Sob a ponta das estrelas que me prendem feito alçapão
Muita lágrima respinga
Palavras lindas para lavar meu coração
Assim danço essa valsa incerta
Assim te faço tão perplexa
Assim deserto ermo dessa causa
Causa incerta, certa feito uma procissão
Caminhada com hordas em busca de teu coração
Dança essa valsa linda
Dança essa valsa e limpa
Com jorros de lágrimas o teu, que também é o meu coração.
Imagem: A valsa.
Escultura de Camille Claudel
Escultura de Camille Claudel
2 comentários:
Ora valsa, noutra procissão,
ermo ou hordas,
magra lua,
alçapão de estrelas,
tudo isso,
por uma valsa,
que conquista o coração dela.
Caro Sávio, um tempo recente me enchi de saudades dos tempos vividos (ainda tenho muito estoque). Entre tais tempos uma música, destas que marcam eventos da vida, me transportou ao momento exato em que abadonei minha urbe e fui ao furacão da capital para uma vida acadêmica (estudante). A música na voz de Mireille Mathieu, uma cantora francesa de muito sucesso nos anos 60 e 70, chamava-se La Dernier Valse. Ao sabor dela andei com letras assim como fizeste neste momento que me acordou ao já feito. Veja o que segue:
aqueles tempos,
tão guardados em mim,
extremamente apinhados,
sufocam cada poro de transpiração,
tão capturados como pássaros,
mas fatos acontecidos,
evento consumado.
era a minha juventude na capital,
valsava ao ritmo só dela,
dela a nova vida de aventura,
de liberdade de pensamento,
de opção de crença,
de pronta ação.
cada frase era uma novidade,
cada esquina da cidade conceito interrompido,
a praça juntava milhares de outros,
os ventos rasteiros na saia das mulheres,
prometiam o que tanto escondia,
uma pizza de prova e um grapette aos goles,
o ar condicionado do Cine São Luiz
e no sábado o cinema de arte no Diogo.
E hoje ao ouvir-te que o baile breve terminará,
uma contradição dos mundos me acontece,
desespero-me pelo que não mais existe lá fora,
mas ferve, derrete-se na rotina e refaz-se na solidão,
e sólido atravessa meu ser frágil, será que suportarei,
tamanhas forças de liberdade na origem,
e a prisão dessa memória du la mon valse:
la derniere valse.
Ora José, fico grato pelo comentário. Agradeço pela oportunidade de aprender contigo assim, não só pelos artigos, mas também nos comentários. Mireille Mathieu, mais um bom motivo para seguir meus estudos. Fico feliz em poder ter tocado você pela poesia.
Um forte abraço.
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