TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 3 de março de 2009

Ainda existe imprensa livre no Brasil



Nas duas notas abaixo, os frutos
da divulgação - pela grande
imprensa brasileira - de práticas
nocivas à democracia no nosso
país...





Duas notícias do Senado da República

Sarney anuncia afastamento
de diretor-geral do Senado
03 de março de 2009 • 11h52 • atualizado às 12h13

Marina Mello
Direto de Brasília
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou nesta terça-feira o afastamento do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, que havia sido pedido por carta. Agaciel é acusado de ter escondido da Justiça uma mansão adquirida por ele em Brasília em 1996 e que foi registrada no nome do irmão dele, deputado João Maia (PR-RN).
Sarney decidiu aceitar o pedido feito por Agaciel em carta, diante das pressões que vinha sofrendo desde que uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo trouxe a denúncia de que ele teria adquirido a mansão sem declará-la. "Ele fez o pedido de demissão e eu aceitei", disse Sarney.
Minutos antes, Agaciel se queixou de ser a "bola da vez" e explicou que, se fosse para ele ser afastado do cargo temporariamente até o fim das investigações - como defendiam o DEM e o PSDB -, ele preferia então ser afastado de forma definitiva, como aconteceu.
"Eu acho que eu não tenho a importância de ser a bola da vez. Funcionário bola da vez é estranho e pesado", disse o ex-diretor-geral. "Eu não vou ser empecilho para que haja uma desagregação política nesta Casa."
Agaciel disse que iria aceitar fazer o "sacrifício" de deixar o cargo para evitar polêmica na Casa. "Se alguém tem que ser dado em sacrifício para que se acalmem os ânimos, eu estou disposto a esse sacrifício", afirmou. Com a saída dele, quem assume a direção-geral do Senado é o adjunto de Agaciel, Alexandre Gazineu.
Agaciel Maia negou ter escondido o imóvel, mas admitiu que, na época em que o imóvel foi adquirido, o passou para o nome de seu irmão, João Maia (PR-RN), porque seus bens estavam indisponíveis por uma decisão judicial.
João Maia, por sua vez, não teria declarado o bem nem para a Receita Federal nem para a Justiça Eleitoral. Maia, no entanto, reconheceu o erro de não ter transferido o bem oficialmente para o nome de seu irmão.
(Fonte: Redação Terra)


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03/03/2009 - 11h11
Renan destitui Jarbas da CCJ do Senado após críticas ao PMDB
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
Depois de fazer duras críticas ao PMDB, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi destituído da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado pelo líder do partido na Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
A substituição de Jarbas pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ), que vai ocupar sua vaga na CCJ, é uma retaliação da legenda às críticas de Jarbas ao PMDB feitas à revista "Veja". O senador chegou a afirmar que o PMDB é um "partido sem bandeiras, sem propostas nem norte" e a maioria dos seus integrantes "quer mesmo é a corrupção".
Oficialmente, Renan sustenta que Jarbas será retirado na comissão porque não encaminhou ao partido o pedido para integrar a CCJ --ao contrário do senador do PP. Renan estaria priorizando os parlamentares que solicitaram à liderança vagas nas comissões permanentes da Casa.
Nos bastidores, porém, Renan admite a interlocutores que não vai manter na CCJ um senador que votará contra os interesses do partido na comissão. Renan considera Jarbas "desagregador" dentro do partido pelas suas posições mais afinadas com as legendas de oposição, como o DEM e o PSDB.
No final de 2007, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) chegou a ser destituído da CCJ depois que anunciou seu voto contrário à manutenção da hoje extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Na época, o então líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), também ameaçou tirar Jarbas da comissão --mas voltou atrás depois da repercussão negativa do caso.
Discurso
Além de criticar o PMDB em entrevista à revista "Veja", na semana passada, Jarbas promete ocupar hoje a tribuna do Senado para fazer um discurso contrário à corrupção.
O senador disse que não vai citar nomes nem mencionar casos específicos apontados como exemplos de corrupção e nomeações indevidas pelo PMDB. O objetivo do parlamentar, segundo ele, é advertir a legenda sobre suas posições políticas.
"É preciso fazer uma reforma política urgente para tentar resolver tudo", disse ele. "Se a reforma for fatiada não resolve. É necessário definir critérios para fidelidade partidária, sem janela, e cláusula partidária."
Jarbas também prepara um projeto de lei que impede que partidos políticos indiquem nomes para o cargo de diretor financeiro de estatais. O peemedebista disse que sua proposta inclui ainda a necessidade de que o cargo seja ocupado por funcionários de carreira que serão submetidos antes de assumirem as funções à sabatina no Senado..

2 comentários:

Antonio Alves de Morais disse...

Caro Armando.
O que se pode esperar de um senado que o Renan tem poder para destituir o Jarbas. Vergonha.

Armando Rafael disse...

Morais:
Até a revista CAROS AMIGOS, porta voz do PT, publicou no número de ontem a matéria abaixo:

Caros Amigos: CASO DE POLÍCIA - Quem governa é o Lula, mas quem manda é o Sarney

3/03/2009 ⋅ Enviar para amigo ⋅
CASO DE POLÍCIA
Só no Brasil Sarney poderia chegar aonde chegou…
Com o filho Fernando Sarney ameaçado de prisão sob as acusações de formação de quadrilha, crime contra o sistema financeiro e a administração pública, falsidade ideológica, fraude em licitação e evasão fiscal, e com o comportamento político de um coronel das antigas, em país algum do mundo José Sarney poderia chegar de novo aonde chegou.
Leia reportagem Quem governa é o Lula, mas quem manda é o Sarney, de Palmério Dória, em Caros Amigos de fevereiro, nas bancas. Aqui leia trechos:
Dos 56 cargos federais existentes no Maranhão, 54 pertencem à “cota” de José Sarney – o partido do presidente da República nomeou apenas dois. Sarney está dando as cartas mais que nunca. Controla áreas do Ministério dos Transportes. Na energia, domina de ponta a ponta. No momento em que esta revista circular, pode ter conseguido no Supremo derrubar o governador eleito pelo povo maranhense e ter posto no cargo sua própria filha, Roseana. Com seu poder de nomear, com uma mãozona de Renan Calheiros, que tem nos costados 29 inquéritos tramitando no Supremo, volta a presidir o Senado. E com um filho, Fernando, implicado num escândalo federal, em país algum do mundo Sarney poderia chegar de novo aonde está chegando.

Do Maranhão ele é dono. E no Brasil
Quem governa é o Lula, mas quem manda é o Sarney

por Palmério Dória

“Não existe organização criminosa mais bem-sucedida do que a que conta com apoio estatal.”
Misha Glenny, em McMáfia – O crime sem fronteiras

A campanha de 2002, para a presidência da República, teve revival numa tarde de quinta-feira, 4 de dezembro de 2008, no elegante Instituto Fernando Henrique Cardoso, na ex-sede do Automóvel Club, no centro paulistano.
“O senhor comandou, a mando do ministro José Serra, a operação da Polícia Federal na Lunus, que deu na queda de Roseana Sarney na corrida presidencial?”
A pergunta, feita a Marcelo Itagiba, mesmo previsível, parece ter desconcertado o presidente da CPI dos Grampos. O deputado peemedebista, menino rico que se tornou policial por vocação, delegado da Polícia Federal, tinha acabado de participar de um debate sobre “usos e abusos do grampo telefônico”, e até ali, de pé, com as proporções de um armário de terno, respondia com tranqüilidade a perguntas na coletiva que se seguiu.
“Quem disse isso é um mentiroso!”
O “mentiroso”, que quase fez o deputado perder as estribeiras – na juventude, ele cavalgava na Hípica carioca –, nem estava na seleta platéia, embora tenha recebido convite. Só podia ser o jornalista Paulo Henrique Amorim, que durante a semana vinha repisando, na internet, perguntas que sua Conversa Afiada faria no debate, três das quais remontavam ao Caso Lunus, arrematadas com um irônico “the right man in the right place” – o homem certo no lugar certo.
“O que o senhor fazia quando era do Serviço de Inteligência do Ministério da Saúde, na gestão José Serra ?”
“Qual o seu papel na Operação Lunus, quando a Policia Federal desmontou a candidatura de Roseana Sarney à Presidência da República, em 2002?”
“Foi o senhor que mandou aquele fax ao Palácio do Alvorada, concluída a Operação Lunus, que dizia ‘missão cumprida’?”
O assunto – indigesto para o ex-secretário da Segurança de Anthony Garotinho – também era do interesse de Caros Amigos.
“O senhor estava no Maranhão quando houve a operação?”
O assessor da Companhia de Notícias, que trabalha para o instituto, já o conduzia do auditório para o corredor tomado por pôsteres gigantes do ex-presidente, mas Marcelo Itagiba voltou-se para dizer um sonoro “não”, e ouvir a outra pergunta.
“Houve aquele fax para a presidência da República?”
“Não.”
Apesar da pressa, precisava embarcar para Brasília, retomando a calma, continuou num tom de quem dá conselhos a jornalista atrás de notícia velha, bem mais compatível com ele, contumaz freqüentador do gramado do exclusivo Gávea Golf – a grama não tem nada a temer: o homem que hoje empresta seus serviços a Gilmar Mendes e Nelson Jobim na CPI dos Grampos já chega saciado às partidas.
“Olha, esse é um assunto superado”.