TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A MORTE DE CHOPIN

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Paris, 17 de Outubro de 1849
Na Praça Vendôme número 12
sento-me à cabeceira de um homem esquálido
que aguarda pacientemente...

Pessoas entram e saem do quarto com rapidez
levanto-me um pouco e olho pela fresta da janela
Transeuntes com roupas pomposas, passam sem saber que ali
se consome o corpo de um gênio

Lágrimas escorrem de nossas faces
enquanto alguém toca um de seus noturnos
Seu pálido reflexo sucumbe a cada hora
e nada mais há por fazer

Em dado momento, Delacroix entra quarto adentro,
e conversa conosco sobre o paciente, que mal responde.
Sem querer assistir a hora derradeira,
seguro a sua mão delicada, e beijo a fronte de CHOPIN,
saindo do quarto em direção à rua.

Olho para o céu, para as ruas e contemplo:
"Paris não muda !" - decerto.
Mas o mundo perde um gênio
que como poucos, soube retratar as inefáveis
verdades do espírito humano !
Distancio-me caminhando vagarosamente
e silenciosamente pelas ruas de Paris.

* * *

Do álbum "Caminhos Imaginários"
Dihelson Mendonça
Dedicado a Frederic Chopin
Arte: Chopin, por Delacroix

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Olha aí o poeta Dihelson, soltando sua verve para o mundo. As mãos que afagam o piano são as mesmas que apedrejam versos.

Tô gostando. Manda mais!

Dihelson Mendonça disse...

Oh, Rafa,

Só mesmo TU pra me fazer rir assim...

Bem, você leu o livro de Chopin, deve ter sentido na pele o que escrevi. Foi mesmo uma cena muito triste na Praça Vendôme, enquanto o mundo alheio a tudo, perdia o poeta do piano.

Não sou poeta...
Dentro de uma Jaula de Leões famintos, o meu "miado" não representa muita coisa...
Mas a gente tenta assim mesmo.
Muito obrigado pelo estímulo.

Abraços Sinceros,

Dihelson Mendonça