Hora de deitar-se.
Leve consigo a fronha.
Aquela fronha perfumada.
Camões capa dura.
Hora de deitar-se.
Leve consigo o travesseiro.
Aquele travesseiro babado
de Fernando Pessoa.
O chapéu ao vento -
lusitanas saudades.
Hora de deitar-se.
Não esqueça de lavar os pés
e não molhe os tamancos.
Pense em coisa boa -
ao abrir os olhos
uma borboleta
dentro dos seus ouvidos.
Hora de deitar-se.
Beba seu copo de nescau.
Sinta o corpo mortinho da silva.
A alma não implore.
Quando se dorme
a mente é déspota.
Dê-lhe as rédeas -
os cavalos voam
e atiçam nos cascos fogo.
[contente-se com seus tênis sujos
debaixo da estante
e ensine ao poeta amar seus sonhos]
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