TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 1 de maio de 2010

Encanto

Aquele flerte trocado
entre a menina skatista
penteado curtinho à nuca
um brinquinho madrepérola

e a estudante cabelos pretos
até a cintura
de mochila azul

foi uma bênção dos céus
antes que o semáforo despertasse.

E o intruso poeta
contentíssimo:

a menina skatista
puro charme afrodisíaco

a estudante tímida
a suspirar por dentro

(um perfume adocicado
envolvia aquele encontro)

e o parasita poeta
silencioso

admirando o esplendor da paquera
entre aquelas duas alminhas
do mesmo sexo.

O semáforo (completamente atordoado)
ergue, enfim, o olho vermelho
aos míseros mortais
dentro das carruagens frias.

Primeiro cruzou a skatista
voluntariosa e saltitante.

Olhei para trás:
a insegura estudante
fugira pulando calçadas.

Entristeci.

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