TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 3 de janeiro de 2009

Blog do Crato e Cariricult - Intrumentos de Força e União dos Kariris

Um papa e dois reis conluiaram dividir as nossas terras, em 1494, “descobertas” por Colombo, em 1492. E uma linha imaginária passaria no Brasil, fechando 370 léguas. Foi o Tratado de Tordesilhas. Os reis de Portugal e Espanha, católicos, trocaram tiros, brigaram depois, por causa dessas terras. È isso mesmo pessoal, briga de homens sempre foi por causa de Terra e Mulher... e só se resolve no tiro, dizia seu Zé Peixeira na Chapada do Araripe, no Interflúvio do São Francisco e Jaguaribe.
Os reis “descobriram” as terras, e por isso entenderam de distribuí-las como se fossem seus donos. E eram mesmo. Tinham a permissão de Deus, coragem e força. Todas as viagens e descobrimentos foram financiados por eles e sua quadrilha. Seu grupo de armadores, comerciantes e nobres. E o vil metal no meio, porque ninguém faz nada sem essas coisas. E haja marra. Expedições e mais expedições, de reconhecimento, militares e colonizadoras, repleta de monstros sanguinários, desfloradores, mas com uma missão religiosa levar a civilização cristã aos selvagens. Isso era o mais importante.
Lutas, resistências, no Brasil oriental. Os civilizados x os autóctones. Depois veio a idéia, catequizar para dominar.
E a nossa Pindorama começou a sofrer o reboliço das forças geográficas e sociais – NATUREZA E SOCIEDADE; A sociedade sendo responsável por todas as transformações tanto do meio natural e cultural da nossa Pindorama. Os elementos naturais são as forças do meio geográfico e a sociedade as forças do meio econômico.
Quando nos identificamos com o Crato, é um forte pertencimento que temos não só ao povo, mas também ao chão, a terra à nossa Chapada! Quero dizer que o Cratense não vive muito tempo fora deste torrão, isto é do nosso meio geográfico, a base física, material, onde nós vivemos, agimos e reagimos, findamos ou morremos.
Esta escrito em todos os livros sagrados, que nós fomos feitos de barro... e voltaremos a ser pó, terra, barro, força, atomismo, energia...; daí a verdade “científica” de que tudo no mundo se transforma, muda, e nada se perde ou se destrói, sim verdade científica trazida para cá, pelos filhos dos dominantes do cariri que estudaram lá pelas europas do Pernambuco, pois os cariris que aqui estavam não sabiam disso não! Foi preciso um Frei ensiná-los.
Nasce então o misticismo, a religiosidade do cratense, sua crença em outra vida, numa vida futura, além da morte, com evolução espiritual, mental, destinações, forças invisíveis que vão guiando, orientando, na nossa luta pelo aperfeiçoamento até o aperfeiçoamento absoluto ou o homem-deus na sua imagem ou semelhança; daí o direito fundamental, individual e social, de ter ou não ter religião, ser ou não religioso, como velho processo de acomodação, adaptação ou proteção na sua luta de homem dentro do cariri católico e ateu, com os fatores fé, confiança e crença no futuro material e espiritual dele e da humanidade. É isso mesmo na Pindorama e no Cariri a fé faz o HOMEM CARREGAR CHAPADAS NAS COSTAS...
Como se ia conversando, se somos telúricos, nasce ai antropologicamente, o homem regional, o homem cariri. Daí esse amor inexplicável, danado, arrochado, cheirando a pequi, patriótico, que nós temos e sentimos pelo “nosso pé de serra” ou pedaço de chão, onde nascemos, crescemos, nos fizemos homens, trabalhando, multiplicando filhos e bens. È por isso que entendemos o amor e o pertencimento de TODOS KARIRIENSES, e muitos outros, que mesmo estando distantes e não sendo autóctones do Kariri, já aprenderam a amá-lo, e com certeza por amor ao cariri esses lutam, trabalham, se revoltam e vão á guerra, cada um com suas armas, quando despojados pela violência dos exploradores, dos parasitas da terra e do trabalho social.
Temos uma arma nova em defesa dos Kariris – o Blog do Crato e o Cariricult, ambos do Crato, não do Brasil! ou melhor ainda do mundo!
Se antes as expressões dos Kariris como poesias, pensamentos, propostas, a arte em si, não tinha tanta repercussão, pois as mesmas eram estáticas por estarem em paredões e paredes de grutas e cavernas, hoje as nossas expressões e manifestações ganham o mundo!
Saudações Geográficas!
João Ludgero

2 comentários:

socorro moreira disse...

Grande texto !

João Ludgero Sobreira Neto Ludgero disse...

Obrigado Socorro, vindo de você sinto-me encorajado a escrever, neste meio repleto de excelentes escritores.