TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 6 de janeiro de 2009


A tristeza vem como uma menininha magra. Com a mão estendida. E então, quando a gente percebe, deu um prato de comida, uma roupa usada, um canto no canto da casa. No outro dia ela aparece com uma boneca. Pergunto: como é o nome dessa boneca? – mágoa. O nome da minha boneca é mágoa. E a gente se flagra sem poder mandar embora aquilo: tristeza e mágoa. Em um domingo de sol chega uma garota mais velha, e diz: - é o senhor que deu guarida a tristeza e a mágoa? – sim! Me vejo tolamente respondendo. E ela diz: - vou levá-las comigo ou ficar aqui. – você tem nome? – sim senhor. Meu nome é inveja, e o cara na moto, meu namorado, é o fracasso. Como é que vai ser? Nós todos juntos? Peço licença por um minuto. Penso com meus botões desaparecidos de minhas velhas camisetas hering: - eu agüento? Tristeza, mágoa, inveja, fracasso... estou no décimo lexotan. Continuo lúcido. Onde porra eu guardei o trinta e oito?

9 comentários:

socorro moreira disse...

Os sentimentos quando misturados geram uma cor : a branca.
Receba a tua paz... ela está chegando !
E por falar em cheganças ...Quando chegas ?
Os amigos te esperam ... olhos, na estrada da alegria !

Domingos Barroso disse...

Silencio-me
e guardo na alma teu poema.
Forte abraço, meu camarada.

Lupeu Lacerda disse...

help querida,
acredito que entre o dia 15 e 20 apareça aí. aqui tá tudo certo, e o texto? é só um texto certo? não é o meu momento. beijo grande.

domingos
são os dias mais serenos
e os amigos mais escrevinhadores
gosto dos domingos
também guardo-os na alma.

Claude Bloc disse...

Lupeu,

Seu texto revela o estado d'alma dos passantes pela vida. Nem sempre o nosso foco está sintonizado com a luz do sorriso e com a paz universal. Nosso silêncio é ruidoso e quando nele estamos mergulhados as incertezas afloram, pois exigimos demais da vida.

Gostei no seu texto a cor da fábula, o delírio dos justos...

Gostei.

Abraço de Ano Novo

Claude

Lupeu Lacerda disse...

claude,
que pena não poder participar da oficina... ia gostar a vera de travar um bom combate com tão ilustres companheiros. sobre o texto, fico bastante feliz que tenhas gostado. achei meio barra pesada pra começo de ano, mas nasceu né? que venha então a luz. a luz de um ano ímpar, que seja ímpar e feliz para você.

hasta la vista.

socorro moreira disse...

Venha mesmo ! Temos um a programação definida para os dias 15,16 e 17. Conto contigo !


Me tel é 35232867 ou 88089685. Espero um alô!

Dihelson Mendonça disse...

"O poeta é um eterno fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente..."

Mas se não for o caso, manda bala e espalha os miolos na parede, desde que o sangue desenhe algo verdadeiramente poético por entre as reentrâncias do azulejo...

Abraços,

DM

fabiana disse...

Você colocou em imagem sentimentos muito presentes. Muito bom.
E não é triste para começar o ano novo - leva a uma boa reflexão.

Anônimo disse...

o trinta e oito, o treizoitão, só dispara quando necessário. nem sempre queremos o estampido seco de balas. mas sabemos que eles existem. armas esqucidas em gavetas, são boas pra tiros ao alto. para acordar os que dormem na profunda indolência da vida.

não é um texto triste. é uma constatação de um momento ímpar. assim como o ano ímpar.