando em decênios a abertura normal dessa série de documentos.

Mas voltemos às pesquisas de Cornwell no Vaticano e àquele número do Osservatore Romano. Cornwell diz que freqüentou "durante meses a fio" o Arquivo da Santa Sé. Outra inverdade, segundo o jornal. Alguém há de dizer: mas por que a verdade estará com aquele órgão do Vaticano (embora oficioso)? Acontece que os registros de entrada e saída diária nos arquivos vaticanos são feitos com todo rigor. Sabe-se com precisão quem vai lá e por quanto tempo trabalha. Os registros mostram que Cornwell não esteve lá por meses a fio. Só freqüentou os arquivos de 12 de maio a 2 de junho de 1997. Mesmo nessa curta temporada de 20 dias “não compareceu diariamente" e nos dias em que lá foi só ficava no Arquivo "por breve período de tempo”.

Será confiável, então, o resultado de uma pesquisa de quem começa por se mostrar pouco amigo da verdade na simples apresentação de como a fez e quanto tempo consumiu com ela? Será confiável a pesquisa, de quem começa por se gabar de um ineditismo em relação às fontes utilizadas que não é mais do que um engodo?

Parece mais confiável, por exemplo, a voz de Golda Meir, uma das pioneiras do Estado de Israel, do qual era ministra do Exterior quando da morte de Pio XII, ocasião em que fez as seguintes declarações: "Durante o decênio do terror nazista, quando nosso povo sofreu terrível martírio, a voz do papa se levantou para condenar os perseguidores e para pedir compaixão em favor de suas vítimas." (na entrevista do jesuíta Pierre Blat a Le Figaro Magazine, Paris, 18-9-99). Já se vê que o silêncio de Pio XII não foi absoluto. A quem tinha ouvidos de ouvir, como Golda Meir, seus pronunciamentos chegaram.

Se mais o papa não falou foi por um cuidado piedoso. Dolorosa experiência ele tinha da encíclica de Pio XI em alemão de 1937 condenando o racismo nazista (pela qual Paceffi foi o grande responsável, como secretário de Estado, mas disso ninguém fala). Infiltrada clandestinamente, a encíclica foi lida nas igrejas alemãs a 31 de março daquele ano. No dia seguinte intensificou-se a perseguição a católicos e judeus. Na Holanda, um documento católico protestando contra o nazismo foi lido nas igrejas a 26 de julho de 1942: na manhã seguinte começou a deportação de judeus. Pio XII ficou tão impressionado que queimou quatro páginas de protesto que tinha escrito para divulgar pelo Osservatore Romano.

A ação discreta de Pio XII também foi reconhecida por gente como o scholar judeu Pinchas E. Lapide, pesquisador sobre papas e catolicismo, que em seu livro Three Popes and the Jews (Londres, 1967) estima que Pio XII e inúmeros padres, freiras e leigos católicos tenham salvo de 700 mil a 850 mil judeus da fúria nazista até à custa da própria vida em não poucos casos. Como foi reconhecida pelos rabinos italianos que, em comissão, agradeceram a ele pessoalmente, depois da guerra, o que fizera pelos judeus perseguidos, escondendo-os em casas religiosas, defendendo-lhes a vida de vários modos. Um deles, Israel Zolli, acabou convertido ao catolicismo. Ao ser batizado, escolheu o nome de Eugênio. E explicou que estava homenageando o papa que tinha salvado tantos judeus.

Armando Rafael disse...

Algumas pessoas me telefonaram dizendo que não conseguiram acessar o site da FRENTE UNIVERSITÁRIA LEPANTO.
Para acessar corretamente o site indicado:

www.lepanto.com.br

depois entra na aba:
Notícas Silenciadas

Anônimo disse...

Pio XII = culpado!!!!
http://www.youtube.com/watch?v=Jr5Q5Volv88