Reflexões sobre eleições - por Armando Rafael
(excertos de um artigo de minha autoria - "Números que enganam" - publicado no "Jornal do Cariri" em novembro de 2002
"José Maria Pemán, um brilhante intelectual espanhol, no livro "Cartas a um céptico sobre as formas de Governo", escreveu: "Em princípio, não há processo de designação mais contrário à essência da magistratura suprema do que o eleitoral: deve ser uma magistratura para todos – e é eleita por um partido; deve ser um poder imparcial e sereníssimo – e nasce das paixões da luta; deve ser um símbolo unanimemente respeitado – e expõem-no durante o período que precede a sua ascensão, que é o do combate eleitoral, a todos os embates da crítica, da discussão, da caricatura e do libelo" (Edições Gama, Lisboa, 1941, p.71).
Muita gente afirma que as eleições representam a expressão da verdadeira vontade popular. Os mais fanáticos chegam a dizer "vox populi, vox Dei" (a voz do povo é a voz de Deus). Mas será que sempre ganham os melhores e os mais preparados? Será que sempre ganha quem tem mais experiência, os mais honestos, os mais sábios ou os mais competentes?
Na eleição que Pôncio Pilatos fez para o povo escolher entre Barrabás e Jesus Cristo, este último foi fragorosamente derrotado, pois a massa ignara sufragou Barrabás, o homicida. Como bem afirmou o bispo fluminense dom Fernando Arêas Rifan: O povo pensa. A massa é manobrada. Nem sempre podemos dizer que a eleição seja expressão da vontade do povo. Talvez seja só da massa."
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