O ambiente cultural que se vive é um raio X das condições sociais existentes e das possibilidades que determinada sociedade pode produzir em seu bojo científico, artístico assim como as idéias que fixam-se na mesma. A partir disso temos resultados possíveis e impossíveis em determinadas sociedades. No Brasil, e de modo mais agravante, pela convivência que tenho, no Cariri, a possibilidade de se ver um debate realmente científico, filosófico ou meramente artístico é nula.
Quando até hoje nunca ouvimos uma sinfonia vinda de uma sociedade indígena, por exemplo, não é de causar nenhum espanto, uma vez que as condições básicas de desenvolvimento, ou, as premissas básicas para que um índio desenvolva uma obra de complexidade técnica maior não foram ali desenvolvidas. O que não quer dizer que de modo algum esta sociedade indígena possa ser considerada inferior ou superior a qualquer outra. No nosso caso infelizmente, mostra o estado crítico que vivem “nossos” pensadores, formadores de opinião, intelectuais e artistas, uma vez que eles anunciam em cartazes que virá uma sinfonia e quando o desavisado para ver (“ouvir”) o máximo que verá é uma coreografia de impotentes, salvo, algumas poucas pessoas que estão realmente acima disso.
Para quem tem um mínimo de interesse em sua própria educação, recomendo que leia um tanto de Sócrates, via Platão, para ter uma idéia do que seja a construção de um debate. Sócrates, reles figura da filosofia, ao contrário dos “cabinhas” do CaririCult, constrói seu conhecimento a partir da verificação e da confrontação de idéias. A simples frase anterior tem que aqui (ao contrário de uma sala do 5º ano) ser explicada de forma minuciosa, lenta e ainda assim dividi-la o máximo possível em camadas para não ser mal interpretada, uma vez que a má interpretação e a arrogância é regra por aqui. Há uma óbvia diferença entre confrontação de idéias e de violências verbais. Para o aprendiz a filósofo Sócrates, era mais seguro confrontar as idéias de modo a verificá-las, uma a uma, analisando-as e ponto a prova cada uma delas, para que só então emitisse uma sentença que nada mais era do que sua conclusão, separando o que poderia ser apenas o senso comum do que realmente fosse a realidade de determinado objeto (tema ou assunto) em análise. Aqui não! Aqui cada gênio tem suas certezas e ai de quem duvidar delas. O que se tem aqui, como diria Aristóteles, (outro ignorante, se compararmos com os sábios daqui) são opiniões que variam entre o nível poético (onde tudo é possível, inclusive o delírio) e o retórico, que nada mais é do que a opinião verossímil, que se adapta socialmente ao comum, com ares de intelectualidade de papagaio, repetindo tudo que conseguiu ler, decorar e não refletir, juntando-se ao cantochão de outras vozes que por puro corporativismo sub-intelectual irão defendê-lo. A possibilidade de demonstrar algo pelo menos com uma certeza razoável, que nada mais seria que a dialética aristotélica é inteiramente utópica neste nível. Não é possível pelo fato de que as premissas faltantes no discurso do sujeito o esmagam em sua própria ignorância, habituando-o a falar de um objeto matemático e produzi-lo de modo surrealista. Quando falei que o que perdura em nossas universidades, no meio artístico e em toda nossa cultura era o cagoete intelectual, não era uma mera força de expressão, mas algo real e que lamentavelmente não deixaremos de ver nos próximos cinqüenta anos. Repetindo a receita bolo abaixo você será um dos gênios do cariri:
• Bater em sua cabeça repetitivamente as frases: Odeio o Capital! Odeio a igreja! Idade média, idade das trevas!
• Cozer em fogo alto a vida inteira: Sou artista sou gênio! Sou iconoclasta sou gênio! Sou universitário sou gênio! Não saí da década de 70 sou gênio! Tenho uma bolsa do Expedido celeiro sou gênio! Sou socialista sou gênio!
Engraçado que os gênios que vivem uma vida inteira a base dessa receita bolos ainda reclamam do blog CaririCaturas postar receitas culinárias.
Gostaria de saber se os detratores de plantão conhecem algo sobre o que historiadores como Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard quando nos diz: “Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”. [T. Woods, 2005]. Afirmar isso aqui é curiosamente perigoso pela habilidade de raciocínio de algumas pessoas em acharem que sou católico por estar defendendo a igreja. Curiosamente não sou católico, não ignoro as barbaridades que ela fez ao longo da história, mas, acho curioso que os olhos de lince que espiam os erros e os expõem, como de fato devem ser expostos e criticados, cegam imediatamente ao ver que algo de bom pode ser feito pela igreja. Na cabeça de pessoas assim não há possibilidade de coexistência de fenômenos, ao mesmo tempo em que defendem um relativismo moram que beira a psicopatia: eu posso tudo, tenho liberdade de expressão. Você não pode nada. Deste modo, onde quer que você esteja, estará num alçapão de argumentação banal, sem que possa sair dela. O que quer que diga estará errado. Mas...estamos na cidade da Cultura. Aqui pode tudo.
Um abraço para os cabinhas!
Fuizz.
Quando até hoje nunca ouvimos uma sinfonia vinda de uma sociedade indígena, por exemplo, não é de causar nenhum espanto, uma vez que as condições básicas de desenvolvimento, ou, as premissas básicas para que um índio desenvolva uma obra de complexidade técnica maior não foram ali desenvolvidas. O que não quer dizer que de modo algum esta sociedade indígena possa ser considerada inferior ou superior a qualquer outra. No nosso caso infelizmente, mostra o estado crítico que vivem “nossos” pensadores, formadores de opinião, intelectuais e artistas, uma vez que eles anunciam em cartazes que virá uma sinfonia e quando o desavisado para ver (“ouvir”) o máximo que verá é uma coreografia de impotentes, salvo, algumas poucas pessoas que estão realmente acima disso.
Para quem tem um mínimo de interesse em sua própria educação, recomendo que leia um tanto de Sócrates, via Platão, para ter uma idéia do que seja a construção de um debate. Sócrates, reles figura da filosofia, ao contrário dos “cabinhas” do CaririCult, constrói seu conhecimento a partir da verificação e da confrontação de idéias. A simples frase anterior tem que aqui (ao contrário de uma sala do 5º ano) ser explicada de forma minuciosa, lenta e ainda assim dividi-la o máximo possível em camadas para não ser mal interpretada, uma vez que a má interpretação e a arrogância é regra por aqui. Há uma óbvia diferença entre confrontação de idéias e de violências verbais. Para o aprendiz a filósofo Sócrates, era mais seguro confrontar as idéias de modo a verificá-las, uma a uma, analisando-as e ponto a prova cada uma delas, para que só então emitisse uma sentença que nada mais era do que sua conclusão, separando o que poderia ser apenas o senso comum do que realmente fosse a realidade de determinado objeto (tema ou assunto) em análise. Aqui não! Aqui cada gênio tem suas certezas e ai de quem duvidar delas. O que se tem aqui, como diria Aristóteles, (outro ignorante, se compararmos com os sábios daqui) são opiniões que variam entre o nível poético (onde tudo é possível, inclusive o delírio) e o retórico, que nada mais é do que a opinião verossímil, que se adapta socialmente ao comum, com ares de intelectualidade de papagaio, repetindo tudo que conseguiu ler, decorar e não refletir, juntando-se ao cantochão de outras vozes que por puro corporativismo sub-intelectual irão defendê-lo. A possibilidade de demonstrar algo pelo menos com uma certeza razoável, que nada mais seria que a dialética aristotélica é inteiramente utópica neste nível. Não é possível pelo fato de que as premissas faltantes no discurso do sujeito o esmagam em sua própria ignorância, habituando-o a falar de um objeto matemático e produzi-lo de modo surrealista. Quando falei que o que perdura em nossas universidades, no meio artístico e em toda nossa cultura era o cagoete intelectual, não era uma mera força de expressão, mas algo real e que lamentavelmente não deixaremos de ver nos próximos cinqüenta anos. Repetindo a receita bolo abaixo você será um dos gênios do cariri:
• Bater em sua cabeça repetitivamente as frases: Odeio o Capital! Odeio a igreja! Idade média, idade das trevas!
• Cozer em fogo alto a vida inteira: Sou artista sou gênio! Sou iconoclasta sou gênio! Sou universitário sou gênio! Não saí da década de 70 sou gênio! Tenho uma bolsa do Expedido celeiro sou gênio! Sou socialista sou gênio!
Engraçado que os gênios que vivem uma vida inteira a base dessa receita bolos ainda reclamam do blog CaririCaturas postar receitas culinárias.
Gostaria de saber se os detratores de plantão conhecem algo sobre o que historiadores como Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard quando nos diz: “Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”. [T. Woods, 2005]. Afirmar isso aqui é curiosamente perigoso pela habilidade de raciocínio de algumas pessoas em acharem que sou católico por estar defendendo a igreja. Curiosamente não sou católico, não ignoro as barbaridades que ela fez ao longo da história, mas, acho curioso que os olhos de lince que espiam os erros e os expõem, como de fato devem ser expostos e criticados, cegam imediatamente ao ver que algo de bom pode ser feito pela igreja. Na cabeça de pessoas assim não há possibilidade de coexistência de fenômenos, ao mesmo tempo em que defendem um relativismo moram que beira a psicopatia: eu posso tudo, tenho liberdade de expressão. Você não pode nada. Deste modo, onde quer que você esteja, estará num alçapão de argumentação banal, sem que possa sair dela. O que quer que diga estará errado. Mas...estamos na cidade da Cultura. Aqui pode tudo.
Um abraço para os cabinhas!
4 comentários:
"numa de nossas ocasionais conversas fiadas,ontem de noite disse-me o porteiro:"rato depois de velho vira morcego".olhei-o atentamente.não estava brincando.devia ser teimoso como todos os velhos.seria pedante da minha parte tentar convecê-lo de que a sua História Natural não o era muito...Deixá-lo!afinal por que os ratos velhos não haveriam de virar morcegos,da mesmíssima forma que as velhas...
...solteronas viram postes de fim de linha?da mesma forma que os meus leitores desatentos viram fumaça incosistente e os leitores incrédulos não viram nada...(e daí,você viu ou não viu?!)pois é uma grande coisa escutar sem contradizer.me lembro que,quando menino,nada retruquei quando uma velha cozinheira preta me assegurou que seria muito,muito rica no Céu...seria loira, também?ja não me lembro.e,em criaturas de outro estágio cultural,também existem crenças de que não me seria...lícito duvidar.imaginem se,por acaso,com os meus argumentos,eu conseguisse destruí-las!que teria para lhes dar em troca?NUNCA SE DEVE TIRAR O BRINQUEDO DE UMA CRIANÇA..."MÁRIO QUINTANA",deliciosamente simples.
Querido Filósofo António Sávio
Costumo em minhas aulas ser paciente e generoso com o que humildemente tenta aprender e extremamente pedante com o ignorante/arrogante que é uma categoria que grassa como chuchu na serra (na cerca?).
Chega a ser patético a sua sugestão que leiamos Platão para conhecermos o dialogismo de Sócrátes. Como diz o nosso guia , "menas", Sávio, "menas".O buraco aqui realmente é mais em cima. Sua aversão ao que você chama dos "gênios" do cariri é apenas um dos sintomas da aversão que se tem ao pensamento complexo hoje em dia (e não adianta reduzí-lo ao Relativismo). Esse título, ou apodo, de gênio é sempre lembrado por aqueles que gostariam de ser tidos como tal. Isso não é argumento é apenas uma tentativa de achincalhe. Quando falei que tinha doutorado na PUC e sou Professor associado da UFBA não foi pra me "gambar". Foi apenas para lembrar a você que me submeti a debates com pessoas de um determinado nível intelectual que talvez a província não propicie (o mundo todo é uma província mas existem províncias mais provincianas). Por que será que "provocações" tão "anos 70" ainda surtem efeito no blog. Talvez , como tentei insinuar, seja porque o ambiente intelectual do cariri ainda não tenha chegado aos anos 7O. Poderia prolongar essa discussão por horas e horas mas não acho que o espaço aqui seja adequado.
Só uma última dúvida : quando você disse "cagoete intelectual você quis dizer "cacoete intlectual"?
Lembremos sempre dos grande ensinamentos da Profa. Magda. "Menas', Sávio, "Menas".
Tenho que sair pra assistir uma peça mineira de temática gay que está no Sesc Pelourinho. São atividades como essa que ajudam a refrescar minha cabeça.
Abraços Lord Maurício. A província agradece sua generosidade. Em julho estou por aí. Só lembrando. Não uso relativismo algum como fuga.
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