TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 14 de novembro de 2009

Tramas

I
Meus olhos veem
coisas abstratas

passeando pelas paredes
debruçando-se sobre a cama

somem,
reaparecem

visíveis,
enlouquecedoras

e no exato momento
que me levanto

o raio de luz desloca-se
por debaixo da porta do banheiro

entra no vaso
flutua

II
Um raio de luz
que desce dos céus
em uma tépida tarde

é capaz fingir-se
muitas coisas,

muitas coisas visíveis
abstratas

e nem a descarga
força-lhe o sumidouro

uma vez que ainda flutua
dentro do vaso

apenas o raio
um raio de luz
em tarde de trégua -

aberto,
transparente.

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