TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Dom Pedro II e a fotografia

Que o Imperador Dom Pedro II era um intelectual, todo mundo sabe. Ele falava e escrevia fluentemente português, espanhol, francês, inglês e alemão. Discursava em grego e latim e ainda entendia a língua dos nossos índios (tupi-guarani) e o provençal. O segundo imperador brasileiro lia Homero e Horácio no original e ainda sabia rudimentos do hebraico e árabe. Sem falar que era versado em geografia, ciências naturais, música, dança, pintura, matemática, biologia, química, fisiologia, medicina, economia, política, história, egiptologia, arqueologia, arte, helenismo, cosmografia, astronomia (Pedro II é o Patrono da Astronomia no Brasil), esgrima e equitação.
Pouca gente sabe, no entanto que Dom Pedro II tinha verdadeira paixão pela fotografia. Em 1839, o “Diário do Commercio”, do Rio de Janeiro, noticiou a invenção do daguerreótipo (imagens obtidas com um aparelho capaz de fixá-las em placas de cobre cobertas com sais de prata), primeiro aparelho a fixar a imagem fotográfica, também o primeiro processo fotográfico reconhecido mundialmente, criado pelo francês Louis-Jacques Mandé Daguerre. Somente no ano seguinte seriam feitas as primeiras fotografias.
Dom Pedro II adquiriu o primeiro equipamento fotográfico em março de 1840, ainda adolescente, alguns meses antes desses aparelhos serem comercializados no Brasil. O jovem Pedro II completara 14 anos no dia 2 de dezembro do ano anterior, e foi o primeiro brasileiro a adquirir e a utilizar um equipamento de daguerreotipia. Teve início aí uma coleção de fotos raras do Brasil que permaneceu guardada por 110 anos no arquivo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A percepção da importância que a fotografia viria a desempenhar no futuro, em todos os segmentos da vida humana, fez com que Dom Pedro II se igualasse à Rainha Vitória, da Inglaterra, na concessão de honrarias aos praticantes da nova técnica.
Quando foi expulso do Brasil – pelo golpe militar de 15 de novembro de 1889 – Dom Pedro II doou à Biblioteca Nacional quase trinta mil fotografias do seu acervo particular. Essa coleção recebeu o nome da Imperatriz Thereza Cristina Maria. A maior parte do acervo ainda não foi totalmente examinada, mas a coleção já se constitui na mais importante memória visual do Brasil. São informações científicas, históricas, antropológicas e culturais constituídas por fotografias, retratos, óleos, xilogravuras e litografias, que revelam não só as imagens do Imperador e de sua família, mas os grandes temas do século XIX.
Em editorial datado de 15 de julho de 2007, o jornal “Estado de S.Paulo” publicou: “A História, observa Aron, exprime o diálogo entre o passado e o presente. Neste diálogo o presente retém a sua iniciativa. Neste momento da vida política brasileira, de tantas decepções sobre condutas públicas, é um ingrediente de esperança saber que um chefe de Estado (o Imperador Dom Pedro II), durante quase 50 anos, conduziu com integridade, virtudes republicanas e sincera e zelosa paixão pelo Brasil os destinos nacionais”.
A Voz da História já está fazendo justiça a Dom Pedro II.
Armando Lopes Rafael

Um comentário:

Armando Rafael disse...

A nota abaixo foi publicada no Blog de Lúcio Alcântara (www.lucioalc.blogspot.com):

"Sabemos que D. Pedro II foi um incansável viajante. Afastou-se do trono algumas vezes para viajar à Europa, aos Estados Unidos e à África. Era um entusiasta da modernidade, se interessava pelo desenvolvimento da ciência, visitava instituições científicas e gostava de conhecer as novas descobertas.
Na França, aproximou-se de Pasteur e Vitor Hugo. Nos Estados Unidos visitou a Exposição da Filadélfia, e falou, deslumbrado, ao telefone de Graham Bell.
Gostava de fotografia, tendo documentado suas viagens, constituindo um formidável conjunto, a Coleção D. Teresa Cristina, que integra o acervo da Biblioteca Nacional".